“Novo país, escola nova, novo ano, uma vida inteira nova. Por Merlin, o que será de mim agora?”

Balancei a cabeça para afastar os pensamentos inseguros e comecei a torcer as mãos, “Não tem motivo nenhum para ficar nervosa” repeti mentalmente diversas vezes para me acalmar, o que foi difícil de fazer, pois o silêncio da sala era pesado e incomodo, então tentei me concentrar no som abafado que vinha de fora. Risadas, aplausos e assobios podiam ser ouvidos bem baixinho e me concentrei neles por um tempo, mas logo ouvi passo se aproximando e me endireitei, esperando a porta abrir e quando isso aconteceu a professora não entrou.

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- Vamos senhorita Swan? – Eu apenas confirmei com a cabeça e a segui.

Saímos juntas da sala para o saguão e atravessamos as portas duplas que levavam ao grande salão, o lugar mais impressionante que eu já vi na minha vida, parecia não haver teto, pois se podia ver as estrelas do céu lá fora junto centenas de velas que iluminavam o cômodo. Quatro longas mesas estavam enfileiradas pelo salão e apinhadas de estudantes, mais a frente havia uma quinta mesa, igualmente comprida, que acomodava os professores e foi até lá que a Prof. Granger me levou, me deixando de costas para os professores e de frente para o salão. Ela pegou um chapéu muito velho, remendado, esfiapado e sujo que estava sobre o banquinho e fez um aceno com a varinha em direção ao mesmo, deixando-o um pouco mais alto, o que era lógico já que eu era mais velha e maior que os alunos do primeiro ano.

A professora fez um gesto para que eu me sentasse e imediatamente obedeci, fazendo meu máximo para ignorar os cochichos dos alunos, por um segundo pude ver todo o salão comunal com pessoas curiosas olhando para mim e no outro o chapéu havia coberto meus olhos. Pude ouvir a vozinha do chapéu na minha cabeça, como se falasse dentro da minha mente, murmurar.

- Oh, o que temos aqui hoje, uma mente nada má, nada má mesmo. – Disse ele – Uma mente independente mais ao mesmo tempo fiel, uma sede de saber digna da Corvinal, mas não tenho duvidas que seu coração seja valente a ponto de não poder ficar em outra casa que não seja a GRIFINÓRIA!

Eu ouvi o chapéu anunciar a ultima palavra para todos e imediatamente meus olhos foram descobertos, pisquei um momento com a súbita luz, muitos aplausos e assobios encheram o salão. A professora chamou a minha atenção.

- Sua mesa é aquela, como você é nova acompanhará o monitor junto com o primeiro ano até o salão comunal para decorar o caminho. – Disse apontando para a segunda mesa à esquerda, que estava sob uma enorme tapeçaria de um leão vermelho e dourado.

Eu me dirigi à mesa sorrindo para meus novos colegas, mas só sorri sinceramente quando vi que Megh estava sentada nela, me apressei para ficar ao seu lado.

- Estamos na mesma casa! – Exclamamos ao mesmo tempo.

Não tivemos muita chance de conversar, pois fui acometida por uma avalanche de perguntas dos alunos do sexto ano, coisas como “De onde você veio?”, “Como era sua escola?” e “Por que você se mudou?”, mas foi fácil responder a todas elas, já havia me preparado para esse momento inevitável. A diretora Minerva McGonagall disse algumas poucas palavras e liberou o jantar e as travessas de ouro e prata na mesa se encheram de comida, fiquei aliviada, pois todos se ocuparam em encher a boca ao invés de me interrogar.

Quando todos estavam satisfeitos uma aluna da minha série, Angela Weber, que havia sido mais simpática comigo que os outros enxeridos, se levantou.

- Alunos do primeiro ano, por favor, venham comigo. Alunos do primeiro ano!

Todos do primeiro ano se levantaram e eu os acompanhei, reparei que nas outras mesas ocorreu o mesmo, na mesa da Lufa-Lufa a responsável era uma garota morena de cabelos muito curtos, na Sonserina era um rapaz loiro-platinado de expressão maliciosa e na Corvinal... Nesse momento eu perdi o fio da meada, o rapaz da Corvinal era extremamente lindo! Sua pele era muito clara e seu cabelo era cor de bronze, impossivelmente desarrumado, quando ele se virou para olhar na minha direção pude ver que seus olhos eram dourados. Para minha felicidade Megh puxou meu braço, me tirando do transe.

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- Vamos Bella! Temos que ir agora!

- Estou indo Megh. – E a acompanhei.

Me obriguei a não olhar para trás e me perder naqueles olhos estonteantes do garoto da Corvinal, por isso procurei prestar atenção no que a garota dizia enquanto nos conduzia pelas escadas de mármore seguidas por corredores compridos e mais escadas.

