Prólogo

Família perfeita, um termo que não existe no meu vocabulário... Tem aquelas famílias que são mais liberais, em que as crianças tem tudo e podem fazer ‘quase’ tudo. Há outras famílias que já são mais reservadas, do tipo que quer ter o controle dos filhos nas mãos e controlar toda a vida deles, aquela em que os filhos não podem fazer nada de errado. A minha família é do tipo que não deixa você sair de casa, controla tudo o que você faz e ainda te obriga a fazer os serviços da casa. Em outras palavras, e na minha opinião, a pior.

“Você não vai sair. Pode ir lavar a louça, agora!”

[...]

“Mãe, eu tenho que estudar, você pode fazer a comida hoje?”

“É claro....que não! Você faz a comida e depois vai estudar. Eu estou cansada, trabalhei demais hoje.”

[...]

Presente.

Levantei da cama, e fui até a janela do hotel. Fitei a chuva fina que caía lá fora e peguei meu antigo diário que eu tinha achado e abri na primeira página. Voltei até a cama e sentei na beirada, olhando a minha letra com a caligrafia bonita e comecei a ler. Senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto, enquanto eu me lembrava do que acontecera...de tudo o que acontecera que me fizera chegar até aqui onde eu estou...

Não que eu esteja me arrependendo do que fiz..não..jamais. O que eu fiz está feito e nada mais poderá mudar isso. Agora eu precisava seguir em frente, e tentar apagar de uma vez por todas esse meu passado doloroso.

Querido diário..

A mamãe não está em casa, e eu estou sentindo muito a falta do meu pai. Queria que ele parasse de trabalhar tanto, e passasse mais tempo comigo. Ai, é tão dura essa vida, e olhe que eu ainda sou nova...

Continua...