Um momento gravado na memória e menor do que um minuto. A memória de algo ínfimo eternizado em mim. Cada sutil movimento de vida parecia um filme em minha mente, na qual eu posso pausar, adiantar ou voltar. A vida e a morte ao se encontrarem me divertem. Me fazem ver quão efêmera é esta passagem à qual só dão valor quando prestes a ser tirada.


Para alguns, é um tanto quanto mórbido. Para mim efêmero, talvez excêntrico. O único momento alegre em meio às minhas próprias tristezas e buracos negros. Uma válvula de escape, quem sabe, mas que alivia a dor que me atinge. Dor esta que já tentei transformar em bela prosa e poesia, mas que se tornou apenas mais um borrão depressivo em minha escrivaninha.

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Essa válvula de escape que me alegra momentaneamente são as borboletas. Sim, estas pequenas criaturas! Já pensou em como são bonitas e poéticas? São seres metamórficos, a passagem de um ser feio e desprezado para algo bonito e adorado. Controverso, não? Digo, são a mesma coisa, e não entendo tudo isso. Talvez por parecer com uma.
Ah, como me alegram! Vê-las sair do casulo, prematuras e tentando um pequeno vôo gracioso caírem desajeitadas no chão, fadadas à morrer, agonizantes. Perdi a conta de quantas vezes destruí casulos ansiando uma injeção de ânimo percorrer minhas veias me fazendo muitas vezes me sentir até mesmo tonto e sem ar.


Mas essa sensação de uma alegria fútil e mórbida é logo sufocada por um sentimento ainda mais devastador: a culpa. A culpa de ter tirado a vida de um ser tão frágil e tão poético. De ter me rendido mais uma vez à esse torpor insignificante que age em minhas entranhas como a droga age em um dependente químico que clama por mais a cada nova dose. Mas não. Hoje não. Dessa vez, quero sentir a tristeza consumir meu peito em chamas à sentir tudo isso de novo, a ver esse pesadelo passar pela minha mente novamente. Esse casulo, esse mesmo que eu decidi não desmanchar, vai desabrochar como uma flor e se tornará uma linda borboleta. Um ser que admirarei por conseguir o que nunca em toda a minha vida cheguei perto de alçancar. Algo que admirarei por ter se transformado em um ser admirado como sempre quis ser.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.