- Eu sou Angela Weber e sou monitora da Grifinória assim como o Erick Yorkie.- Apontando para o rapaz que vinha andando atrás de nós. – Por favor, prestem atenção no caminho e cuidado com as escadas, elas gostam de mudar de lugar e tem degraus faltando. Todos devem estar no salão comunal às 10 horas, o zelador Filch e sua gata, madame Norra, se certificam de que ninguém vai estar fora da cama a partir desse horário e... Oh, olá Sir. Nicolas, o senhor não foi ao jantar. - Angela cumprimentou um fantasma que vinha em nossa direção.

- Olá senhorita Angela, vejo que trouxe alunos novos com você. Muito prazer, eu sou o fantasma residente da torre da Grifinória, Cavalheiro Nicholas de Mimsy-Porpington às suas ordens. – Com isso tirou a cabeça dos ombros como se fosse um chapéu, deixando-o preso apenas por um pedacinho de carne fantasmagórica.

Alguns alunos fizeram sons de surpresa e outros, principalmente as meninas, desviaram disfarcadamente os olhos, Megh foi menos sensível com o fantasma, me abraçou e escondeu o rosto no meu peito, seu corpo tremia levemente. Sir Nicolas pareceu acostumado, colocou a cabeça de volta com a maior naturalidade, mas mesmo assim fiquei com pena dele.

- Foi um prazer conhecê-los mais devo me apressar para a reunião dos fantasmas no 4° andar, com sua licença. – Partiu.

- Esse era o Nick-quase-sem-cabeça, mais ele não gota muito de ser chamado assim. Ele é inofensivo e muito simpático, não a motivos para ter medo. - Ela parecia estar se referindo a Megh. – Bem, vamos continuar antes que Pirraça nos ache, ele é um poltergeist, dele vocês devem ter medo.

Assim continuamos a andar, Megh estava mais calma, mas mesmo assim não soltou minha mão por nem um segundo. Quando chegamos ao sétimo andar Angela foi em direção as torres e parou na frente de um grande quadro de uma mulher muito gorda e risonha.

- Essa é a entrada para o salão comunal, para entrar vocês devem dizer a senha a mulher gorda e ela abrirá passagem para você. Toda semana a senha muda e é colocada no mural lá dentro, vocês não devem dizer a senha a ninguém e muito menos a localização do salão comunal. – Ela se virou para o quadro e disse. – Pudim de fígado.

A mulher gorda acenou para nós e se abriu, revelando uma passagem na parede, todos nós entramos e nos reunimos na vasta sala redonda decorada de vermelho e dourado, cheia de poltronas fofas e muito confortáveis. Angela apontou os dormitórios, meninos à esquerda e meninas à direita, e todos parecerem subitamente cansados e sonolentos, Megh e eu subimos pela escada de caracol e nos despedimos com um “Boa noite” embolado de sono. Angela entrou comigo em um dos quartos do sexto ano, assim como mais três garotas, o cômodo também era redondo com cinco camas com reposteiros de veludo vermelho-escuro, os malões haviam sido trazidos e estavam no chão, cada um ao lado de uma cama.

Minha cama era bem ao lado da porta e pude ver Snow dormindo sobre o travesseito, eu já estava preocupada com ela, acariciei sua cabeçinha branca e não esperei mais, assim como as meninas eu abri o malão e tirei uma camisola longa e confortável para dormir, voltei a fechar o malão e fui saindo do quarto. Angela estranhou.

- Onde você vai Isabella?

- Bella. – Corrigi. – Eu vou ao banheiro trocar de roupa, onde mais eu iria?

- Você pode se trocar aqui mesmo. – A loira, Jessica, disse tirando a blusa. – Somos todas meninas afinal.

- Não, obrigada, eu prefiro mesmo me trocar no banheiro.

E sai do quarto antes que elas pudessem insistir, me troquei rapidamente no banheiro e depois me tranquei dentro de um Box. Me sentei no vaso o mais encolhida que pude, abraçando os joelhos, e murmurei.

- Dolly.

Com um estralo Dolly apareceu na minha frente, ela olhou para mim com seus enormes olhos azuis e sorriu para mim, eu retribui o sorriso.

- A senhorita me chamou?

- Chamei sim Dolly, quero saber se você conseguiu resolver aquele problema que conversamos ontem.

- Consegui sim senhorita – Dolly estava tão excitada que pulava no lugar, fazendo com que suas longas orelhas abanassem. – Eu conversei com um amigo meu, Monstro, e ele me contou que o mestre dele conhece uma sala mágica aqui em Hogwarts.

- Uma sala mágica? – Não era impossível, tudo em Hogwarts parecia mágico.

