Dammit, I Love You.

Capítulo 16


- VOCÊ O QUE? – A professora de teatro gritou no telefone.

- Desculpa, professora... – Fingi um espirro. – Mas eu estou muito doente. Então, eu não poderei fazer a peça.

- Mas a peça é depois de amanhã! – Ela retrucou.

- Eu sei e eu sinto muito. Você poderia colocar a Carolina no meu lugar. Ela está bem animada com isso. – Sugeri.

- Ok, eu vou ver o que posso fazer... – Ela disse e desligou.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Eu havia avisado muito em cima da hora para pegar todos de surpresa. Sim, eu adoro um drama.

Queria ver se alguém iria sentir a minha falta.

Eles mal teriam tempo pra ensaiar com a nova Julieta. Mas, a Carolina disse que sabia todas as minhas falas, então isso não seria um problema para ela.

Como se eu me importasse com os problemas dela, mas ok.

A Helena era a única que sabia da minha falsa doença. Eu fiquei trancada no meu quarto até chegar o dia da peça com Helena me trazendo alimentos. Até que foi divertido.

Eu pude ouvir a raiva de Romeu quando descobriu que eu não faria mais a peça.

- MAS A PEÇA É AGORA. COMO ASSIM ELA DESISTIU? – Ele gritou com Helena.

- Ela não desistiu, Romeu. Ela está doente.

- Só se a doença dela for estupidez, né! Porque aí sim ela estaria MUITO doente. – Ele falou. A minha vontade foi sair daquele quarto e dar umas boas respostas para ele, porém, para o meu plano funcionar, eu não poderia fazer aquilo.

Depois de um tempo, todos foram pra escola e eu fiquei no computador.

Fui pegar meu diário e estranhei quando um papel caiu no chão. Me abaixei para pegá-lo e me deparei com a foto que eu e Romeu havíamos tirado em Londres.

Um pequeno sorriso se formou em meu rosto e, de repente, me deu uma vontade enorme de assistir àquela peça.

Então, mesmo correndo o perigo de estragar o plano, fui para a escola.

Quando eu cheguei lá, a peça já havia começado.

Me escondi em um lugar escuro atrás das últimas poltronas e fiquei lá assistindo.

Todos estavam se saindo muito bem. Uma vez ou outra, riam daquela situação constrangedora, mas não esqueceram nenhuma fala.

Eu ri bastante quando chegou a hora da cena na varanda. Por mais que Romeu dissesse que eu não tenho nada a ver com a Julieta, Carolina conseguia ser pior do que eu.

Ela fazia tanto drama que tornava as cenas engraçadas.

Quando eu percebi que iria chegar a última cena, a que Carolina teria que beijar Romeu, meu coração começou a bater mais rápido.

Eu fiquei transtornada, sem saber o que fazer.

Foi aí que eu agi com o coração e não com a mente.

Saí correndo para entrar nos camarins que estavam vazios.

Peguei um vestido de época e vesti mais rápido do que o Flash.

Carolina já estava prestes a entrar em cena quando eu apareci.

- Julieta? – A professora me avistou.

Todos viraram para me encarar, inclusive Carolina que pareceu estar muito irritada com a minha presença ali.

- O que você ta fazendo aqui? – Ela perguntou.

- É, você não estava doente? – A professora concordou.

- E-Eu... Eu fui ao médico e ele me receitou um ótimo remédio. Eu não queria decepcionar a senhora. – Menti. – Por favor, me deixe fazer essa cena.

Ela estava meio relutante e eu tentei convencê-la ainda mais:

- Os meus pais não estão aqui e eles sempre sonharam que eu fosse uma grande atriz. Quando eles ficaram sabendo dessa peça, quase imploraram para eu gravar e mandar para eles. Eu não posso simplesmente decepcioná-los e dizer que eu não participei da peça porque estava doente. Isso significa muito para eles. É como dizem: não importa o que aconteça, o show deve continuar. (n/a: Rachel Berry feelings LOL)

- E-Eu... – Ela relutou novamente. – Tudo bem, vá lá e arrase.

