12 anos em 12

O jantar, parte 1


PAULA

As semanas passam, tanto eu quanto ele temos nos falado mais, até rido mais. Vitor é bem mais do que posso esperar. Pensar que ele me magoou tanto, que desejei que ele jamais tivesse existido e agora... só desejo que entre nós as coisas se resolvam. Estamos mais próximos, cogitamos até jantar juntos, que já é um grande avanço visto que antes eu não suportava nem mais falarem o nome dele.

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“No telefone...”

Vitor:- Paula, Henrique não te procurou mais?

Estamos conversando já faz um tempo, ainda resolvendo algumas questões do ECAD, e lá vem ele com estas perguntas:- Não. Vitor, você vai começar com isso agora?

Vitor:- Tudo bem, só queria saber. Você vem para Uberlândia, como combinamos? Paula é só um jantar para amigos... Haroldo estará aqui.

Respiro fundo, a ideia de encontrar ele e anima, mas também preocupa:- Ok, eu irei. Mas não vamos falar mais disso.

Vitor:- Estarei te esperando. Vai ser na casa da minha mãe...

Interrompo:- Espera, a sua família estará? Vitor nós combinamos ir com calma...

Ele me interrompe dessa vez:- Paula é para amigos, minha família estará, mas somente os...

Corto-o:- Vitor, por favor, nós já conversamos. Sua família sabe o que houve entre nós, estarmos nos aproximando não quer dizer que temos que correr com tudo.

Vitor:- Não estamos correndo. E o convite é pelo Leo também, sem contar que ninguém não tem nada a ver conosco, com o que estamos fazendo das nossas vidas.

Não sei mais como argumentar com Vitor:- Vou pensar sobre isso.

Vitor:- É só um jantar. Você não vai se arrepender e se não estiver se sentindo bem, você vai embora. Vou entender.

Ele me convence:- Estarei aí.

Vitor sorri:- Que bom.

Resolvo desligar o celular, odeio quando ele me contraria:- Tenho que desligar, depois nos falamos.

Mal espero ele responder. Ainda estou no Hotel, terminei uma apresentação há poucas horas.

Cintia:- Paula vamos sair para BH daqui 2 horas, resolveram ir agora de madrugada.

O jantar é hoje, por esse motivo não irei para Belo Horizonte:- Vou para Uberlândia, arruma um Hotel para mim lá.

Cintia:- Paula, você já está se encontrando com Vitor?

Fito-a:- Não é um encontro, é mais um convite, do Leo também.

Cintia:- Você quem sabe. Vai ficar lá por quantos dias? Shows agora só no final de semana.

Penso na hipótese de ficar mais tempo lá do que espero:- Não sei. Vou levar essa mala mesmo. Ah... preciso de um vestido para esse janta.

Cintia me ajuda escolher. Como é com a família dele, não posso de maneira alguma estar mal apresentável.

Cintia:-Ainda bem que você trouxe este.

Concordo com a cabeça:- Está lindo.

Cintia sorri:- Vou ver uma reserva de Hotel para você, e o voo também.

Estou em São Paulo, capital. Daqui à Uberlândia não demora muito. Cintia consegue um voo ás 8:30h da manhã:- Quando eu chegar lá, ligo para avisar.

Me despeço dela e vou. Pouco tempo depois pouso e Uberlândia, o aeroporto aqui não está lotado o que facilita minha entrada na cidade. No momento em que chego ao Hotel, Vitor me telefona:- Alô?

Vitor:- Qual Hotel você está?

Penso se devo dizer á ele, talvez não tenha problema:- Falther.

Vitor:- Irei te buscar para almoçarmos.

Chego ao quarto:- Não precisa, peço algo aqui no Hotel mesmo. Mais tarde nos veremos.

Vitor:- Paula, você está na minha cidade e não vai me fazer desfeita, vai?

Realmente quero vê-lo de novo, e logo:- Tudo bem pode vir.

Vitor:- Daqui uns minutos estarei aí.

Desligo o celular e vou pro banho. Minha vontade de estar com ele de novo é maior que o cansaço. Me apronto e aguardo me notificarem da chegada dele:- Ué, serviço de quarto agora?

Vitor:- Você está muito bonita. Alias sempre preferi você sem maquiagem.

Fico surpresa por não terem me avisado que ele estava subindo:- Como você subiu?

