Obsession

4 Real


Quando você me olha nos olhos, como fez noite passada,
Eu não consigo suportar ouvir você dizer adeus.
(...)
Eu estou segura, eu estou ilesa, quando você está por perto.

- 4 Real, Avril Lavigne


- Percy!! – gritou Clarisse, vindo furiosa até mim. – O que você está fazendo aqui? Você atrapalhou o jogo, nós estávamos ganhando!

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- Eu não ligo. – respondi. Olhei para Thalia, ela precisava ir para a enfermaria.

Segundos depois, Annabeth chegou correndo. Ela se abaixou e botou a mão no pescoço dele.

- Ele mal está respirando! Ele precisa ir para a enfermaria!

- Não. – respondi, pegando Thalia nos braços. – Ela precisa ir para a enfermaria. Ele vai ficar bem, desde que não apareça na minha frente por um tempo.

- Isso foi uma ameaça? – ela virou para mim.

- Mais pra um aviso.

- Percy, ele...

- Porquê você se importa?! – gritei. – Essa é sua amiga, droga! Sua melhor amiga! E você está preocupada com o cara que a fez ficar assim??

Ela olhou para Thalia como se só tivesse reparado que ela estava ali: - Nós estamos só jogando, Percy. É só um jogo.

Ignorei ela, mas não pude ignorar a voz que pareceu sussurrar no meu ouvido enquanto eu corria para a enfermaria:

‘’Isso é só um jogo.’’

* * * * *


- Ela vai demorar muito a acordar? – perguntei. A ninfa olhou pra mim como se não aguentasse mais ver minha cara.

- Eu. Não. Sei. – respondeu, só aumentando meu nervosismo.

- Nenhum palpite?

- Eu daria mais uns dois dias. – falou. Encarei ela. – O quê? Foram machucados feios, aquela espada passou a centímetros do coração dela. Você devia agradecer por ela ainda estar respirando.

- Eu agradeço. – falei.

- Você ficou aqui a noite toda... E a noite anterior.... E a anterior a essa também. Porquê não vai dormir um pouco?

Acenei que não: - Posso dormir aqui. Olhe a quantidade de camas vazias.

Ela suspirou: - Eu desisto. Eu preciso ir, não tenho tempo pra ficar de babá. Sinta-se livre para ir embora quando quiser.

Imaginei o que uma árvore podia ter pra fazer, mas deixei pra lá.

- Eu não vou embora até ela acordar. – falei, como se fosse óbvio.

- Imaginei. – ela suspirou. – Só... fique aqui, e não toque em nada.

- Você não tem alguma coisa pra fazer? – perguntei.

Ela saiu de lá, fechando a porta gentilmente. Eu fiquei observando Thalia dormindo. A respiração dela era superficial, quase impossível de ver. Quanto tempo mais iria demorar para ela acordar?

Talvez a ninfa estivesse certa, talvez eu devesse sair dali um pouco. Me levantei devagar, e começei a andar de costas. Eu não queria deixá-la sozinha ali. Eu queria estar ali quando ela acordasse. Eu queria...

Gritei ao mesmo tempo em que tropecei num carrinho de intrumentos. Potes com ambrosia e néctar caíram no chão, e o carrinho se moveu por metros até bater numa pilastra, causando o barulho mais alto que já ouvi na minha vida.

- Merda. – sussurrei, olhando para a bagunça. Me abaixei imediatamente e comecei a arrumar aquilo.

- Hmm... Travis... Espada... Veneno... – murmurou Thalia.

Larguei as coisas no chão e olhei para ela. Ela se mexeu um pouco e murmurou mais alguma coisa. Depois de alguns segundos ela ficou em silêncio novamente, e eu terminei de pegar as coisas. Eu estava abri a porta para ir embora, mas Thalia começou a murmurar mais coisas, e eu parei para ouvir.

- Dor... Ajuda... Percy. – ouvir meu nome me sobressaltou. Ela se mexeu e continuou:

- Percy. – repetiu – Segura.

Eu franzi no mesmo momento em que uma corrente de ar veio e fechou a porta num estrondo.

- AAHH!! – gritou, se levantando – Ai, ai, ai!! – reclamou, botando a mão no peito.

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- Ei, ei, calma! – falei, sentando no banquinho do lado dela. – Calma, sou só eu. Desculpe pela porta, eu acho que não estou no meu melhor dia. – ela olhou para os lados, e pareceu se acalmar.

Ela gemeu: - Ai... Isso dói... – ela olhou para baixo e gemeu de novo. – E isso está muito feio. E eu me sinto horrível.

- Bem, a espada passou muito perto do seu coração. Você deveria se sentir horrível.

Ela riu de leve e fez uma careta, botando a mão na barriga: - Obrigada pela parte que me toca. Quanto tempo eu fiquei apagada?

- Sabe, a ninfa disse que você vai poder ir embora logo... – menti.

- Percy.

- E ela também disse que você está muito melhor, e...

- Percy.

- Olha, isso realmente não é importante.

- Claro que é. – eu hesitei. – Só responda logo.

- Olha, realmente não importa. Você acordou e está bem, isso é importante.

- O quê, foram... Dez horas? Quinze? Vinte? Não pode ser tão ruim. – ela murmurou.

- Três noites. – ela nem pareceu surpresa, apenas gemeu de novo. – Que foi?

- Agora eu estou me sentindo mal. Aposto que fiz você passar todas elas aqui.

- Claro que não. Mas, a ninfa disse que você está se curando muito rápido, e... E que talvez você possa sair daqui amanhã. Não é bom?

- Você mente muito mal. – murmurou, encostando a cabeça no travesseiro.

Ri: - Eu minto muito bem. Só não consigo mentir pra você.

Ela fechou os olhos: - Me pergunto porquê.

- Ei, você devia dormir, você está muito cansada, e precisa de sono para curar. Eu vou embora, tudo bem? – disse, me levantando.

- Não, não, não. – ela segurou meu braço, e eu só fiquei porque quis. Ela estava tão fraca que me assustou. – Você vai ficar.

- Você precisa dormir.

- Eu posso dormir com você aqui.

- Eu preciso comer, Tha. E tomar banho. E só sair daqui um pouco, está ficando deprimente.

- Eu não me importo. – ela me puxou, com mais força dessa vez, e eu me sentei do lado dela na cama.

- Sua egoísta. – murmurei. – Tudo bem, eu fico.

- Seu mentiroso. Eu sei que você vai embora... No segundo em que eu dormir...

Suspirei: - Isso de eu não poder mentir pra você vai ser um problema.

Ela riu e eu vi o rosto dela ficar cada vez mas sereno, até que ela estava dormindo. Me levantei com cuidado, ajeitei os cobertos dela e saí da enfermaria fechando a porta – com cuidado, dessa vez.

Quando eu me virei, vi Nico vindo em minha direção, correndo. Ele parecia preocupado, e eu me perguntei onde ele esteve esse tempo todo.

- Percy!

- Ei, Nico.

- Thalia está lá dentro? Eu fui recrutado para trazer dois novatos, eu só fiquei sabendo disso agora.

- Você chegou agora? – perguntei. Ele assentiu. – Hm. Olha, ela acabou de dormir. Mas você pode voltar depois.

- Como ela está? – ele franziu.

- Ela está... Bem. Cansada, mas bem. Ela precisa de descanso para curar, só isso.

- Hmm...

- Ei. – botei uma mão no ombro dele. – Ela é forte. Ela vai superar.

Ele olhou pra mim e suspirou: - É, claro. Tchau, Percy.

- Tchau. – falei. Eu fui para meu chalé, e ele para o dele.