Tempo Presente Mais uma vez Damon se apanhou sozinho em casa tentando fazer uma escolha razoável. Beber ou não beber. Se bebesse ficaria descontrolado e enraivecido com tudo e com nada. Se não bebesse ficaria ranzinza e nostálgico, sofrendo de amor…ou da falta dele. Resolveu que tomar apenas um copo não faria mal algum. Pelo contrário. Aliviaria toa a tensão que vinha acumulando. Se perguntava de onde estava aquela habilidade de desligar dentro de si todo e qualquer tipo de sentimentos. Estava frustrado. Tentava apagar de sua memória qualquer lembrança do passado, onde incluísse Katherine, então se lembrou da recordação da noite passada. Agatha . Com um esforço aparente, Damon tentou buscar em sua memória a imagem do rosto dela e logo a lembrança de quando a conheceu, tomou sua mente como um filme antigo. Memórias -Como está meu laço? – Damon perguntou para o irmão mais novo. -Perfeito. Não vai haver donzela que resista aos seus encantos. – Stefan comentou galã, estapeando cordialmente as bochechas do irmão mais velho. -Eu não sou como você, Stefan. Não tenho essa fama de Don Juan. – Damon falou sério mas não desiludido consigo. -Não tem porque não quer, meu caro. Tem todos os atributos necessários para o ser. – Elucidou diplomaticamente. – Poderia ter quem quisesse a seus pés. – Acrescentou convincente. -E virar seu concorrente? Tirar seu protagonismo nos corações das mulheres? Não. Prefiro ficar com meu modesto posto de solteiro inveterado. – Sorriu lampeiramente, colocando uma mão indulgente sobre o ombro do irmão. -Solteiro inveterado? Não! Solitário inveterado! – Stefan corrigiu. - Eu sou solteiro inveterado. Tenho toda sem que alguma seja realmente minha. – Esclareceu roubando uma gargalhada jocosa do irmão. -Tudo bem, Don Juan. Chega de conversa fiada e vamos logo nesse baile antes que papai decepe nossas cabeças e as pendure no lugar das caças. – Exaltou exageradamente. Stefan assentiu com uma expressão dramática e os dois irmãos caminharam lado a lado até a porta do salão de festas. Esta foi aberta por dois atriários cedendo passagem aos principais “protagonistas” da festa. Antes que pudessem desfrutar e apreciar do ambiente, o pai de ambos engajou os dois sorrateiramente até um canto afastado da festa. -Finalmente chegaram! – O homem saudou aliviado, mas não menos arrufado. -O que foi papai? Algum problema grave? – Stefan inquiriu trocista, com uma expressão ainda mais carregada que suas palavras recebendo um olhar de reprimenda do irmão. -Thomas Bekinsale e a família vieram ao baile. – Ignorando o filho arruaceiro o homem alertou como se fosse algum tipo de catástrofe, limpando com um pano de bolso o suor que escorria de sua testa. -Mas ele não havia dito que dispensava qualquer tipo de festas? – Damon questionou intrigado. -É, mas a enteada chegou essa tarde a Mistyc Falls e ele quer apresentá-la à jovem comunidade da cidade. -Alguma pirralha, suponho. – Stefan desdenhou revirando os olhos, inconformado por estar perdendo a festa. -Espero que se comporte perto de Agatha Bekinsale. Ela não é, nem será – Salientou -, uma de suas aventuras passageiras. É uma moça de respeito! – Repreendeu. – Venham ter comigo daqui a pouco ao átrio do jardim para apresentá-los à família. – Protelou impassível olhando asperamente os filhos. -Todas elas são moças de respeito. Já entre quatro paredes… - Stefan comentou em um mais baixo que o tom normal, dando um sorriso maroto junto com um brilho luxuriante no olhar, assim que o pão desapareceu por entre a multidão de convidados que ocupava o salão principal. Damon não retribuiu o sorriso. Pelo contrário. O cortou com um olhar rescisório e uma carranca encruada. -Deixe