Friends By Fate

Quem quer contar a história?


- Ah! – Exclamou Nina ao ver quem abriu a porta – Que coisas são essas?!

As três fúrias ignoraram os semideuses que estavam sentados no canto direito do salão e foram direto para os 4 indeterminados. Amanda viu que Rodrigo estava segurando o elmo de Hades, por isso teve que pensar rápido antes que aqueles monstros acabassem com ele.

- Cuidado, Rodrigo! – Exclamou ela jogando-se encima dele. Rodrigo e ela caíram no chão segundos antes das três fúrias passaram voando por eles.

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Elas esperavam bater em Rodrigo, mas ao invés disso passaram direto e não conseguiram parar.

- Cuidado, pai! – Exclamou Mariana, mas Ares estava um passo á frente. Ele se levantou e fez surgir a sua espada aterrorizante.

- Sumam daqui! – Ordenou Ares cortando o ar na frente das três, que desorientadas foram para outra direção.

- São minhas! – Exclamou Apolo se levantando com seu arco e flechas.

Uma garota que parecia ter uns 10 anos de idade (mas que também era uma deusa e ocupava um trono na sala) levantou-se também um arco e flecha.

- Não! Elas são minhas! – Exclamou ela.

Os dois atiraram as flechas ao mesmo tempo e as fúrias gritaram de dor. Elas foram reduzidas á pó dourado e todos voltaram a respirar aliviados.

- Wow! Essa foi por pouco! – Riu Apolo – Ainda bem que eu acertei.

- Fui eu que acertei. – Corrigiu a garotinha sentando-se novamente – Agora sente-se logo.

- Ah! Eu é que acertei! E ainda por cima primeiro! – Apolo é que parecia ter 10 anos de idade pelo jeito que falava – Todos vocês viram!

- Silêncio! – Exigiu Zeus e a sala tremeu novamente. Nina imaginou-se entregando uma nota baixa da escola para ele, e sentiu um pouco de medo. “Como assim uma nota baixa Nina?!”, pensou ela. – Vocês quatro! Para frente!

Mateus e Rhamon ajudaram Amanda e Rodrigo a se levantarem. Os quatro foram para o centro da sala, bem no meio de todos os Deuses.

- Isso... Dá muito medo. – Murmurou Amanda para Rhamon.

- Nem fala. – Disse Rhamon tenso.

- Como vocês três sobreviveram? – Quis saber Zeus. Os quatro se entreolharam sem saber o que responder.

- Não temos a mínima idéia. – Contou Mateus – Você sabe?

Zeus olhou para Mateus tentando notar algum pingo de humor na sua fala, mas não achou. Ela cruzou os braços.

- Então... Como vieram parar aqui? – Perguntou ele.

- Nós fizemos isso sozinhos, sabe?! – Rodrigo estreitou, com raiva, os olhos para Ares – Descemos de um vagão de trem que nos levou para o Texas, andamos debaixo do sol infernal no meio do mato, chegamos ao Celeiro Feliz...

- Era o Celeiro da Pechincha! – Corrigiu Amada – Que Celeiro Feliz?!

- Esse treco aí. – Falou Rodrigo com um ar de “tanto faz” – E chegando lá tivemos que enfrentar aqueles dois caipiras babacas porque invadimos o mato deles...

- Você tem problemas?! Conta a história direito! – Exclamou Rhamon.

- Foi isso não foi?! – Exclamou Rodrigo – Vai dizer que eles não eram caipiras, que não eram babacas e que nós não invadimos o mato deles!

- Não foi o mato deles! – Corrigiu Amanda – Foi o Celeiro! E para de xingar!

- Ah tá bom! Se acham que eu estou contando errado, então porque não contam vocês?! – Perguntou ele.

- Está bem. Eu conto. – Falou Mateus animado.

- Nem pensar! Ele perguntou para mim! – Reclamou Rodrigo – Calem a boca e deixem eu contar, droga!

- Então conte logo! – Exigiu Zeus impaciente.

- Ih... Não precisa ficar irritado. – Falou Rodrigo fazendo pose de “Ui! Desculpa!” – Mas então nós...

- Humilhado! – Berrou alguém da parte de fora da sala. Novamente as portas se abriram ruidosamente, mas dessa vez com muito mais força. O barulho foi ensurdecedor. Os meio-sangues cobriram seus ouvidos com força. Todos pararam de respirar ao verem quem entrou na sala.

Era um homem de cabelos pretos (mais escuros que carvão), olhos escuros também, e uma pele extremamente pálida. Ele suava camisa preta, calça preta, sapato preto, tudo preto. Talvez até a cueca dele fosse preta, mas eles não conseguiriam (e nem gostariam) de jeito nenhum ver, pois ele estava com um manto preto nas costas.

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Todos os Deuses o olharam apreensivos, como se estivessem pensando qual seria o próximo passo dele.

