Pequena Flor

- Sasuke, volte!

Estava escuro, eu tentava em vão aproximar-me daquela voz, Sakura, eu queria gritar por seu nome, dizer o quanto eu a amava, o quanto eu queria ter ficado ao seu lado... Porém minha voz não era ouvida, eu não conseguia gritar, algo me arrastava para longe dela. Eu queria ter forças para soltar-me e correr ao seu encontro, mas não conseguia sentir minhas pernas. De repente eu a vi, aquela pequena garota de cabelos róseos chorando, implorando para que eu voltasse, fui tomado por uma força desconhecida, uma força que me impulsionava, senti novamente meus membros e soltei-me, comecei a correr, mas era tarde demais, ela já havia sumido e no lugar onde estava havia apenas uma pétala, uma pétala rósea de cerejeira.

A escuridão me envolvia, o silêncio me sufocava, eu estava ofegante, tinha sido apenas um sonho, mas ainda assim eu conseguia ouvir de longe aquela doce voz clamando meu nome. Constantemente lembro-me daquela noite, quando saí de Konoha. Eu sinto a dor que ela sentiu, compartilho da solidão dela.

Levantei-me lentamente de minha cama, me virei e vi uma mulher qualquer adormecida do meu lado. Eu havia tentado por muito tempo usar outras para lembrar-me de Sakura, mas elas são tão diferentes, ao fitar essa moça percebi o quão impossível seria substituir a flor de cerejeira, nunca encontraria alguém com aqueles cabelos róseos, orbes verdes feitos esmeraldas, pele alva como a lua cheia, lábios pequenos, sorriso incomparável... Quantas saudades eu sentia dela, como eu queria poder voltar, mas era como no sonho algo me puxava para longe, e o que me arrastava era a sede de vingança. Ela nunca havia me julgado até se ofereceu para ir comigo e por um instante eu cogitei a idéia de levá-la junto, mas eu estaria colocando-a em perigo.

Suspirei, caminhei até o banheiro, despi-me e deixei a água quente escorrer por meu corpo, subitamente ouvi passos perto da janela, desliguei o chuveiro, enrolei-me em uma toalha qualquer e lentamente abri a porta, olhei em direção a janela e para minha surpresa havia um vulto parado observando-me, apertei os olhos para tentar distinguir o que era, e naquele momento um resquício de luz iluminou o seu cabelo, e ele era rosa...

- Sakura?! – sussurrei incrédulo.

- Sasuke-kun?! – disse ela igualmente surpresa.

Então para meu espanto, ela correu até mim e me abraçou, senti suas lágrimas escorrendo por meu tórax, ela estava ali, Sakura estava abraçando-me, era a minha chance de dizer tudo o que por tanto tempo eu desejei falar. Abracei-a e seu corpo enrijeceu, como se estivesse muito assustada por meu movimento.

- Sa... su... ke – gaguejou chorando – senti... Saudades!

- Eu também – murmurei.

Ela fitou-me, suas esmeraldas olhavam-me de forma interrogativa.

- O que disse? – perguntou-me.

- Eu disse que senti saudades – sorri.

- Sasuke, eu... Você... Saudades?

Sorri e ela pareceu temerosa a me ver sorrir.

- Sakura, eu... Preciso lhe dizer algo.

Ela apenas olhava-me.

- A... Aishiteru Minha pequena flor de cerejeira.

Arregalou os olhos.

- Oh... É... Verdade?

Aquiesci.

Lágrimas novamente escorreram por suas bochechas.

- Hey, não chore você é muito importante para mim.

Ela sorriu, e aquele sorriso derreteu-me por dentro.

- Oh Sasuke!

Aproximei-me dela e vagarosamente fechamos os olhos, quando nossos lábios estavam prestes a se encontrar, um barulho alto e estridente soou, lentamente abri meus olhos e tudo o que encontrei foi o teto do quarto. Suspirei, um sonho dentro de outro, mas ainda assim apenas um sonho, muito longe da realidade.