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Vitor:- Eles já me conhecem. Vamos?

Pego minha bolsa e saímos rumo ao elevador.

Vitor:- Tem preferência de algum restaurante aqui?

Quando Vitor está por perto tenho uma certa dificuldade para me concentrar:- Não. Você escolhe.

Ele se aproxima, esse perfume mexe comigo. Sorrio para ele. Enfim saímos, ainda bem porque é muito difícil suportar Vitor do meu lado dessa maneira.

VITOR

Se Paula soubesse o quanto mexe comigo. Quando entramos no carro, sinto ela um pouco distante:- Algum problema?

Ela sorri pra mim:- Nenhum.

Uberlândia está ensolarada, e resolvo fazer um convite:- Você quer ir pra Fazenda hoje?

Ela me olha:- Vitor...

Como já sei o que ela dizer, resolvo corta-la:- Paula o fato de darmos tempo ao tempo não quer dizer que devemos fugir um do outro. Quando as coisas acontecem, acontecem de forma natural, a gente não prevê nada. Olha aí... é só um dia normal, estou te convidando para ir à fazenda, eu sei que você sempre adorou ir lá.

Paula:- Vitor o tempo passou, mas tem certas coisas que não passam. Nós estamos nos aproximando, mas onde isso vai dar?

Não consigo compreender muito bem o que ela disse:- Paula eu...

Paula:- Vitor eu sinto falta de alguém.

Não vou suportar mais uma vez ela ir embora:- Não quero atrapalhar sua vida, nem te prender a isso.

Paula:- Escuta... você não me prende, mas não posso me deixar envolver toda vez que você está perto. Vitor entende de uma vez que entre a gente tudo é muito complicado, é delicado e...

Ela para de falar quando percebe eu não estou muito a vontade:- Chegamos.

Assim que entramos no restaurante algumas pessoas nos olham diferente, vou até o atendente:- Uma mesa em local reservado.

Ele nos guia atém local distante das de mais mesas. Nos sentamos e percebo que Paula me observa enquanto escolho o vinho.

Paula:- Desculpa.

Fecho a cartilha e me aproximo da mesa:- Se você pensa em estar com outra pessoa, se vai te fazer feliz isso, acho uma boa.

Paula também se aproxima:- Não vamos falar disso. Esse lugar é muito bonito.

Havia escolhido porque sabia que ela iria gostar, mas não falo:- Sim.

Fazemos nossos pedidos e o vinho chega.

Paula:- É muito bom.

Aprovo com a cabeça. Ficamos calados por minutos.

Paula:- Vitor, você vai ficar o tempo todo assim?

Olho para ela:- Assim? Estou normal.

Paula:- Não, você não está. Vitor eu disse aquilo por dizer, é que é tudo tão complicado. Não quer dizer que eu vá procurar alguém, ou que eu esteja com alguém...

Os pedidos chegam. Me preparo para comer:- Paula, você se importa de ir de táxi pro jantar?

Ela deixa os talheres de lado:- Não.

Olho para ela:- Não vai comer?

Paula:- Perdi a fome. Você não precisa agir assim, eu já te expliquei. Queria que tudo fosse mais fácil pra nós dois, mas não é. Você está aí, saindo de um casamento que não só destruiu você, mas a mim também. Você tem que repensar suas atitudes, vem até a mim todo frágil e agora está tão duro. Não é assim Vitor que as coisas se resolvem.

Largo os talheres. Ela continua:- Você tem que se permitir alguém amar.

Não sei o que responder:- Vou pedir a conta.

Ela mexe na bolsa:- Eu pago.

O atendente chega e eu pago, contrariando ela que se levanta e sai na frente. No carro ficamos calados, o sinal fecha:- Paula...

Ela não me responde, coloca a mão sobre ela:- Sinto falta de você.

Sinto que ela se retrai mas mesmo assim não me responde, retiro a mão e engato o carro, o sinal abriu. Minutos depois chegamos ao Hotel:- Leo sabe que você está aqui, provavelmente ele te ligue para marcar algo.

Ela retira o cinto e se vira:- Quer subir?

Fico surpreso com o convite:- Tenho uma ideia melhor.

Paula:- Diz.

Proponho:- Por que não assistimos a um filme?

Ela sorri:- Tudo bem. Eu escolho...

Sorrio para ela:- Trato feito. Sobe e pega suas coisas, vamos ao meu apartamento.