- Ninguém nunca deixa eu contar a minha história? – Choramingou Rodrigo para Amanda, mas antes que ela falasse alguma coisa, o homem berrou novamente.

- Calado! – Ele apontou para Rodrigo, que abriu os olhos de medo. Ele fechou a boca, e engoliu em seco. O homem, devagar, foi dando passos na direção dos Deuses. Todos eles estavam com cinco metros de altura, mas o homem não parecia se importar com aquilo. – Vocês... Todos vocês devem estar tremendamente felizes, não é?

Ninguém respondeu.

- Claro que sim. – Confirmou ele para si mesmo – Eu fui obrigado a vir aqui para anunciar a minha patética situação! Aposto que você, Zeus, deve ter tido algo a ver com isso.

- Do que está falando, Hades? – Perguntou Zeus em um tom sério.

- Hades? – Repetiu Amanda olhando com medo para o homem de apenas 1,80 no máximo. Ele olhou para ela, e ela teve vontade de se jogar no chão e implorar por perdão. Ele tinha um poder extremamente forte.

- Não se faça de ingênuo! – Falou Hades incomodado – Eu fui roubado e você sabe muito bem disso! Todos vocês sabem!

- Roubado? – Repetiu Apolo sem entender.

- É, roubado, Apolo! – Repetiu ele furioso – Agora estou perdendo o controle do Mundo Inferior!

- Ninguém aqui sabia disso. – Disse uma Deusa sentada ao lado de Zeus. Ela olhava para Hades de um jeito estranho... Como se não quisesse que ele estivesse ali e o repreendesse por aquilo.

- Claro que não! – Exclamou ele fazendo o chão tremer – Se eu contasse para vocês que fui roubado e essa maldita notícia se espalhasse, eu teria muitos problemas para conter as rebeliões contra mim. E como sempre... Ninguém aqui me ajudaria em nada!

Os semideuses arregalaram os olhos com medo de Hades, e se encolheram. Os Olimpianos simplesmente continuaram rígidos.

- Se é que... Por pensarem algo contra mim... Vocês não mandaram algum semideus me roubar! – Acusou ele.

- Está nos acusando disso?! – Perguntou Ares ofendido.

- Uma guerra ia lhe cair bem, não é?! – Continuou Hades.

- Verdade. – Admitiu Ares ainda sério – Mas não roubei nada.

- Ei! Eu acho que é melhor você se acalmar, Hades. – Falou Apolo tentando apaziguar as coisas – Nós podemos te ajudar á...

- Não venha tentar me acalmar, Apolo! – Exclamou Hades – Eu sei quando sou passado para trás, e não gosto nem um pouco disso! Mas eu vou dar uma chance para vocês... Onde está o meu elmo?!

Rodrigo olhou o objeto que estava segurando. O elmo. Ele torceu para que Hades não o visse em sua mão, mas não teve jeito.

- Hades, como você se atreve á dizer que um de nós roubou o seu...! – Zeus estava pronto para falar, mas Hades apontou para Rodrigo.

- Veja com seus próprios olhos! – Apontou Hades – Seu ladrão. Como ousa me roubar?!

Rodrigo e os outros três indeterminados se levantaram com medo.

- Eu... – Rodrigo olhou para o elmo e depois jogou-o para Amanda – Está com ela!

- O que?! – Perguntou Amanda segurando o elmo para que ele não caísse no chão – Rodrigo!

- Devolva! – Exigiu Hades estendendo a mão.

Amanda estava pronta para entregar o objeto para Hades, mas antes que fizesse isso, Mateus a interrompeu.

- Hades... Não era um vilão? – Falou ele olhando para ele com um ar de dúvida. Mateus começou a coçar o queixo pensativo – Não sei se devíamos entregar o elmo para ele...

- Como é que é?! Vilão?! – Rugiu Hades furioso. O Deus dos mortos ficou do tamanho do outros. Cinco metros de altura. Ele andou na direção dos quatro e eles tiveram que correr para trás para não serem pisoteados.

- Chega! – Ordenou Zeus se pondo de pé. Hades parou bem na hora de pisar nos quatro e fuzilou Zeus com o olhar. Mateus olhou para os outros Deuses (que a maioria ele nem conhecia) e viu que todos estavam olhando chocados para o elmo de Hades. – Estamos no meio de uma discussão, por isso não pode matá-los.

- Ah, obrigada... – Murmurou Amanda aliviada.

- Se quer tanto isso, podemos decidir com uma votação depois. – Continuou Zeus, e os quatro olharam para ele com medo, principalmente Rodrigo.

- Irmãos. – Disse o homem de bermudas que estava sentado ao lado de Zeus. Rodrigo notou de cara que ele deveria ser Poseidon – Eles ainda não terminaram de contar a história.

