Leah se debateu, tentando fugir, mas o rapaz era mais forte que ela. Com um movimento fluído, ele torceu o braço dela para trás do corpo e ficou a pressionando contra a porta do carro.

- Me solta! Me deixa sair daqui! – Leah gritava enquanto tentava, em vão, se libertar.

- Eu cansei. – A Morte disse, desligando o rádio. – Não toca nenhuma música decente nesse horário. O que aquele velho frígido fez para te prender lá por tanto tempo, Leah?

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- O que...?! O que você quer comigo? Me deixa sair! – Leah continuou gritando.

Aproveitando a força de uma curva, Leah conseguiu se desvencilhar e jogar o rapaz para o outro lado do banco traseiro. Afobada, ela destrancou e abriu a porta do carro, que continuava correndo solitário pela rodovia.

- O que foi agora? – A Morte rolou os olhos e gritou para Leah, tentando ser mais alta que o vento.

Com um único impulso, Leah pulou. Esfolou os braços e as pernas no piche do asfalto, rasgando o seu vestido bordô em vários lugares.

- Pára essa merda de carro. – A Morte falou para o motorista-esqueleto. – Eu não acredito que aquela vadia pulou.

- Era de se esperar, levando em conta o que ela fez das outras vezes. – O rapaz falou enquanto apertava o nariz, estancando o sangramento.

Leah ainda estava no chão, tentando se levantar. Ela não contava com o corte de oito centímetros no braço, nem com as mãos e joelhos esfolados como carne-viva. Pensou que seu corpo continuaria sendo imaterial, como era dentro do cemitério. Mas, acima de tudo, ela não contava com a dor.

Levantando a cabeça, Leah podia ver que o carro, assim como o motorista-esqueleto, havia simplesmente desaparecido. O rapaz que a capturara corria em sua direção. As pernas de Leah tremiam tanto que ela não conseguia levantar. Começou, então, a rastejar para os arbustos ralos que cresciam no final do acostamento.

Em seu íntimo, Leah sabia que jamais conseguiria escapar. O fato de ela não conseguir ver a Morte não era bom sinal, só poderia significar que ela estava mais perto que Leah imaginava. Ela já havia desistido tantas vezes antes, mas não queria fazê-lo novamente.

Como Leah previa, a mulher de preto a esperava nos arbustos. Leah desabou no chão, desistindo.

- Você é inacreditável. – A Morte disse. – Realmente achou que poderia fugir?

Leah estava tonta e enjoada. Uma dor latejante a fez pensar que, na queda, havia batido a cabeça em algum lugar. Uma concussão, talvez? Fosse o que fosse, era o bastante para que ela não conseguisse formular uma frase.

- Ela achou que valeria a pena tentar. – Jovem disse, finalmente alcançando-as. Fechando os olhos, Leah concordou com ele.

- Vamos embora daqui. – A mulher de negro falou.

O carro verde-musgo com o motorista esquelético reapareceu. Leah se deixou ser carregada novamente para dentro dele, dessa vez sem protestar.