The World Behind My Wall

Capítulo Quarenta&Três - Me leve pra casa



Porque talvez seja verdade que eu não consiga viver sem você

Talvez dois seja melhor que um. Há tanto tempo para descobrir o resto da minha vida e você já me fez ficar sem graça e estou pensando que dois é melhor que um

Boys Like Girls - Two is better than one

Alley’s P.O.V

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Um mês depois

Eu dei um passo para trás, esfregando a testa com o antebraço. A tela estava diante de mim, estava quase pronto. Mordi meu lábio olhando atentamente para a pintura. Eu estava tão preocupada quando comecei a pintar. Essa pintura era excepcionalmente importante para mim. Mais do que qualquer outra que eu já tenha feito antes, sem contar que eu tinha que fazer jus a quem eu estava pintando. Bill é uma pessoa incrível e linda. E eu queria capturar exatamente isso. Eu já estava trabalhando nesse quadro há três semanas e só agora passei da metade, isso é um tempo enorme para mim. Mas como eu disse, tinha que ser perfeito. Eu queria que ele amasse isso! Louise me garantiu que ele iria adorar. Talvez isso o ajudasse a melhorar de humor, ultimamente ele tem estado tão rancoroso pelos cantos.

Meu celular tocou em algum lugar dentro do meu macacão. Eu rapidamente limpei minha mão e atendi.

– Alô?

Oi, sou eu. Já estamos voltando para casa, você quer alguma coisa da rua? – Era Louise. Ela e Bill haviam ido ao cinema. O que deve ter sido uma boa aventura para ela, lidar com o menino fantasma para que ele nao fizesse nenhuma burrada. Mas era uma ótima desculpa para me deixar sozinha em casa onde eu podia trabalhar livremente em minha obra-prima.

– Ahn... pizza?

Louise gemeu.

De novo?

– Você tem uma ideia melhor?

Provavelmente eu posso pensar em alguma coisa.

– Bem então me surpreenda – Eu disse – Quanto tempo vocês vão demorar?

Acho que uns 20 minutos no máximo.

– Ok, até então.

Desliguei o celular e imediatamente comecei a limpar o caos que estava na garagem. Eu tinha que esconder tudo antes que eles chegassem em casa. Peguei meus pincéis colocando-os em um pequeno balde com água para limpá-los depois. Caminhei até a pia e esfreguei furiosamente minhas mãos e pulsos. Joguei fora o jornal que usei para cobrir o chão e guardei a tela ainda molhada no porão para secar. Depois de tudo feito tomei um banho, coloquei roupas frescas e me joguei no sofá para esperar.

Poucos minutos depois a porta se abriu revelando Louise e Bill abarrotados com sacolas. Sorri enquanto me levantava esticando os braços acima da minha cabeça.

– Nossa, vocês compraram o que?

– Um pouco de tudo – Respondeu Louise – Temos comida mexicana, chinesa, italina e é claro americana também!

Eu ri incrédula enquanto assistia a eles arrumarem o pequeno buffet em cima da mesa. Tumbleed, China Star, Mc Donald’s, Pazzo e Applebee’s cobriram a paisagem.

– Mas por que vocês trouxeram tudo isso?

– Ah, a gente não conseguiu se decidir numa coisa só – Disse ela – Então eu pensei: Por quê não? Pelo menos todo mundo vai ficar feliz.

– É... eu acho que temos comida o suficiente para uma semana – Eu sorri para Bill – Me passa um prato, estou morrrendo de fome!

Ele silenciosamente me passou um prato, evitando meu olhar. O que estava acontecendo com ele ultimamente? Parece que nada mais do que eu digo ou faço o afeta. Era como se eu fosse um desconhecido que você esbarra na rua e não a pessoa que tem estado com ele a todo momento nos ultimos sete meses. Com um suspiro pesado me sentei e enchi meu prato.

– Então, como foi o filme? – Eu perguntei enquanto esfaqueava um burrito em meu prato.

– Foi bom – Louise falou. Bill permaneceu em silêncio, mastigando mecânicamente suas batatas fritas.

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– E você Bill, o que achou? – Perguntei, tentando mais uma vez conversar com ele.

Ele deu de ombros.

– Foi bom.

