Harry Potter e a Arma de Slytherin
Capítulo 27 – O aviso de Sirius
Nas últimas semanas Alvo andara mais tranqüilo. Tentava esquecer os motivos pelos quais tanto havia se estressado recentemente. Às vezes se irritava com Luana e Rose, que o procuravam quase todos os dias, com a desculpa de que queriam ajudá-lo de alguma forma a vencer seu obsessivo costume de falar com os mortos. No fundo, ele tinha a certeza de que estavam ainda mais preocupadas em tentar afastá-lo de Scorpio.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Era um início de tarde aparentemente perfeito para um início de semana. Enquanto a maioria dos alunos aproveitava o dia ensolarado do lado de fora do castelo, Alvo estava na biblioteca, sozinho, na seção restrita. O Tabuleiro Branco ao seu lado permanecia apagado, opaco e vazio, sem nenhum sinal a mais. Alvo, cansado de tanto estudar e não resistindo a tentação de novamente mexer no objeto, apontou sua varinha a ele, com certo receio:
– Alguém?
O Tabuleiro apenas esfumaçava sua superfície, de modo que sua cor ficava cada vez mais inerme. Alvo começara a ficar irritado. Aquilo nunca havia acontecido antes. Até o dia anterior o artefato funcionava normalmente.
– Alguém aí, fale comigo!
Ao término de sua frase, palavras grandes e grossas se formaram subitamente no plano:
"Livre-se disso, Alvo. Livre-se do Tabuleiro Branco."
O garoto não sabia se o que via poderia ser verdade. Algum de seus conhecidos mortos estava mesmo pedindo para ele se livrar no único meio de comunicação que poderia haver entre eles? Ainda com a varinha na mão, Alvo prosseguiu a conversa:
– Me livrar do Tabuleiro? Por quê?
"Apenas faça isso."
– Espere, primeiro explique-me o porquê!
As palavras começaram a enfraquecer, ficando difícil de enxergar algumas letras:
"Não t..nh... muit... tempo. El.. pode... voltar."
– O que pode voltar? Tente me explicar, por favor. – Alvo estava determinado a descobrir porque todo mundo parecia repudiar a tábua mágica desde que falou com Luana.
"E... não é... quem vo... pensa que é. Eu imploro! Fique junto dos amigos. Os verdadeiros amig...s."
– Tudo bem, tudo bem. – Alvo sentiu um arrepio passando por suas costas. – Ao menos diga-me quem você é!
"Almofadinhas."
E as letras do tabuleiro desapareceram por completo. Alvo pôs a mão sobre a tábua, e ela pareceu estar mais gelada do que o de costume. A seção restrita era pequena, com apenas uma janela no canto, o que tornava o ambiente ainda mais escuro. O lampião ao seu lado simplesmente se apagou. Alguns livros em cima da estante se moveram. Quando Alvo pensou em deixar o lugar, o tabuleiro caiu no chão, causando um terrível baque contra o piso de pedras. Estranhamente, o garoto começou a sentir sono. Pegou o objeto e colocou debaixo do braço. Saiu da biblioteca, pensando em mais nada a não ser em se jogar em um sofá qualquer.
No corredor, alguns alunos da Grifinória liam o Profeta Diário, e discutiam a difícil situação em que o Ministério se encontrava. O ministro, Kraven Norington, estava prestes a perder o cargo. Se não perdeu ainda, foi pela ajuda recebida por outros bruxos influentes. Dolores Umbridge freqüentemente tentava abafar os ataques ocorrentes nos vilarejos, afirmando para a imprensa que "o ministério já estava agindo".
Rose Weasley estava sentada no primeiro degrau da escada principal. Acabara de falar com o irmão mais novo, Hugo, que lhe pedira ajuda com a tarefa. Alguns instantes depois, Luana apareceu, segurando um livro de Feitiços.
– Rose, você viu o Alvo por aí?
– Não. Deve estar na biblioteca, como sempre.
– Não está, acabei de voltar de lá.
Rose levantou a sobrancelha.
– Já procurou no campo de quadribol? Ele pode estar treinando.
– Hoje o campo está reservado para o treinamento da Lufa-Lufa. – Luana fez um bico de descontentamento. – O último jogo da temporada será daqui alguns dias, pouco antes de as aulas acabarem.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Sonserina contra Lufa-lufa, argh! – Rose sorriu falsamente. – O que pode ser pior?
– Eu não sei. – Luana deu uma risada. – Tiago deve estar arrasado. A Grifinória perdeu todos os jogos desde o início do ano. Poxa, todos confiavam nele como apanhador. Foi só o irmão entrar para o time adversário, que logo perdeu o pique.
– Tenho pena é do Alvo.
– Pena por quê? – o sorriso de Luana se desfez.
– Eu desconfio que esteja doente, ou sei lá. Deprimido, talvez.
– Ah, me poupe, Rose! Ele está é "sonserinizado"! Virou um babaca, e não quer admitir! Às vezes eu tento ajudar, mas ele só dá mancada! Esses dias o vi chorando na Torre de Astronomia, igual um bebê. Depois daquilo, até pensei que ele estivesse disposto a mudar, mas ontem mesmo eu o vi azarando o Jack, que é nascido trouxa.
– Mesmo assim tenho pena, sabe. Ele é meu primo, não consigo ter raiva. – Rose ficou muda por alguns instantes, mas resolveu continuar. – Você gosta dele, não gosta?
