Karma.

Capítulo 14


O maior erro que
eu havia cometido, foi ter ido dormir.

Estava em um sono
bastante profundo, quando barulhos vindos do corredor me despertaram.

Minha mente dizia
para voltar a dormir, mas meu coração berrava para que déssemos o fora dali.

Tentando fazer o mínimo de barulho possível, levantei-me
e fui, cautelosamente, até a porta. Estava prestes a espiar pelo o olho mágico,
quando uma explosão vinda de fora me fez recuar alguns passos.

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Olhei para Frank, na esperança de vê-lo acordado.
Infelizmente, dormia como uma pedra.

Uma segunda
explosão aconteceu, dessa vez o barulho parecia estar mais próximo.

Fui até minha mala
e revirei tudo, em busca de algo que nos protegesse. Nada.

Minhas mãos
tremiam e algumas gotas de suor escorriam pelas minhas têmporas. Não podia
esperar que o pior acontecesse.

Caminhei
decididamente até a porta, mas antes que pudesse alcançá-la, uma terceira
explosão surgiu, seguida de uma nuvem de fumaça. Só depois de correr para a
outra extremidade do quarto, em uma tentativa fracassada de escapar da névoa
que se dissipava no lugar, foi que pude identificar o que estava acontecendo.

Haviam três
pessoas paradas perto da cama. De imediato, reconheci duas delas. Uma, era o
cão maligno que encontrei na casa da minha avó, agora em sua forma humana. O
outro, que o acompanhava, havia posto os saches estranhos na minha bolsa, no
dia em que resolvi ir com Frank até uma livraria. A terceira pessoa, que não
reconheci de lugar algum, era uma mulher de estatura baixa, aparentemente muito
frágil.

Eles estavam ali.
O fim havia chegado.

Desviei meu olhar dos invasores e fitei o lugar onde
Frank dormia. Estava vazio. O desespero passou a tomar conta de mim, à medida
que meus olhos percorriam o quarto e não o encontravam.

Foi só quando olhei novamente para os três invasores que
o encontrei. Nos seus olhos pude ver o mais puro terror. A mulher baixa
segurava firmemente no antebraço de Frank, o impedindo de fugir.

Lágrimas umedeciam
as minhas bochechas, enquanto eu observava aquela cena terrível.

- Deixem ele em
paz! – gritei, partindo para cima da mulher.

Estava prestes a
acertar-lhe um soco, quando com um simples movimento nos dedos, fui repelida
por uma força invisível para longe, chocando minhas costas contra a parede.

Sentia minhas
forças indo embora lentamente, enquanto arquejava, sofrendo com a falta de ar.

- Charlotte, você
realmente pensou que poderia escapar? – disse um deles. Não me virei para
fitá-lo, mas presumi que fosse o homem-cão.

- Façam... o
que... quiserem comigo... Mas... deixem ele em paz! – sussurrei, tentando usar
meu melhor tom imperativo.

- Ah, esse garoto?
Bem, você já deve saber o que queremos de você, não é? Então, nos dê aquilo que
precisamos, e ele estará livre.

Quando finalmente
consegui reunir minhas forças, levantei-me do chão e fiquei de pé, sentindo
meus joelhos tremerem.

Frank permanecia
preso pela mulher. Estava observando tudo silenciosamente.

Meu amigo era
inocente, eu não deixaria que o machucassem.

- Sim. – murmurei,
sem tirar meus olhos de Frank. – Eu aceito ser um receptáculo.

- Não! – foi a
última coisa que ouvi, antes de desmaiar.