Suspirei mais uma vez, me servindo de um pedaço de pizza de pepperoni. Notei Louise lançar a ele um olhar severo, mas ele ainda se recusava a dar explicações... O silêncio estava me matando, fiquei aliviada quando o telefone tocou assustando a todos nós. Louise se levantou para atender.

– Alô? – Ela fez uma pausa – Ah sim, ela está aqui – Ela me entregou o telefone.

– Alô? – Eu disse.

Oi Alley – Uma voz suave me respondeu. Oliver... eu sorri, segurando o telefone contra meu ombro, enquanto eu colocava refrigerante no meu copo.

– Oi, tudo bem? O que você ta fazendo? – Eu me sentei na bancada apoiando meu cotovelo no mármore frio.

– Ah nada demais, acabei de sair da biblioteca com o pessoal da turma de história. E você?

– Ah nada, absolutamente nada o dia todo – Eu ri – Como de costume.

Ele riu de volta.

– Sei como é isso. Então você tá ocupada essa noite?

Olhei para o relógio.

– Não por quê? – Louise me olhou dando uma garfada em seu frango. Bill continuava olhando para o prato.

– Ah, eu tava pensando se você não gostaria de ir ao cinema ou algo assim... sabe, já que não conseguimos fazer nada o fim de semana todo. Eu sei que temos aula amanhã cedo, então tudo bem se não quiser...

– Não, não – Eu o interrompi – Eu adoraria. Que horas então?

– Posso te buscar lá pelas oito? As últimas sessões devem ser por volta das nove...

– Por mim tudo bem, até mais tarde então.

– Tchau Alley!

Eu desliguei o telefone e voltei para minha pizza sorrindo suavemente. Quando levantei o olhar, os olhos de Louise encontraram os meus, eles eram planos e inexpressivos. O que era irritante, tive que desviar o olhar.

– Oliver? – Ela perguntou simplesmente.

– Sim... nós vamos sair mais tarde.

– Humm...

Eu me levantei pegando meu prato e o depositando na pia para lavar.

– Bem, eu vou subir para me arrumar. Vocês querem que eu traga alguma coisa da rua? – Voltei para a mesa e fiquei entre eles, com Louise a minha esquerda e Bill a minha direita.

– Eu não quero nada, e você Bill? – Louise perguntou.

– Não.

Eu segurei um suspiro de frustração. Bill, o que há de errado? Por favor me diga o que está acontecendo! Por Deus, tinha que ter alguma coisa pra fazê-lo sair dessa. Seu aniversário é daqui algumas semanas...

– Você precisa começar a fazer uma lista Bill! – Eu disse brilhantemente e me inclinei bagunçando seus cabelos pretos – Uma lista de aniversário, assim nós saberemos o que dar para você...

– Eu não quero nada.

Fiquei surpresa com o quanto essas palavras afiadas me cortaram. Até Louise pareceu assustada.

– Bill – Ela disse – Tem que ter algo que você queira.

– A única coisa que eu quero eu não posso ter.

Franzi minha testa com essa ultima declaração. Era uma referência a sua antiga vida? Algo que eu não poderia lhe dar? Mordi meu labio inferior com esse pensamento.

– Bem, então pensa com calma – Eu disse suavemente – E depois me conta. A gente quer que você se divirta.

Ele finalmente olhou para mim com aqueles tristes olhos castanhos.

– Ok.

Eu retribui com um sorriso hesitante e coloquei de volta uma mecha de cabelo rebelde atrás de sua orelha.

– Bem, eu preciso me arrumar. Falo com vocês depois – Bill não disse mais nada, por isso deixei a cozinha e fui para o meu quarto.

***

As oito em ponto a campainha tocou.

– LOUISE VOCÊ PODE ATENDER? – Eu gritei do meu quarto com uma escova emaranhada no cabelo – EU DESÇO NUM MINUTO!

– To indo! – Ela disse do pé da escada. Eu ouvi a movimentação no andar de baixo e a porta se abrir.

– Oi Louise, como você está? – A voz de Oliver preencheu o silêncio. Enquanto isso eu ainda brigava com meu cabelo do diabo.

– Bem, bem... e você? – Ela respondeu. Estremeci quando a escova se perdeu em um emaranhado de fios.

– Estou bem – Ele disse.

– E aonde vocês vão essa noite? – Louise perguntou.