Paula:- Só um filme...

Sinto-a bem categórica:- Como preferir...

Espero ela recolher algumas coisas e partimos. Assim que chegamos...:- Entra.

Paula entra:- Obrigado.

Percebo que ela começa observar o apartamento.

Paula:- Muito bonito.

Me aproximo dela:- Sim. Quer conhecer? Vem...

Saio andando, guiando ela pelo apartamento:- Não é muito grande.

Paula ri:- Pelo menos é arrumado, você sempre foi um pouco sistemático mas bagunceiro.

Rio:- Sim. Mas tenho uma grande ajuda aqui, Diva. Ela deve ter saído, vai adorar você aqui, é sua fã.

Paula:- Ah... que legal!

Abro uma das portas do corredor:- Esse é um quarto onde guardo meus violões...

Paula aponta:- Olha ali o meu...

Olho em direção:- Sim, foi o que arrematei. Mas agora é meu.

Paula ri:- Sim. O que tem ali no canto?

Paula é observadora demais. Vou lá retiro as caixas:- São cassetes.

Ela vem até mim:- Posso ouvir?

Retiro alguns de dentro de uma das caixas:- Vou arrumar o DVD para vermos, pode mexer. As caixas estão separadas, estão escritas. Dividas em músicas já divulgadas e outras não. Ali está o tocador, fica a vontade.

Paula:- Ah não. Vamos terminar de ver seu apartamento, arrumamos o DVD e depois venho ouvir com calma.

Aprovo com a cabeça e guio ela até meu quarto:- E esse é meu quarto.

Paula olha pela porta:- Grande.

Rio:- Sim. Um pouco...

Ela ri e entra:- Tenho uma curiosidade, suas roupas onde ficam?

Entro em seguida dando risada:- Vem aqui.

Levo ela a um closet:- Ficam aqui, e ali é o banheiro.

Paula ri:- Desculpa Vitor, mas tinha curiosidade de saber onde você guardo tudo.

Tiro a carteira do bolso:- Sem problema.

Ela sorri e me observa:- Vamos então ver o DVD?

Pego meu celular que está vibrando:- Sim, vamos indo. (SMS)

Paula se vira:- Algum problema?

Guardo o celular:- É meu advogado. Vou ligar para ele do telefone residencial mais tarde, daí ele retorna por ali. Deve estar com problemas na rede.

Paula:- Ah...

Fomos para a sala e ajeito a TV:- Escolheu o filme? (Percebo que ela está com a bolsa, rio) Fica a vontade Paula.

Ela sorri:- Já trouxe muita gente para cá?

Agora percebo a situação:- Paula, não veio nenhuma mulher aqui. Não morava aqui com a Cláudia também.

Ela se senta:- Entendi.

Aponto para ela:- Ali estão os filmes, se nenhum te agradar avisa que peço para trazerem.

Ela se senta e começa a escolher, vou até a cozinha beber uma água:- Vou pedir uma comida mediterrânea pra gente, você gosta não é?

Ela se levanta com um filme na mão:- Sim, eu adoro. E que bom, porque nem almoçamos.

Vou ao telefone e faço o pedido:- Sim.

Vejo ela ajeitar o DVD. Desligo o telefone e me sento:- Pronto?

Paula ri:- Sim.

Ela se senta ao meu lado. É difícil encontrar o entrosamento de 12/13 anos atrás:- É muito bom esse autor.

Paula olha para mim:- Adoro ele.

Ela se concentra novamente no filme. A campainha toca, é a comida. Ajeito uma pequena mesa no meio da sala, ela me ajuda:- Vou pegar um vinho.

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Ao retornar Paula está ajeitando detalhe por detalhe, é incrível o perfeccionismo, me faz rir.

Ela olha para mim:- O que foi?

Me sento:- Nada. Pega aqui sua taça.

Paula alcança a taça e segura enquanto coloco o vinho:- Desse jeito vou ficar bêbada.

Sorrio:- Pode começar comer...

Ela começa a tocar as comidas. Revelo uma coisa:- Não sei mexer com esse molho aqui.

