Céu de Sangue

Capítulo 24, Surreal...


Sabe quando as coisas acontecem bem a nossa frente e parece que estamos vendo tudo em câmera lenta?

Eu poderia descrever a cena que se passou a seguir como em um filme.

Um filme de terror.

- Droga... - Ouvi Usui, dizer, Ao mesmo tempo em que a lâmina de Sasuke subia pelo seu peito e passava por seu pescoço, o rasgando até sua cabeça.

Eu estava em choque.

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Por mais que minha mente gritasse para eu me mover e me afastar dali, eu não conseguia ter uma reação. Mesmo quando o corpo de Usui caiu á poucos centímetros de mim eu não me mexi.

Eu estava estática fitando aquele corpo no chão. O cheiro que exalava na sala era insuportável.

Havia uma coisa disforme e de cor roxa pulsando fracamente na fenda que havia no peito de Usui.

Eu sabia que tudo que estava acontecendo era real, o cheiro de enxofre que exalava pela sala era real, a queimação em minha pele também era real.

A lâmina da espada de Sasuke pingando sangue era real, a sensação do olhar dele sobre mim também o era. Mas, ao mesmo tempo era tudo tão distante, tão surreal, como um pesadelo longo demais.

Eram tantas coisas ao mesmo tempo.

Eu podia ver o tapete abaixo dos meus pés empoçado de sangue. Tenten abraçada a Neji e o corpo paralisado de Takumi caído no chão próximo a eles.

Sasuke deu dois passos em minha direção, sua mão esquerda segurou minha cintura, enquanto a direita ainda segurava a espada ensanguentada. Ele ainda estava de terno, impecável.

Nem parecia que ele havia acabado de matar um demônio. A expressão do rosto dele como sempre não deixava passar nada. Nenhuma emoção.

Eu podia sentir minhas mãos tremerem enquanto me agarrava a camisa dele, o frio na barriga quando ele pulou da janela do terceiro andar em direção ao jardim.

Depois eu vi chamas. Enormes chamas nas cortinas da sala no terceiro andar. Ouvi gritos e tudo ficou distante por causa dos pássaros que nos rodearam, eu pisquei sem entender o que estava acontecendo e quando abri os olhos estava em um quarto que não era o meu na Pétala Negra.
*

*

Meus olhos passearam pelo quarto e eu o achei estranhamente familiar. Acho que por ainda esta em estado de choque, eu não o reconheci de imediato.

Aquele quarto era o mesmo em que eu havia ficado presa quando acordei da queda do precipício.

Automaticamente eu soltei a blusa de Sasuke que ainda estava segurando e o fitei, e todos os pelos do meu corpo se arrepiaram.

Eu dei dois passos para trás, enquanto fitava os olhos dele em fúria. Ele não se moveu em minha direção no mesmo instante.

As virgulas negras nos olhos escarlates giraram. E um arrepio sinistro subiu pela minha espinha.

Não era como se eu não esperasse aquela raiva toda que eu vi queimar nos olhos dele. Ao contrário, eu sabia que estaria em maus lençóis quando ele descobrisse que eu o havia desobedecido. Mas, pensei que teria mais tempo para me preparar para enfrenta-lo.

-Sasu... Ke... é... – Gaguejei.

- Calada! - Ele ordenou. - E veio em minha direção.

Eu não pensei em correr, ou me afastar quando as mãos frias dele seguraram meu rosto me impedindo de desviar meu olhar do dele.

Fechei meus olhos quando lembrei que ele poderia me torturar com um simples olhar.

- Abra os olhos. Ele disse. E eu me neguei. – Abra-os. Ele voltou a ordenar apertando meu rosto.

Eu não tive alternativa, a não ser fazer o que ele ordenou.

Quando meus olhos se encontraram com os rubis que eram os dele eu fui tragada. Eu não via mais Sasuke.

Era como se eu estivesse novamente naquela sala com Tenten, Usui e Takumi.

