O cheiro do sangue se misturava com o aroma do sabonete derretendo na água corrente. Pequenas gotas vermelhas formavam padrões circulares no chão do banheiro, já rosado da mistura com a água. O barulho do chuveiro ligado era o disfarce perfeito, afastando todos. Ninguém iria procurá-la, contanto que o barulho continuasse. Pelo menos pelo tempo que ela precisava.

O vestido bordô não era do tom certo para disfarçar as manchas do sangue que pingava. Os pulsos exibiam incisões profundas, cortes verticais e bem estudados. A lâmina, um delicado pedaço de metal, estava abandonada no chão encharcado, adornada por uma poça vermelha.

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Com a respiração ofegante, Leah sentiu o corpo ir, aos poucos, ficando cada vez mais fraco, mais gelado. Um contraste gritante com a água suave e aquecida que caía sobre ela. O chão de azulejos adquiria um tom vermelho cada vez mais forte, a medida que o sangue se acumulava. Se tivesse forças, ela teria dado um suspiro realizado quando sua alma finalmente abandonou o corpo.

Talvez estivesse se tornando livre. Talvez estivesse desencadeando o fim de tudo. A única certeza era que não estava mais ali.