Dean voltou a guiar sorrindo abertamente. Em minha mente eu divagava pensando em qual carro compraria até que um belo Camaro preto passou ao nosso lado e me chamou a atenção.

-Não!Nem pense nisso- Dean rosnou.

Olhei pra ele e ele apertava o volante como se quisesse se controlar. Fechei o cenho, confusa; por aquela reação sem sentido.

-Não vou deixar você comprar um carro; e você não vai dirigir por um bom tempo mocinha. Está de castigo- ele anunciou.

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-Há! Essa é muito boa mesmo. E como você pensa que vou trabalhar Einstein?De ônibus?- eu rebati sarcástica.

-Você tem sempre que me desafiar desse jeito?Está de castigo. Sem direção e carro até segunda ordem bebê, estamos entendidos?

Eu estava a ponto de rebater mais uma vez quando aqueles olhos pousaram em mim. Tão autoritários e tão dominantes como nunca. Senti-me uma garotinha que tentava contrariar seu pai.

-Perguntei se estamos entendidos?- ele disse sério.

-Não, nós não estamos. Eu não sou uma criança Dean, eu sou sua noiva e nada mais. Você não pode mandar em mim- eu respondi irritada.

Dean engoliu em seco e passou nervosamente a mão pelo rosto e cabelo. Seus olhos me transmitiam dor.

-Tem noção do quanto dói em mim?Do quanto eu vou me sentir perturbado a cada vez que você pegar o volante mais uma vez?Eu fiquei por um mês ao seu lado Annice, um mês inteirinho até você acordar. Sempre me torturando e me sentindo culpado pelo que tinha acontecido, e, a cada vez que eu olhava pra trás e me lembrava do que você tinha me dito, do que tínhamos feito juntos, aquilo era a própria morte pra mim. Então, se eu digo que por enquanto não quero você dirigindo nada você não vai dirigir nada, então essa é a última vez que te pergunto: estamos entendidos?

Seus olhos me queimavam. E eu nem tinha percebido que tínhamos parado. Quando dei por mim eu chorava quieta sentindo a culpa me queimar naquele banco de carro.

-Você está certo.

Aquilo foi à única coisa que fui capaz de murmurar. Dean me puxou em seus braços e me aninhou em seu peito.

-Isso é pro seu bem. Depois de um tempo você vai dirigir de novo, mais não sem mim e nem pra longe de mim- ele sussurrou em meu cabelo. -agora pare de chorar.

Limpei as lágrimas e ele esperou até que eu me controlasse. Olhei pra cima e aquele sorriso torto estava instalado em seu rosto.

-Você deve estar cansada não é?Vou te levar pra sua casa e depois voltamos aqui- ele disse voltando a me sentar no banco do carona.

Olhei pra frente e estávamos em frente a uma pequena casa de pensão. Engoli em seco segurando meus tremores quando entendi que todos eles estavam ali.

-Não preciso, eu estou bem. Entre e fique com eles, eu tenho algumas coisas pra resolver. Moro daqui a quatro quarteirões- eu disse abrindo a porta.

Não sei o que havia em minha expressão, mais Dean ficou mais irritado do que já estava e saiu do carro. Quando deu a volta ele me puxou pelo pulso e começou a me arrastar.

-Dean, para com isso!O que pensa que está fazendo?- eu disse tentando me soltar.

-Se eu te pegar no colo vai ser pior. Agora entre ali e faça o que eu mando- ele sibilou.

Firmei o pé e puxei forte meu pulso até me sentar.

-Escute e escute bem. Eu não sou sua propriedade, então não tente me obrigar a fazer o que não quero. Então, se eu digo que vou ir pra minha casa pra por a vida em dia é isso o que vou fazer. Aprenda a lidar comigo ou me deixe em paz- eu disse dando passos até ficar a uma distância segura dele.

-Estou lidando com você do jeito certo. Você esta fazendo birra como uma criança, então vou te tratar como uma – ele disse firme.

Senti meu estômago embrulhar e tudo a minha volta girou. Eu sabia que ainda estava relativamente fraca por causa do acidente. Fechei os olhos e apertei as têmporas firmando as pernas no lugar. Se desse um passo eu cairia no chão.

-Venha Anny, vamos entrar- Dean sussurrou mais paciente.

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-Eu n... Não me sinto bem- eu murmurei pra mim mesma.