Paula ri, e é tão ouvir:- Me dê aqui. (Ela vai mostrando) Você pega essa pastinha aqui (ela pega) passa esse primeiro molho, me passa essa espátula... (entrego a ela) e depois você esse molho aí. (Ela ri)

Estico o braço para pegar, ela interrompe:- Não, está errado...(ri) vai cair o molho todo assim, abre a boca (faço e ela coloca rindo)

Sorrio:- Esse trabalho todo para comer esse pedacinho (rio)

Paula pega a taça de vinho:- Bebe o vinho, fica muito melhor. Esse primeiro molhinho é um pouco amargo.

Faço o que ela diz:- Vou tentar fazer agora.

Começo e ela logo ri, paro e olho para ela:- Que foi?

Paula:- Vitor é o molho branco, depois o vermelho.

Encaro ela:- Qual a diferença da ordem?

Paula:- Toda, um é mais denso que o outro.

Faço o que ela disse:- Sua vez, experimenta aí.

Paula estende a mão:- Deixa eu ver... (ela pega) Ual (ri) agora já sabe.

Pego a taça e rio:- Quem te ensinou?

Paula leva a taça a boca:- Marcus Vianna.

Sorrio e como novamente:- Legal.

Ela se ajeita no chão:- Vitor, como vai ser esse jantar?

Sinto que Paula está incomodada com o fato da minha família também estar:- Paula é um jantar normal. Uns amigos... Não precisa se preocupar.

Ela pega a taça na mão:- Tenho medo, essa é a verdade.

Paro de comer:- Medo de que? Paula você conviveu com eles, ninguém vai fazer nada contra você.

Paula:- Não é isso Vitor. Tenho medo de não agradar.

Bebo o vinho:- Para de pensar nisso. Deixa o jantar chega, eu já disse que se você não se sentir bem, não me importarei em você vir embora.

Estico a taça e proponho um brinde. Ela questiona:- Ao que?

Me aproximo mais para que minha taça toque a dela:- A uma nova fase entre nós, eu espero.

Ela sorri:- Faremos.

Volto a comer e percebo Paula me observando:- Não quer mais?

Ela se aproxima da mesa:- Tinha me esquecido de como você come bem.

Sorrio:- É... muita coisa não mudou, por incrível que pareça.

Paula:- Não acredito que você tenha mudado, é que assim... é como se eu estivesse te vendo como há 13 anos atrás. Mas eu não pensava assim a alguns meses trás, totalmente pelo contrário.

Termino a refeição:- Quando está junto, nada muda, tudo muda. O que tem á fora se modifica, e o que tem aqui dentro permanece.

Paula:- Exatamente isso. Entranho né?

Me ajeito:- Muito. Prefiro não entender, porque vou acabar complicando mais.

Ela ri:- O filme...

Me viro para a TV. Ela continua:- Você quer assistir? Ou pausamos para você me mostrar os cassetes?

Me levanto rindo:- Vamos lá...

Ela se levanta e vamos até o quarto, me sento perto do tocador e puxa uma poltrona para ela. Paula vai até a janela e abre, rio.

Paula:- Você me conhece. Me deixa ver...

Ela pega alguns na mão e escolhe pela data. Continua:- Coloca esse.

Coloco um cassete de 2006, uma canção que não divulguei. Começa a tocar:- Gostou?

Ela sorri:- Nossa... é tão calminha.

Me levanto e puxo a caixa para meus pés:- Olha essa. (Troco a fita)

Paula:- Você ainda mantém fitas.

Enquanto procuro outras, respondo:- Sim. Ia ser um trabalho muito grande mudar tudo isso.

Paula ri:- Imagino.

Ela se levanta e pega um dos violões:- Posso?

Aprovo:- Claro.

Paula volta a se sentar e acompanha a melodia da fita, observo. Ficamos ali, por horas, rindo como não imaginei voltar a rir. Paula toca suavemente, é envolvente e nesse embalo trocamos algumas ideias.

Paula sorrindo:- Muito bom... Lindo, lindo, lindo.

Dou risada:- Muito obrigado.

Ela se levanta e guarda os violões:- Vou voltar pro Hotel, já que mais tarde tenho um jantar.

Me levanto também:- Mas já? Fica mais um pouco...

Paula coloca o calçado que havia tirado:- Nos encontramos mais tarde.

Estico a mão para levanta-la:- Tudo bem.

Paula sorri:- Obrigado.

Sorrio em retorno:- Paula... foi bom, ótimo.

Paula:- Também achei.

Me aproximo dela, a intenção é beija-la, espero que ela se esquive, mas o contrário acontece.

Continua...