Coletânea de Sentimentos

Meu incompreendido amor


Amo amar. Provavelmente não no sentido em que você imaginou. Não falo do amor em sua forma carnal, nem do amor como apego exagerado ao ser humano. Digo do sentimento sublime que ele é. Nunca amei ninguém durante toda minha vida. Nunca me relacionei com alguém. Como vocês dizem... nunca namorei. Mas sim, eu amo. Não delimito este sentimento a uma relação sadia entre homem e mulher. Nem mesmo a relações sadias homossexuais. Ou até mesmo a relações não sadias. Dizem que sou uma pessoa atraente. Sei que exerço um certo poder sobre o sexo oposto. Algumas vezes até em pessoas do mesmo sexo.O amor que sinto transcende homens e mulheres, animais e qualquer coisa com vida. Dá asas a imaginação. O amor que eu sinto dá vida. E principalmente dá à vida, mais cor e alegria. Meus pais são novos ricos, daqueles que oferecem aos filhos todas as oportunidades que não tiveram. Falo fluentemente inglês, espanhol, francês, alemão e japonês. Línguas me exercem um enorme fascínio. Mas existe algo que me fascina muito mais. Esse amor à qual eu dedico meus estudos, meus dias, minha alma, é a música. Como disse, tenho muitas oportunidades. E ainda novo, com no máximo 8 anos de idade, enquanto passeava pela cidade com meu pai, vi algo despertar minha atenção. Nunca quis brinquedos ou jogos. Mas aquele violão despertou meu interesse. Era lindo. Preto trabalhado com detalhes em dourado, parecia uma peça antiga de uma época distante. Meu pai percebeu meu interesse e não me deixou voltar pra casa sem ele.Aprendi a tocá-lo. Aprendi, ainda, a tocar outros instrumentos. Flauta transversal. Violino. Gaita. Piano. Outros mais, que me cativam da mesma maneira. Tenho uma sala repleta de instrumentos e partituras, de fazer inveja à qualquer instrumentista. Alguns dias entro naquela sala e não encosto em absolutamente nada. Só de olhar tudo o que consegui e tudo o que conquistei, me sinto completo. E tocando, sinto-me pulsar, tenho a sensação de que todas as minhas entranhas estão vibrando ao som da música.Meus amigos não entendem isso. Minha mãe não me entende. Acham de certa forma estranho alguém com a minha idade não se apaixonar e ser tão só. Tolos, todos eles. Tolos por não entenderem minha felicidade, meu amor. Tolos por não perceberem o amor que sinto pela música. Tolos, todos eles, por não entenderem que nunca estarei só na companhia da minha própria melodia.

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