Capítulo 12 - extra.

XII. Resista ao impulso de chantagear sua colega de quarto.

- Eu estou me sentindo tão culpada!

- Noah, relaxa. Não foi nada de mais – Nikki tentou acalmá-la.

- Vou tentar – prometeu, de boca cheia – O que a diretora falou?

- Não prestei atenção. Ela mandou uma carta para a minha mãe e que eu considerasse aquilo como uma pequena advertência. E que aquele atraso iria para a minha ficha.

Noah fez uma carinha de pena. Nikki espetou o salmão em seu prato e mastigou-o furiosamente.

- Quero ver só a cara dela quando eu aparecer do lado do filhinho dela – Nikki murmurou maliciosamente. Noah arregalou os olhos.

- Não está pensando em se vingar, está?

- Não exatamente. Eu estou interessada em Hayden há algum tempo. Mas agora é uma questão de honra.

- Você é maluca. Vai acabar se dando mal.

- Eu sei me cuidar. Mas... Mudando de assunto, como foi a conversa com o Cam ontem? Você estava tensa...

Noah se encolheu, cutucando com a ponta dos dedos uma pequena migalha que caíra de seu muffin de mirtilo. Nikki nunca a entenderia.

- Nada de mais. Ele... Só queria conversar um pouco, mas estava com pressa.

A mente sempre perspicaz de Nikki logo detectou a mentira na voz trêmula de Noah, mas resolveu não pressioná-la. Noah sempre ficava meio na defensiva quando o nome de Cam era citado... Com um suspiro, Nikki logo pensou que a amiga poderia estar meio a fim do novato, todos os sinais indicavam aquilo.

Nada como uma paixão para acelerar os jovens corações do Maryon, pensou, debochada, enquanto cutucava a comida em seu prato.

*

Nikki terminara seu brunch e se colocou em pé na entrada do salão, como se fizesse a segurança do local, Noah, sem entender nada, acompanhava a amiga, pois não tinha nada de mais empolgante para fazer no domingo. A última coisa que queria era parecer disponível. Se ele pensasse que ela estava ocupada, talvez não se aproximasse para conversar.

Uns grupos de três garotas do primeiro ano saíram do salão e, sem questão nenhuma de parecerem discretas, olharam Noah dos pés a cabeça e saíram cochichando. Nikki trincou a mandíbula e saiu atrás das garotas, mas Noah segurou seu braço e implorou para que a morena não fizesse nada com as garotas.

- Deixe falarem, Nick. Um dia elas esquecem. E sou eu que estou te devendo uma, lembra?

- Só deixarei para lá porque você está aqui comigo. Mas se eu vê-las fazendo isso mais uma vez, não me importo em ser expulsa e presa por homicídio.

Noah sentiu um pouco de medo ao ver o ar homicida no rosto de Nikki. Quando ela falava daquele jeito... Parecia que ela realmente seria capaz de matar alguém.

- Você é maluca.

- É o que diz você e vários outros profissionais psiquiátricos – Nikki brincou.

- Eu te adoro, sabia? – Noah sorriu.

Elas não sabiam explicar, mas era como se as duas fossem amigas há anos e não há dias. Nikki via em Noah a garota que um dia ela fora. Noah via em Nikki um exemplo de coragem e atitude que ela queria seguir um dia.

Nikki sorriu para a ruiva.

- Oh, Kayla está vindo – Nikki sorriu maldosamente. Para sua surpresa, ela vinha de braço dado com Alison, que vinha que mãos dadas com ninguém menos que o garoto da noite anterior.

Mas que merda é essa?, pensou, confusa.

Alison e Kayla se despediram do menino e ele beijou Alison na boca. O queixo de Nikki foi de encontro ao chão. Como assim o cara estava beijando a Alison e não a Kayla? Que tipo de situação maluca era aquela?

O cara acenou para Kayla, que sorriu de leve. Nikki teve vontade de esbofeteá-la. Que vadia!

Determinada, Nikki pôs no rosto seu sorriso mais inocente que pode e se aproximou das amigas.

- Alison!

A loira sorriu.

- Oi, Nikki.

Nikki se virou para Kayla e tentou ser o mais cínica possível.

- Oi, Kay. Não te vi ontem à noite quando cheguei da cidade, onde estava?

Kayla empalideceu.

- E-Eu estava no terraço. No telefone com a minha irmã.

- Ah – fez Nikki – E pensa que eu não vi você e aquele bonitão, Alison? – sorriu. Seria impossível qualquer pessoa achar que Nikki estava mentindo. A não ser Kayla, é claro, mas era só porque ela tinha culpa no cartório. E muita culpa.

Alison sorriu.

- É o Heath, meu namorado. Do terceiro ano.

- Provavelmente amigo de Blake – Nikki fez uma careta. Era a primeira vez que ela pensava em Blake durante o fim de semana, o que fez com que ela lembrasse de que precisava de um plano contra ele.

- É. Mas ele prefere o termo parceiro ou brother, sabe como os garotos não gostam dessa coisa de “melhor amigo” – Alison girou os olhos, insatisfeita com a falta de maturidade masculina.

- Meninos – Nikki bufou.

- Ah, Ali – Kayla interrompeu – Preciso ir ao toalete.

- Eu preciso ir também – Nikki disse. Virou-se para Noah, que permanecia em pé e muda feito uma porta seu lado – Noah, você faz companhia para a Alison?

- Claro – fez Noah, com um simpático sorriso no rosto.

Em silêncio, Kayla e Nikki foram para o banheiro feminino, assim que fechou a porta, Kayla pôs Nikki contra a parede e perguntou.

- O que você quer?

Nikki fez cara de quem não estava entendendo nada.

- Sobre o que você está falando?

- Não se faça se desentendida, Nikki. Diga logo: o que você quer?

Nikki sorriu.

- Bom. Por enquanto... Nadinha. Mas acho bom você ficar bem na sua, pois eu posso usar isso aqui – mostrou o celular para Kayla, a foto que tinha tirado na noite anterior aparecendo na tela. Se fosse possível Kayla ficar mais branca, ela teria ficado. Nikki continuou, sem se abalar – A qualquer hora.

É, era crueldade e Nikki sabia. Mas ela tinha vindo de Nova York – pior, da alta sociedade de Nova York, lugar onde você tem que dormir com um olho fechado e o outro aberto. Ela não podia se dar ao luxo de baixar a guarda. A única diferença entre Maryon e NY era que, no Maryon, não tinha “para onde correr”.

- Por favor – implorou Kayla – Alison é a minha melhor amiga.

- Pobre Alison – retrucou Nikki – Com uma amiga dessa, quem é que precisa de uma inimiga, hein?

Nikki girou nos calcanhares, jogando os longos cabelos castanhos e abriu a porta. Antes de fechar a porta falou no tom mais doce e inocente que conseguiu:

- Foi ótimo conversar com você.