- Sim, Dolly decorou tudinho. A senhorita tem descer a torre e ir ao corredor do sétimo andar, você deve passar por ele três vezes mentalizando o que precisa, se tudo der certo uma porta irá aparecer.

- É só isso? Tem certeza?

- Dolly tem certeza. – Ela confirmou séria.

- Muito bem então, vou esperar as meninas dormirem, vou pegar minha poção e sair. Você poderia ficar alguns minutos no quarto para ver se nenhuma delas acordou?

- Dolly pode ficar a noite inteira se a senhora desejar. – Se ofereceu prontamente.

- De jeito nenhum, você ainda tem que trabalhar, não se esqueça que você foi contratada pela diretora.

- Dolly não esqueceu, mais Dolly sempre servirá a senhorita.

- Obrigada Dolly. – Me inclinei com dificuldade e beijei seu rosto. – Quando eu sair do quarto eu te chamarei, então vá direto para lá, não precisa vir até mim. Oh, quase me esqueci, obrigado pela gatinha, eu a chamo de Snow.

- Dolly sabia que a senhorita iria gostar, Dolly pensou que a ironia seria engraçada! –rimos juntas com a piada particular que só nós entendíamos.

Dolly acenou um adeus e desapareceu. Eu sai naturalmente do banheiro, como se nada tivesse acontecido e entrei no quarto, todas as meninas já estavam deitadas na cama. Dei um boa noite estratégico para ver se elas haviam dormido e Angela e Lauren não responderam baixinho, Jessica e Martha ainda estavam acordadas. Abri o malão e tirei um despertador troxa de dentro abertamente, para ter uma desculpa, e disfarçadamente apanhei meu frasco de poção do sonho-sem-sonhos e o levei para a cama comigo, puxei as cortinas vermelho-escuro para fechá-las e me deitei ao lado de Snow, fingindo dormir.

O tempo passou rápido, eu devo até ter cochilado, mas me sentei automaticamente quando o relógio marcou meia-noite por puro habito. Me levantei sem fazer barulho e sai do quarto na ponta dos pés, deixando as cortinas da cama fechadas para que não percebessem que eu havia saiu, e Snow me seguiu, murmurei baixinho o nome de Dolly para que ela entrasse no quarto e desci as escadas em silêncio até o salão comunal, não havia ninguém a vista então fui direto até a passagem do quadro e o empurrei para abri-lo.

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Antes de sair eu olhei novamente para os lados e para trás e então fiz meu pequeno truque secreto do qual apenas Dolly sabia. Em um salto meu corpo se encolheu e transformou, mãos e pés viraram patas e pele se transformou em pelo, em um segundo meu corpo de mulher já não estava ali, no seu lugar havia um animal. Snow se aproximou curiosa de mim e me cheirou, depois disso ela miou alto e por algum motivo eu pensei tela ouvido dizer “Eu reconheço você”, pensei que seria melhor se ela ficasse quieta e ela se calou, como se compreendesse. Ignorei o fato estranho e passei pela mulher gorda no quadro, que nem ao menos havia acordado com o movimento, e caminhei no escuro junto com Snow, descendo da torre em direção ao corredor.

Como Dolly havia instruído, eu passei por ele três vezes dizendo mentalmente “Preciso de um lugar para dormir a noite sem ser encontrada”. Na quarta vez que eu passei pelo corredor uma pequena porta havia aparecido, pequena ao ponto de apenas o meu corpo animal conseguir passar por ela, fui até ela e bati a pata na maçaneta de latão fazendo a porta se abrir e entrei.

O aposento não era grande, mas dentro dele havia uma cama grande de casal com um criado mudo ao lado e um despertador que não tinha ponteiros, o que era mais do que suficiente para mim, ninguém conseguiria me ouvir durante o sono ali. Voltei a me transformar em gente e se sentei na cama, percebendo pela primeira vez que do outro lado havia uma cama de gato fofa e cheia de brinquedos para Snow, eu ri sozinha, essa sala tinha realmente tudo que precisava.

Tirei o frasco de poção do bolso da camisola e o tomei todo seu conteúdo, como a poção já não fazia o mesmo efeito em mim eu fiquei apenas sonolenta, e me deitei na cama para dormir, Snow subiu também e veio se acomodar no travesseiro ao lado do meu. Eu achei graça.

- Já vou logo avisando que você deveria ir para a caminha que a sala preparou para você, eu me mecho muito a noite e vou acabar te esmagando. – Avisei.

Ela obviamente não me entendeu, e se por algum motivo misterioso ela compreendeu então ela simplesmente me ignorou. Não pensei muito nisso, pois logo em seguida estava no mundo dos sonhos rezando para dormir em paz.

Mas quem disse que eles deixam?