Ruídos de Sangue

Prólogo - Lágrimas da Tarde


Mestre Elrond olhava pela varanda larga de seu palácio na cidade élfica de Valfenda. Vindo da longa linhagem dos Noldors, Elrond o meio-elfo, agora se preocupava mais uma vez. Seus olhos cinzentos fixos no horizonte não demonstravam suas emoções verdadeiras. Uma grande nuvem negra se aproximava de sua querida capital, trovões urravam ao longe perdidos nas montanhas, a floresta intocada que envolvia a cidade estava quieta, assim como a água do rio Bruinen se mantinha calmo.

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Elrond podia sentir cada criatura, cada folha e cada rocha de seu reino, todos pareciam silenciados pelos medos do futuro, todos pareciam andar em passos lentos para o desesperado. Fechou forte seus olhos, e pela primeira vez em muito tempo uma lágrima caiu deles, se lembrou do mundo que vira e do mesmo mundo que tanto mudara, por três vezes, por três eras, mas por algum motivo, ele acreditava que o mundo não haveria de mudar uma quarta. “Celebrían” Disse o elfo, lembrando-se de sua amada esposa nas terras imortais de Valinor, sentia sua falta. Repetiu o nome dela em voz baixa, mais algumas vezes. Chamou-se de tolo e limpou as lágrimas nas mangas longas de sua vestimenta azul, adornado em fios de prata que iam até o chão. Recuperou seu rosto frio, pareceu que perdera as emoções de repente, mas por dentro seu coração se corroia. Virou-se da varanda e se encontrou com sua bela filha, Arwen Undómiel, ela estava em lágrimas, seu lábio inferior tremia, e sua face estava muito branca, tornando seus cabelos ainda mais negros. Elrond se aproximou da filha e fechou-lha em um abraço apertado, um abraço de amor fraterno. Ela chorou em seu ombro, não soluçava apenas deixava as lágrimas caírem do rosto, deixou um tempo que o abraço a esquentasse e falou em voz rouca e abafada pelo aperto do pai.

“Porque o enviou, porque você me faz sofrer pai?”

Elrond permaneceu em silêncio, deixou que a filha reconfortasse se em seus braços. Não gostava da idéia de enviar o herdeiro de Elendil para a missão suicida que era a Sociedade do Anel, mas seu papel nessa guerra seria muito mais do que um simples gesto. Na verdade, todos os homens faziam parte daquilo que estava para acontecer, já não cabia mais aos elfos determinarem a Era, e sim aos mortais que tanto se corrupiam. Elrond ainda temia o futuro.