essa tal de Agatha fora de suas conquistas. Abra uma exceção em sua lista se não quer ter graves problemas futuros com papai. Sabe que ele tem tolerado e muito suas atitudes insanas. – Damon sobreavisou imperativo. -Tudo bem, mamãe. – Stefan assentiu sardónico, dando costas ao irmão e retomando ao salão. Damon permaneceu naquele meio esconderijo fazendo tempo para o reencontro com o pai. Festas não eram propriamente o tipo preferido de “passatempos” dele, mas era uma obrigação de família. Obrigação das famílias Fundadoras. Minutos depois, se decidiu por fim a embrenhar-se na festa, recebendo olhares cobiçantes das mais variadas mulheres. Nenhuma era indiferente à beleza angelical, com um leve toque “diabólico” de Damon. Era o efeito dos Salvatore. Mas contrariamente ao irmão, Damon ignorava esses ataques impessoais e discretos das mulheres que o despiam com os olhos. Damon caminhou até o átrio do jardim, onde um pequeno grupo de convidados estava instalado. Maioritariamente homens. Na certa pondo os negócios em dia ao tempo que saboreavam um bom e velho whisky. Damon correu os olhos pelos homens, tentando destacar entre eles seu pai ou, eventualmente, seu irmão. Apenas avistou o primeiro, conversando animadamente com Thomas Bekinsale. Entre a mulher do jurado de tribunal e o próprio, estava uma figura feminina, parcialmente ocultada pela opulenta figura masculina. Damon desceu os três lances de escadas e se esquivou dos convidados até chegar na beira do seu pai. Este, assim que o avistou, abriu um sorriso satisfeito. -Ah, Damon. Aí está você! Senhorita Bekinsale, deixe-me lhe apresentar meu filho mais velho, Damon Salvatore. – O senhor puxou o filho pelos ombros, dando pancadinhas cordiais em sua omoplata. Damon fitou deslumbrado o rosto corado da donzela, se perdendo em seus olhos envergonhados, mas não menos encantadores. -É um enorme prazer conhecê-la, senhorita. – Damon se curvou, beijando delicadamente o topo da mão da jovem, sem conseguir quebrar o contato do rosto delicado e apetitosamente rubro da jovem. -Igualmente. – Ela retribuiu a vénia, dando um tímido sorriso para ele. -Filho, você poderia levar Aggie para dançar. – Seu pai sugeriu, a tratando pelo apelido. -Se a senhorita Aggie aceitar me conceder a honra dessa dança, seria um enorme prazer. – Seus lábios coçaram ao pronunciar seu belo apelido, destilando charme ao tempo que as palavras saiam por sua boca. -Vá com o rapaz, Aggie . Se divirta. – A mãe incentivou, dando um leve empurrãozinho na filha, em direção a Damon. A garota mordeu o lábio quando sua mão tocou a palma cortês que Damon lhe estendia. Os dois se afastaram de ambos os pais e adentraram o salão iniciando imediatamente uma valsa. -Me diga, Aggie , está gostando da cidade? – Damon não segurou a vontade de ouvir novamente a voz acetinada da donzela em sua frente. -Muito. -E da festa? -Também. – Suas respostas monossilábicas não davam espaço para grandes conversações. Não que Damon se importasse. Ficar admirando a beleza da jovem e partilhar da sua presença assim tão próximos, era-lhe mais que o suficiente. Apesar dos traços simples e comuns, Damon achava que toda aquela combinação trivial e natural davam um ar angelical, quase purificado, à beleza dela. A cada singularidade, Damon ficava mais e mais encantado e apenas se perguntava onde ela tivera estado esse tempo todo, sem se contentar com qualquer uma das respostas que sua consciência lhe outorgava. A única certeza que Damon agora tinha, era que a partir em diante não queria dispensar nunca mais da companhia daquela bela jovem, por quem ficara irrevogavelmente apaixonado.

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