Saudade

Capítulo 1


Saudade


Era tarde da noite, Liza se levantou de sua cama e foi até o berço, onde Edward chorava. Era um bebê pequeno, com um grito poderoso de acordar quarteirão. Mas era só a mãe pegá-lo no colo e ele se acalmava.
-- O que foi, meu anjinho? – Liza pegou o filho no colo e começou a balançá-lo. – O que você quer, meu amor?
Os olhos de Edward eram negros como os do pai, profundos e provocadores, ele tinha um rosto redondo, bochechas fofinhas e uma pele muito branca que contrastava com os poucos tufos prestos de cabelo.
Liza sentou-se na poltrona e amamentou o filho. O quarto estava silencioso depois que o bebê se acalmou. Ela segurava com carinho aquele pequeno homenzinho que ela tanto amava e que prendia seu olhar como um imã e a fazia sorrir com tamanha felicidade que sentia ao tê-lo nos braços.
Eddy estava com três meses e já experimentava ficar longe do pai, Mustang teve que ir mais uma vez em uma missão que o afastava de casa.
Depois de amamentar Eddy e colocá-lo pra arrotar, Liza deitou-se em sua cama com o filho nos braços, muito próximo de seu corpo. Ela fez uma barricada de travesseiros em torno dele e ficou deitada, olhando-o.
-- Você também está com saudade do papai, não está, Eddy? O seu papai devia estar aqui com você, não devia?
O bebê sorriu pra mãe, que o abraçou como um ursinho.
-- Ainda bem que você está aqui com a mamãe, Eddy. O que eu faria sem você, hein, meu amor?
Ela debruçou o bebê em seu peito e ficou lhe fazendo cafuné até ele dormir, então, Liza deitou-o ao seu lado e ficou olhando-o, como se não acreditasse que ele existisse.
-- É por pouco tempo, Liza, logo ele será General – ela sussurrou pra si mesma, confortando-se da ausência do marido, mas ainda assim, lágrimas saltaram de seus olhos.
Ela acariciou o rosto do filho que dormia tranqüilo, ela não conseguia conter o choro, que já ensopava o travesseiro. Ela estava distraída quando o telefone tocou, o relógio marcava 2hs 10 min da manhã. Ela não deixou tocar novamente, pra não acordar o bebê.
-- Quem será numa hora dessas? – ela se perguntou e atendeu ao telefone. – Alô?
-- Liz? – Mustang falou do outro lado da linha e o coração dela deu um salto. – Oi, meu amor.
-- Roy?
-- Desculpa ligar esse horário. Acordei você?
-- Eu estava acordada. Acabei de amamentar o Eddy. Está tudo bem?
-- Está, é que eu não estava conseguindo dormir e eu... Senti que devia ligar. Como você está, querida?
-- Com saudades – ela disse, começando a chorar de novo.
-- Eu também estou com saudades. Muitas saudades. Tantas que você não faz idéia. E o Eddy?
-- Está dormindo aqui comigo, na nossa cama.
-- Ah, que bom. Aqui é bem é solitário, sabe?
-- Ainda bem, se eu soubesse que você está com alguma companhia aí, eu teria que matá-lo!
-- Como eu arranjaria uma companhia dessas, se tudo o que eu faço é pensar em você o dia inteiro? E você, Liz, pensa em mim?
-- Você não sai da minha cabeça. E quando eu finalmente acho que vou parar de chorar, eu vejo o nosso filho e choro ainda mais.
Mustang ficou em silêncio, sem saber o que dizer enquanto ouvia o choro da esposa do outro lado da linha.
-- Estava pensando em mim? Antes de atender ao telefone, Liz?
-- Estava sim.
-- Eu senti que estava. Por isso, eu liguei.
-- Roy, eu não agüento mais essa situação. Seu filho e eu queremos você em casa.
Mustang inspirou profundamente, Liza disse exatamente o que ele queria dizer.
-- Quando você volta? – ela perguntou, chorando.
-- Em uma semana. Já é certeza, só uma semana e eu serei só seu de novo. Seu e do nosso filho.
-- Como eu serei casada com Roy Mustang se ele não está nunca em casa?
-- É só até eu me tornar General, Liz, não falta muito tempo agora!
-- Ainda bem que eu não concordei em nos casarmos só depois de você se tornar General, eu estaria até hoje aqui esperando...
-- Está arrependida de ter se casado comigo? – ele pareceu triste e ao mesmo tempo, provocador.
-- Deixa de ser bobo! Você sabe que é a minha vida! Mas você tinha dito que queria ter muitos filhos comigo... Não sei como isso será possível nessa situação...
-- Há, há, há. Eu sei de um jeito. Você quer escutar?
-- Ah, essa hora da noite acho que não.
-- Mas é uma idéia tão boa, nem parece que é minha.
-- Então eu realmente não quero ouvir. Quando você diz que é uma idéia tão boa que nem parece que é sua sempre envolvem uma minissaia e você termina apanhando.
-- A culpa não é minha se você fica linda de minissaia, meu amor!
-- Você é muito bobo, sabia? Parece até um adolescente.
-- Eu sou um eterno apaixonado pela minha esposa.
-- Como é que você consegue?
-- Como consigo o quê?
-- Me fazer sorri quando eu estou tão triste.
-- Pelo menos eu presto pra alguma coisa, né?
-- Isso não é verdade, você presta pra muitas coisas.
-- Obrigado. Você é meu amor.
-- Você é meu amor.
-- Você está melhor?
-- Estou sim. Ouvir a sua voz me dá paz e diminui um pouco a saudade.
-- Então, eu vou deixar você descansar, Edward vai com certeza te dar uma canseira quando acordar e você vai ficar acabada se não dormir um pouquinho.
-- É verdade. Eu preciso de você aqui pra me ajudar com esse mocinho, não tem idéia de como ele é travesso.
-- Há, há, há! É o meu filho!
-- É mais parecido com você do que esperávamos!
-- Eu não tenho dúvidas. Bom, durma bem, minha querida Liza. Tenha bons sonhos.
-- Você também, durma bem, Roy.
-- Eu te ligo de noite, meu amor.
-- Eu estarei esperando, docinho.
-- Eu amo você.
-- Eu também amo você.
-- Boa noite.
Os dois desligaram o telefone. Liza deitou junto ao filho e dormiu segurando-o nos braços. Mustang jogou-se na cama de hotel e ficou um longo tempo olhando o teto. A saudade de casa tinha aumentado ainda mais, queria segurar seu filho, brincar com Black Hayate e dormir abraçado com sua esposa. Nunca odiou tanto pertencer ao exército e nunca odiou tanto seu desejo por ser Marechal. Liza costumava estar ao seu lado todas as vezes que ele fraquejava em seu objetivo, precisava dela, precisava da força e da determinação dela e longe dela, Mustang percebeu o quanto era fraco. Ele dormiu de tão cansado, pensando em sua vontade de voltar pra casa e pra sua família.

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