– Não! – Luana arregalou os olhos. Suas bochechas enrubesceram. – Até gosto. Mas é um gostar de amiga, apenas isso.
– Sei. – Rose riu.
– Óbvio! Como eu poderia realmente gostar de um sonserino psicopata?
– Agora ele é psicopata? – Rose riu ainda mais. – Você gosta sim, confesse.
– Chega desse assunto. – Luana cerrou os dentes, irritada.
– Se não foi para uma declaração de amor, estava procurando ele com que objetivo então? – disse Rose, em tom provocativo.
– Eu iria apenas devolver este livro idiota! – Luana ergueu o livro que segurava. Falou tão alto a ponto de que os alunos que passavam à sua volta a olhassem, surpresos.
– Não está mais aqui quem perguntou. – Rose levantou da escada, e mandou um beijo invisível. Deixou escapar mais um riso, então foi para fora do castelo.
Luana Morrigan estava vermelha. Sentiu vontade de largar o livro no chão e esquecer que a melhor amiga fez uma suposição daquelas. Alvo Severo Potter não saía de sua mente desde que o mesmo a chamou de sangue ruim, no aniversário de Harry há vários meses atrás.
Passaram-se a aula de Herbologia e aula de Defesa Contra a Arte das Trevas. E nada de o garoto aparecer. O sol estava prestes a se por. Matar aula não era uma atitude comum vinda de Alvo, que sempre fora tão obcecado por estudos avançados. Luana pediu a Rose para que perguntasse aos alunos da Sonserina sobre o paradeiro do amigo. Todos a responderam secamente, afirmando terem-no visto na Torre de Astronomia, dormindo. Quando Luana soube, bufou de raiva. "Fiquei procurando o moleque o dia inteiro, droga!", pensou.
A Torre estava aparentemente vazia. Luana subiu as escadas, ainda com o livro de Feitiços nas mãos. Olhou para o canto do local e notou Alvo deitado próximo a janela. Quando se aproximou, conseguiu reparar uma garrafa ao lado dele, contendo uma substância semelhante a suco de maçã.
– Está aqui o seu livro. – disse Luana, colocando o livro ao lado do garoto. – Me lembre de jamais voltar a lhe pedir algo emprestado. Esse seu livro está coberto de rabiscos e desenhos esquisitos! Mal pude lê-lo!
O garoto não respondeu nada. Estava de olhos abertos, porém, parecia cansado.
– Bons sonhos pra você. – continuou Luana, agora com as mãos na cintura. – Fica aí matando aula... Oras, onde já se viu!
– Não... Não matei aula. To tranqüilo. – Alvo finalmente falou, sorrindo levemente. – Não sei se você sabe, mas o Almofadinhas era padrinho do meu pai.
– O que?
– Um, dois, três, quatro... – Alvo soluçou. – Eram quatro amigos, marotos. Meu avô era o melhor amigo dele. Hoje me pediu pra ficar junto dos verdadeiros...
– De que diabos você está falando, garoto? – interrompeu Luana, já farta das confusões do amigo. – Você parece um trouxa bêbado! O que tinha nessa garrafa?
Alvo pegou a garrafa a seu lado, lentamente. Revirou-a várias vezes, como se tentasse procurar algum defeito.
– Ah, nada não. Scorpio me disse que era bom pra relaxar.
Luana respirou fundo, e logo reparou que o garoto estava deitado em cima de algo semelhante a uma tábua branca. Já supondo do que se tratava, se abaixou, furiosa.
– Vai me dizer que voltou a mexer com essa coisa?
– Não to mexendo com nada. Eu só mexo com meu cérebro. – Alvo apontou o dedo para a testa.
– Pare de ser retardado, e me entregue isso agora! – Luana tentou puxar o Tabuleiro Branco de baixo do garoto. – Você não vai mais mexer com isso, já disse! Vamos, me entregue!
– Não! – Alvo levantou-se rapidamente, e pegou o tabuleiro, tentando se esquivar da amiga de todas as formas. – É meu!
– Não, essa coisa é da professora Shaw!
– É coisa da escola! E o material da escola está disponível para o aprendizado de todos os alunos! – Alvo rodopiou, e bateu contra o telescópio. – Posso usar quando eu quiser!
– Acontece, Alvo, que você não está mais usando. Você está dependendo disso. – Luana deu um puxão no tabuleiro, causando um grande impacto contra o garoto. – Peguei!
Os dois caíram no chão, para o outro lado. Luana finalmente agarrou o objeto. Alvo deitou ao seu lado, sossegado como um bom perdedor, e suspirou:
– Você venceu. Se eu soubesse onde está minha varinha, teria lhe derrotado facilmente.
– Não seja convencido, Potter! Estou decidida a impedir que você se afunde ainda mais por causa desse...
Antes que Luana pudesse terminar sua frase, Alvo lhe deu um beijo. Um beijo simples, porém profundo. Luana ficou muda e estática, como se o tempo ao seu redor tivesse parado. Alvo deu um sorriso, e rapidamente tirou o Tabuleiro Branco das mãos da garota, que piscou repetidas vezes, se dando conta do que acabara de ocorrer.
– Ah, era o que você queria, não? Um beijo. – Alvo se levantou, carregando o objeto causador da discussão. Juntou a garrafa do chão, e foi até a saída, andando em curvas. Luana pode ouvir o barulho da garrafa quebrando, assim que o amigo terminou de descer as escadas.
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