- Você é tão gente boa! – Falou Rhamon feliz por ter um Deus que não queria matá-los.

Poseidon reprimiu um riso e sentou-se novamente. Hades ocupou o único trono vazio da sala e Zeus sentou-se novamente.

- Agora eu não quero mais contar. Vai você! – Falou ele olhando para Amanda.

- Eu?! Você não queria tanto contar a sua história?! – Falou Amanda, mas então ela viu que os Deuses todos estavam olhando, logo... Era melhor ela contar, do que deixar Rodrigo falar besteiras – Bem... Como nós dissemos antes... Nós saímos do trem, fomos para o Celeiro da Pechincha, e depois lutamos contra os irmãos McJoe. Depois disso... Nós resolvemos partir rumo á New York.

- Sem ajuda nenhuma! – Comentou Rodrigo estreitando os olhos novamente para Ares.

- Continuando. – Amanda deu uma cotovelada em Rodrigo e ele parou de encarar o Deus da Guerra – Nós achamos o elmo de Hades no Celeiro da Pechincha. Senhor Hades, nós não roubamos ele! Já estava lá quando chegamos.

- Celeiro da Pechincha? – Repetiu Hades estreitando os olhos – Que lugar é esse?

- Era a casa de dois filhos de Ares. – Contou Rhamon antes que ele achasse que eles tinham algo a ver com aquele lugar – Então... Nem pergunte como foi parar lá.

- Filhos de Ares? – Disse Hades olhando para o Deus da Guerra.

- Escute aqui, não venha dizer que eu tenho algo a ver com isso, entendeu? – Falou Ares começando a ficar com Riva também – Aqueles dois imprestáveis é que devem ter roubado, mas isso não me trás nem um pingo de orgulho.

- Ahm... O Tim e o Tom ficaram no Celeiro da Pechincha. – Continuou Amanda cautelosa.

- Para de dizer “Celeiro da Pechincha”! É só um celeiro! Não tem um nome. – Disse Rodrigo.

- Eu gosto de chamar assim, dá licença?! – Falou Amanda – Depois nós saímos de lá. Nós... Tivemos que lutar contra os zumbis, mas depois disso conseguimos escapar. E... Marcos, um semideus, nos ajudou a chegar até aqui.

- Marcos... – Murmurou Zeus pensativo – Não me lembro dele.

- É porque ele é um caipira miserável do cacete. – Comentou Rodrigo.

- Pare de xingar! – Protestou Amanda – Já não basta o jeito como você entrou aqui?!

- O que?! Eu ainda fui educado! Eu ia dizer...! – Antes que Rodrigo continuasse, Amanda cortou a sua fala.

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- Ignorando ele... Essa foi a história. Nós viemos aqui para encontrar com vocês e devolver o elmo de Hades. – Continuou ela – Agora, por favor, pensem direitinho e não nos matem.

Todos os Deuses se entreolharam. A garota de 10 sentada ao lado de Apolo foi a primeira a falar.

- Uhm... Creio que eles contaram a verdade. – Disse ela – Não vejo porque matá-los. Na verdade... Foram bem úteis.

- Concordo. – Disse Atena – Não faria sentido eles roubarem o elmo e correrem para cá. Isso não seria nada inteligente.

- É, eu concordou. – Disse Ares – Mesmo eles tendo a cabeça de vento na equipe, os outros três conseguem pensar.

- É. – Concordou Amanda, mas ela estava distraída olhando em voltar, por isso só depois notou o que tinha dito – Ei! Não!

Alguns Deuses riram, principalmente Ares.

- Eu não disse? – Falou ele – Eles três pelo menos iam pensar em algum coisa.

- Não ria de mim! Eu pensei em muita coisa, tá bom? – Falou Amanda para ele.

- Ah... Aposto que sim. – Assentiu Ares fingindo acreditar – Só tente não chorar, tá bom?

- Se todos estão a favor de deixá-los vivos... Podemos encerrar essa reunião.- Disse Zeus e todos os Deuses concordaram. Até mesmo Hades, embora ele enrolado um pouco para responder – Ótimo. Então terminamos...

- Não! – Disse Amanda, e todos olharam para ela – Acham que eu não fiz nada? Será que nós temos que contar quantas vezes nós poderíamos ter nos aliado aos titãs? Poderíamos ter poder, força... E outras coisas que eu não me lembro. Mas... Nós estamos aqui. Consegui, por um milagre, convencer o Rodrigo.

- Aonde quer chegar? – Perguntou Zeus.

- Nós fizemos isso tudo, passamos por isso tudo, quase morremos várias vezes! E vocês, Deuses, se esqueceram de umas coisas. – Disse ela.

Rhamon, Rodrigo e Mateus entenderam o que ela queria dizer. Zeus se inclinou levemente para frente.

- O que?

- Nós! – Responderam os quatro indeterminados juntos.