– Bem, a escolha é da Alley... eu to pensando em ir ao cinema, mas vai depender do que ela quiser fazer. E claro... que esteja aberto num domingo a noite.

Eu arranquei a escova do emaranhado e a joguei longe. Onde estavam meus sapatos? Por que eu sempre perdia a droga dos sapatos? Ajoelhei-me no chão procurando debaixo da cama..

– O que você está procurando?

Olhei para cima e vi Bill de pé junto a porta. Uow! Ele veio falar comigo sem eu ter sido a primeira a dizer algo.

– Hum... meus sapatos. As botas pretas com cadarço.

Ele revirou os olhos.

– Ótima descrição - Andando até o armário, ele empurrou para o lado vários pares de sapatos até pegar minha bota – Estão no seu armário, onde costumam ficar.

– Ah... – Eu disse timidamente – Obrigada – Me sentei amarrrando os cadarços.

– Pensei no que eu quero de aniversário – Disse ele, com a voz sem emoção.

– O que?

– Eu quero ir pra casa.

Pisquei, mas não respondi imediatamente. Casa? A princípio me senti um pouco ofendida, não estávamos todos em casa com ele? Não éramos uma espécie de família pra ele? Então olhei para o seu rosto, tão sério e inexpressivo e por um momento senti vontade de chorar. Ele ainda estava tão perdido, tão carente...

– Bill.... – Eu disse com minha voz trêmula – Isso é... hum... bem, eu sei que você quer voltar mas... eu não sei como...

– Alley! – Louise gritou subindo as escadas, interrompendo nosso momento – Não vamos deixar o pobre rapaz esperando a noite toda!

Olhei para trás e para frente entre Bill e a porta. Eu não podia deixá-lo agora, não nessas condições... e com certeza não no momento que ele estava começando a se abrir depois de semanas.

– Ei... – Eu disse suavemente – Nós precisamos conversar. Eu vou dizer ao Oliver que não posso sair hoje a noite – Levantei-me e fui para a porta.

– Não – Ele disse agarrando meu braço – Não se preocupe com isso... comigo. Eu só estou um pouco sobrecarregado agora... podemos conversar mais tarde.

– Bill, não! – Eu insisti – Oliver não vai se importar.

– Alley – Ele disse bruscamente – Eu já disse pra não se preocupar... ou melhor, esquece tudo o que eu falei.

– O que? Bill! – Eu disse em desespero quando ele se virou para sair – Bill, o que tem de errado? Por favor me diz o que está acontecendo!

– Eu disse pra você esquecer – Ele se afastou me deixando olhar perplexa e de boca aberta o espaço vazio de sua partida. Pisquei várias vezes sentindo lágrimas quentes por trás das pálpebras, sentindo-me impotente e com raiva.

Desci as escadas lentamente, esperando que meu estado de espírito não estivesse estampado em meu rosto. Droga, por que eu estava me sentindo assim? Eu sei que não é facil estar longe de casa, mas isso nunca pareceu afetá-lo tanto antes... qual era o problema dele? Eu estava tentando ajudar e ele fica agindo como uma criancinha mimada.

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– Oi – Eu murmurei para Oliver, forçando uma careta que eu esperava fervorosamente que se passasse por um sorriso.

Ele sorriu e me estendeu a mão.

– Vamos?

Balancei a cabeça em afirmação segurando sua mão.

– Te vejo depois, Louise. E... ele não está se sentindo muito bem... – Acrescentei com cuidado – Você pode ir lá ver como ele está?

– Sim, eu vou – Ela sorriu com simpatia – Divirtam-se - Ela fechou a porta atrás de nós enquanto caminhávamos até o carro de Oliver.

– Quem não está se sentindo bem? – Ele me perguntou antes de abrir a porta do passageiro.

– Ahn... – Eu disse, já lamentando a decisão de sair com ele. Eu já to até vendo que vou ficar me preocupando com Bill o tempo todo e não vou me divertir. – O meu gato... ele está agindo de um jeito estranho ultimamente.

Oliver balançou a cabeça enquanto entrava no carro e ligava o motor, me oferecendo um sorriso tranquilizador.

– Não se preocupe, ele vai ficar bem. As coisas costumam cooperar para a felicidade no fim.

– Eu espero que sim – Murmurei enquanto olhava para casa pela janela, imaginando o que Bill deveria estar fazendo. – Eu realmente espero que sim.