-Precisa descansar, agora venha, eu te ajudo- ele disse pegando minha mão.

-N... Não posso me leve pra casa Dean, por favor, me leve pra casa- eu murmurei com a voz embargada.

Dean bufou e me levou sustentando meu peso em seus braços até o carro.

-O que está sentindo?- ele perguntou dando partida.

-Nada demais, só me leve pra casa que lá eu melhoro- eu sussurrei sem abrir os olhos.

Chegamos a minha casa e descemos do Impala. Peguei a chave escondida no vão do batente e abri a porta.

Dean segurou minha cintura e entramos na casa. Comecei a tremer quando vi quem estava ali.

-Bem vinda de volta minha irmã.

Engoli em seco quando vi Jennifer e todos eles na minha sala. Meu estômago embrulhou de novo, mais dessa vez me controlei melhor.

-O que fazem aqui?- eu perguntei mais firme do que julguei possível.

-Ué, isso é uma festa de boas vindas pra você- Jô disse saindo de trás de Bobby.

Me soltei de Dean e parei pra encarar seus olhos culpados.

-Sabia disso?- eu murmurei apertando as têmporas.

-Eles acharam que seria legal ter alguém aqui pra te receber- ele disse tímido.

-Sabia disso, me levou até onde eles estavam mesmo sabendo que eu não estava bem?Mentiu pra mim tão descaradamente a esse ponto?

Dei um passo pra trás até chegar à porta. Olhei pra trás e senti o gosto da bile subindo.

-Não entendo você, nunca vou entender.

Saí e fui em direção ao quintal dos fundos vendo os carros deles estacionados ali. Subi na pequena casa da árvore construída pelos antigos donos e me encolhi como uma bola pra não acabar me desfazendo em pedaços ali.

O tempo passou e eu adormeci pesadamente ali. Quando despertei me senti mais alerta e muito, muito mais irritada.

Entrei na casa ignorando todos ali e fui até a cozinha abrindo a geladeira. Era fato que estava vazia. Subi e entrei em cada cômodo, só encontrando meu quarto arrumado como sempre. Dean estava atrás de mim.

-Quanto tempo?Por quanto tempo vocês estão aqui?- eu perguntei sem olhá-lo.

-Faz duas semanas. Achamos melhor ficar aqui depois que caçamos- ele disse dando um passo.

-Certo tudo bem. Vocês entram na minha casa, mexem nas minhas coisas em todos os cômodos só por que acharam que era melhor depois da caçada?E agora Dean, o que vão fazer?Pelo visto já caçaram a criatura a que vieram caçar. - eu disse seca.

-Nós vamos pro Oregon pra caçar vampiros. Você vai gostar da viagem- ele disse.

Virei finalmente pra ele quando entendi o que ele dizia.

-O que quer dizer com vou gostar da viagem?Não posso abandonar minha vida- eu disse como se fosse óbvio.

-A cada vez que você some, e a cada vez que te encontro você diz a mesma coisa. Que vida você tem aqui? Você trabalha só isso, mais fica aqui sozinha sem amigos ou ninguém pra conviver e chorar quando precisa. Isso não é vida e você sabe disso. Aposto que se te perguntar por que você foge não sabe me responder- ele disse vindo pra perto.

-Não posso fazer isso. Minha vida não é como a de vocês, e eu não sou útil pra caçar. Eu seria um peso morto. Aqui pelo menos trabalho em prol de alguém. Que sentindo teria se eu fosse com vocês?- eu perguntei a centímetros de seu rosto.

Dean tinha seus olhos marejados e visivelmente ele estava cansado de tudo aquilo enquanto dava um passo longo pra trás e saía ela porta.

-Se você ficasse comigo me daria motivos pra voltar vivo- ele murmurou saindo.

Não medi minhas ações. Corri até Dean e puxei seu braço fazendo que ele me encarasse diretamente. Aqueles olhos verdes queimavam em contato com os meus.

Passei a mão por sua nunca e o beijei enquanto seus braços me içavam e minhas pernas se prendiam em sua cintura.

-Me dê uma semana pra por tudo no lugar- eu sussurrei em seu pescoço.

Dean sorriu e mordeu minha orelha arrancando um gemido fraco de mim. O abracei forte e ficamos ali por eternos segundos. O que raios eu estava fazendo?Isso já não importava.