Meus olhos se abriram para uma luz forte. Eu estava deitada numa cama de hospital.

– Que bom que você acordou – era William que falava, sentado numa cadeira no canto do quarto.

– O que você fez comigo? – perguntei, notando que no meu braço machucado havia uma sutura enorme. Daqui a pouco vou virar o próximo Frankenstein, pensei.

– Nada. Apenas te trouxe pra cá.

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Algo me dizia que ele falava a verdade.

– O que você acha que eu sou, Lyric Angel? – perguntou. Mirei seus olhos cor de âmbar. Comecei a ficar nervosa de novo.

– Sei lá. Só um cara... muito forte... e... que tem mania de sangue...? – minha voz foi sumindo.

Seus olhos brilharam.

– Acredite, você está muito longe da verdade – ele riu.

Não sei por que, mas aquilo me fez sentir um calafrio.

– Então você... – A porta se abriu antes que eu pudesse terminar de perguntar.

Era um médico.

– Ah, então você acordou – era um médico jovem, bonito até. Devia ter uns trinta anos.

Ele se aproximou e fez alguns exames – nada muito trágico, só perguntou como eu tinha me machucado daquele jeito.

– Ela estava correndo para pegar o ônibus escolar quando tropeçou e caiu na vitrine de uma loja – William mentiu antes que eu pudesse responder. Arregalei os olhos, mas ele levou um dos dedos à boca, me dizendo para ficar quieta.

Ele queria dizer, “me deixe falar ou sofrerá as consequências”.

Decidi ceder pelo menos uma vez.

– Entendo – disse o médico – parece que foi um corte bem feio – ele disse, erguendo o meu braço e examinando-o. – E depois você disse que ela começou a ter uma hemorragia. Certo. – ele pegou alguns papéis, vi que eram resultados de exames. – Parece que Lyric tem, de fato, uma anemia leve.

Pisquei. Isso era bom ou ruim?

– De qualquer modo, foi bom você tê-la trazido rapidamente. – ele tomava notas agora. – Está sentindo alguma coisa, Lyric?

Eu estava bem, até, fora a pressão psicológica, diga-se de passagem. Pelo canto do olho, vi que William analisava cada movimento meu e cada palavra que eu diria.

– Na verdade, estou bem – tive que sorrir.

– Certo, então vou lhe dar alta. William, cuide de sua irmã. Ela precisa repousar, pelo menos por hoje.

Era demais para mim. Me sentei na cama, pronta para levantar.

– Ele não é meu irmão! – gritei. – Foi ele quem fez isso comigo!

O médico olhou de mim para o garoto, confuso.

– Ela bateu com a cabeça, também – de repente o olhar que recebi foi tão cruel que eu quis desmaiar de novo, só para não encará-lo.

– Não se preocupe, você vai ficar bem – disse o médico, me ajudando a levantar. – Pode ir para casa.

Então duas coisas aconteceram praticamente ao mesmo tempo: o médico saiu e Drake entrou.

– Drake! – gritei, sem esconder minha alegria ao vê-lo ali. Finalmente alguém que era meu amigo!

– Lyric! – ele me abraçou com carinho. – Ouvi dizer que você estava aqui, o que aconteceu?

Foi quando vi. William já estava em pé, os braços cruzados, encostado na parede. Então tudo aconteceu muito rápido. De repente Drake me puxou para seu colo e disse para eu me agarrar nele com toda a minha força. Assim que o segurei, meio zonza, William investiu contra Drake, tentando me arrancar dele.

Aquilo era um problema. William era, provavelmente, mais forte do que Drake.

– Aguente firme, Lyric – Drake disse, a voz enfraquecendo. – Use toda a sua força.

Fiz o que ele disse. Enrosquei-me nele com força. Senti as mãos de William me segurando, me puxando. Fechei os olhos com força, como se aquele fosse um pesadelo.

Como eu queria que fosse um pesadelo.