Eu lhe dei um grande sorriso e me preparei para entrar.

A última coisa que eu vi foi Carolina ficar vermelha de tanta raiva.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Respirei fundo e entrei no palco.

Estava tudo escuro e silencioso. Me deitei ao lado de Romeu, que estava com os olhos fechados, e esperei a cortina se abrir.

Ouvi algumas das pessoas da plateia questionarem.

Eu os entendia, era meio confuso aparecer uma Julieta completamente diferente da outra a que você estava acostumado.

Mas eu não liguei para isso, continuei com a cena.

Fingi despertar e me ajoelhei ao lado de Romeu.

A gente não havia ensaiado aquela cena enquanto eu estava na peça, mas eu já havia lido o livro e visto o filme tantas vezes que já tinha decorado tudo.

Comecei o choro e desespero de Julieta ao encontrar seu grande amor morto.

Então, chegou a hora do beijo.

Eu peguei a cabeça de Romeu com delicadeza, fechei os olhos, respirei fundo e o beijei com carinho.

No instante em que nossos lábios se tocaram, um choque percorreu o meu corpo, me fazendo esquecer de toda a platéia e do que eu estava fazendo.

Romeu também deve ter esquecido completamente onde estava, pois retribuiu e aprofundou o beijo.

Logo, seu personagem que era para estar morto, pôs sua mão em meu rosto e acariciou minha bochecha.

A plateia começou a rir, provavelmente percebendo o que estava acontecendo ali.

Por mais que meu coração batesse muito forte e minha boca não quisesse desgrudar da boca de Romeu, eu tive que interromper o beijo.

Olhei para Romeu, arfando.

Ele me olhou e sorriu. Depois, lembrou que estava no meio de uma peça e voltou a se fingir de morto.

Eu continuei com a cena, mas minha mente não conseguia parar de pensar naquele beijo.

Depois da peça, todos já haviam ido embora e eu ainda estava ali.

Fiquei sentada no palco, olhando para todas aquelas poltronas vazias.

Então, uma lágrima escorreu dos meus olhos.

Me assustei quando Romeu se sentou ao meu lado e enxuguei rapidamente aquelas lágrimas.

- Hey. – Ele disse. – Por que ta aqui sozinha?

- Estava pensando...

- Em que? – Suas sobrancelhas se juntaram, formando pequenas rugas em sua testa.

- É que... Eu só queria que meus pais estivessem aqui, sabe? Às vezes eu me sinto meio sozinha. – Desabafei.

- Do que você está falando? Você não ta sozinha. Seus amigos estão aqui com você... – Ele sorriu para mim. – Eu to aqui com você.

Eu peguei suas mãos e, olhando nos seus olhos, falei:

- Obrigada, Romeu. Obrigada mesmo.

- De nada. Sempre que precisar, eu estou aqui. É pra isso que os amigos servem, certo? – Ele disse.

Eu sorri para ele e perguntei:

- Romeu... Por que você está sendo tão legal comigo?

- Bom, Julieta, você precisa aprender que eu consigo ser bem legal às vezes. – Ele riu.

Ficamos um minuto em silêncio e, quando eu percebi, estávamos inclinados um para o outro, prestes a nos beijar.

Meu coração batia muito rápido e a minha respiração estava falhando.

Nossos lábios estavam quase se tocando e...

- AH, AÍ ESTÃO VOCÊS! – Helena apareceu do nada.

Nos separamos rapidamente e eu consegui sentir minhas bochechas ficarem vermelhas de vergonha.

- Tava todo mundo procurando vocês pela escola inteira! Vamos logo! O povo quer fazer um jantar só para o elenco da peça na casa do Eduardo, já que os pais dele estão viajando. – Helena disse. Logo depois, ela sussurrou para mim: - Talvez você possa até dormir lá, Julieta.

Infelizmente, Romeu conseguiu ouvir aquilo e eu o vi fechando o punho, com raiva.

A minha vontade era me tacar nos braços de Romeu naquele momento, mas eu não poderia estragar meu plano de usar o Eduardo para fazer ciúme nele.

Porque, cá entre nós, ele já estava dando certo.