Era como se novamente Usui estivesse me beijando e me tocando, eu podia ver como em um vídeo as mãos dele deslizarem por meu corpo e a boca dele contra a minha. E aquilo me causou náuseas.

De repente, assim como tinha começado terminou. As mãos de Sasuke soltaram meu rosto e a visão desapareceu.

Me dei conta do que havia acontecido assim que voltei a fitar os olhos dele brilhando de ódio sobre mim.

Sasuke havia visto. Tudo. Eu não sei como mas, ele sabia de tudo naquele momento. Ele sabia cada palavra que eu havia trocado com Usui, cada toque, ele sabia que eu havia beijado Usui.

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Eu me afastei o máximo que pude dele.

- Sakura... Ele disse. A voz soando ameaçadoramente perigosa. Os olhos rubros raivosos.

- Não... - Sussurrei. – Não se aproxime de mim. - Gritei. O pânico querendo tomar forma em mim quando o vi se mover em minha direção.

As mãos dele seguraram meus ombros com violência e minhas costas bateram contra a parede me fazendo arfar. Uma dor aguda latejou nas minhas costelas e eu gemi de dor. Eu tentei empurra-lo com as mãos. Mas, foi inútil. Ele era muito forte.

-Você... Ele disse. – O deixou toca-la... - Eu não sabia se ele estava me fazendo uma pergunta ou uma acusação. O olhar dele sobre mim era um mosaico de emoções negativas. – Você o deixou toca-la com uma vadia qualquer. – Ele gritou. Furioso.

“vadia...”

“vadia...”

Ouvir aquela palavra sair da boca de Sasuke, foi como se eu tivesse me ferido mortalmente.

Eu não sei o que deu em mim naquele momento. Quero dizer, eu já estava acostumada a sentir raiva e crueldade nas palavras dele.

Mas, a decepção que eu sentir soar nas palavras e no olhar dele daquela vez fez meu coração se apertar.

Eu senti como se tivesse magoado uma pessoa muito importante para mim.

Aquele sentimento de culpa me pegou desprevenida. Eu não deveria sentir aquilo, Sasuke para mim era o inimigo, era tudo por culpa dele. Eu não deveria me importar com o que ele pensava.

Mas, estava ali. Aquela sensação de que eu havia traído alguém que não merecia estava ali, alojada em meu peito, me sufocando, assustando e me desesperando.

- Não! Eu gritei. – Não olhe para mim com esses olhos...- Ordenei. – Minhas mãos seguraram as dele tentando faze-lo me soltar. – Não me olhe como se eu te devesse algo... – As mãos dele apertaram mais forte meus ombros. – Eu não pertenço a você... – Eu disse. - Eu posso fazer o que eu quiser...

Eu disse aquelas palavras mais para mim do que para ele.

Aquelas palavras eram uma tentativa para poder anular todo aquele sentimento de culpa que estava alojado em mim.

- Você é minha... Ele disse, segurando meu rosto com umas das mãos, me fazendo fita-lo. – Minha... Só minha... Ninguém pode tê-la... - Ele continuou. – Somente eu posso toca-la... Somente eu... Posso machuca-la... – Os dedos frios dele faziam o contorno dos meus lábios.

- Não... – Sussurrei. - Eu não sou sua.

– Se alguém ousar tocar em você... – Ele voltou a falar. - Eu o matarei... E se você permitir que outro alguém te toque... Eu a matarei também.

E os lábios frios dele tomaram os meus, com violência, os fazendo sangrar.

Eu podia sentir o gosto do meu próprio sangue na minha boca misturado as minhas lágrimas enquanto ele me beijava.

- Você... Ele disse entre meus lábios. – Sempre foi minha... Mesmo que você morra como á dois séculos atrás... Ainda sim será minha...

Os labios dele mais uma vez tomaram os meus, só que daquela vez eu não lutei contra ele.

Continua...