Sincronicidade

Provocações


Era segunda-feira, a última aula do sétimo ano era História da Magia com o professor fantasma Binns.

Scorpius queria cabular a aula chata, mas era a única matéria que ele tinha com a Rose onde o Peter não estava, significava que ele poderia até dividir a mesa com ela sem maiores problemas, e foi o que fez nesse dia quando chegou à sala e a viu sentada sozinha.

- Você parece bem. – ele disse reparando no rosto triste da garota.

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- Estou bem – ela sussurrou escondendo seu rosto em suas mãos.

- Tem certeza? Nem está anotando nada que o Binns está dizendo – Scorpius voltou a falar reparando que a garota não havia nem aberto seus livros.

- Estou bem – ela voltou a sussurrar agora com a voz abafada.

- Fale.

Ele sabia que ela não estava bem, ela sabia que não estava bem. E quando não se está bem a melhor coisa a se fazer é desabafar, certo?

- Perdi minha pulseira – ela confessou erguendo seu braço onde antes estava a pulseira.

- Aham.

- Peter me deu.

- Que chato.

- Eu já procurei pelo castelo inteiro, nas salas de aula, no campo de quadribol, na cabana do Hagrid, até na floresta proíbida... E nada! Não sei o que vou fazer – ela dizia cabisbaixa.

- É tão importante?

- O que você quer dizer?

- Eu sei que parece que ele te deu com o objetivo de: “Ela é minha, tira o olho”. Mas era só uma pulseira.

- Bem, não acho que o Peter pense assim.

- Você não perdeu de propósito – Scorpius disse meio ansioso.

- Eu sei, mas as coisas não andam muito bem entre a gente ultimamente... – ela parou de falar e o olhou – E você não se importa com isso.

- Claro que me importo – ele confessou.

Ela suspirou e voltou a falar:

- Acho que o Peter vai interpretar mal isso.

- Ele deveria?

- Não – ela disse prontamente.

Ele confirmou com a cabeça e olhou para frente.

- O Peter é um babaca então... – ele comentou.

- O que? – Rose perguntou erguendo a sobrancelhas.

- Se brigar com você por causa dessa pulseira, é só um objeto, não é um sentimento, se ele se importa com isso significa que ele é um babaca.

- O que você sabe sobre sentimentos? – ela questionou.

- Mais do que imagina.

xx

- Eu não sei o significado de nada, olha isso – Lily apontava para seu livro de Historia da Magia – Não consigo ler minhas próprias anotações, aliás nem sei como consegui anotar alguma coisa.

- Ai Lily, pare de reclamar e se concentre – ordenou a prima.

As duas estavam na sala fechada onde na verdade Rose deveria estudar com o Scorpius toda segunda-feira.

- Ta ok! Mas é que o Binns me dá arrepios, e não é pelo fato dele ser fantasma.

Elas escutam a porta bater. Rose estranha e olha pra prima que dá de ombros.

A morena levanta de onde estava sentada e se encaminha para a porta.

- Aonde vai? – perguntou Lily.

- Abrir a porta – Rose disse como se fosse óbvio.

Ela girou a maçaneta e deu de cara com Scorpius carregando uma caixa de papelão lotada de comida.

- Entrega – ele sorriu.

- O que está fazendo aqui?

- Bom, você sabe que eu conheço o quanto gosta de comer, e dar aula particular para sua prima tagarela deve ser cansativo para seu maxilar então resolvi trazer mantimentos. Onde coloco?

Ele perguntou entrando na sala surpreendendo Lily.

- Ei, o que está fazendo aqui? Hoje eu tenho aulas particulares com a Rose e não você! – a ruiva gritou.

Scorpius não respondeu e começou a arrumar a comida em cima da mesa grande do professor dono da sala.

- Merlin! Quanta comida, doze pessoas podem comer isso – Rose exclamou ao lado dele vendo muitas variedades de comida. Eram desde porcarias americanas (batatas fritas, hambúrgueres) até comidas típicas bruxas (pastelão de rim).

- Desculpe Rose, mas eu já te vi comendo, esqueceu?

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- Ta, comida suficiente para seis pessoas – ela admitiu.

- Será que alguém me escuta? – voltou a gritar Lily indo de encontro ao lugar que ambos estavam – Vá embora - ela começou a empurrar Scorpius – Eu quero estudar, Rose!

Lily olhou desesperada para a prima.

Scorpius chegou perto de Rose sussurrou em seu ouvido:

- Estou tentando ser legal com sua melhor amiga, não vai me expulsar daqui, não é?

Rose mordeu os lábios e olhou para a prima.

- Ah Lily, ele foi gentil trazendo comida e você nem me deixou jantar direito.

- Eu não te deixei jantar direito?! – ela gritou indignada enquanto via a prima se sentar a mesa com Scorpius ao seu lado começando a comer.

- Isso é batata frita? Eu amo batata frita – Rose exclamou com os olhos brilhando.

- É e eu trouxe Ketchup – Scorpius lhe contou arrastando uma cadeira e sentando-se ao lado de Rose.

Lily fungou nervosa e começou a caminhar pela sala toda.

- O que deu nela? – perguntou o garoto olhando a ruiva.

- A Lily vive de regime, acho que não se enquadra nessa nossa paixão por comidas gordurosas – Rose respondeu jogando uma boa quantidade de Ketchup em suas batatas.

- Ei, Lily! – Scorpius gritou fazendo gesto com sua mão para que ela viesse até eles – Eu trouxe salada também.

A ruiva se limitou a olhá-lo com desprezo e fungou voltando a andar ao redor da sala.

- Bom, eu tentei ser gentil – o loiro comentou.

- E eu agradeço por isso – Rose o encarou sorrindo.

Os dois ficaram comendo por um bom tempo, conversando e rindo, Lily se limitava a fuzilar Scorpius com o olhar, ela sabia que ele havia feito isso de propósito, ele estava querendo alguma coisa com sua prima, disso ela tinha certeza.

- AH, MERLIN! – a ruiva gritou exasperada assustando os dois sentados a mesa.

- O que foi? – Rose perguntou assustada.

- O Peter está vindo aqui! – ela voltou a gritar.

- O que? – Rose levantou da onde estava sentada agoniada.

- Eu disse pra ele que nossos estudos não iriam demorar e ele disse que ia vir aqui às nove horas – ela levantou seu relógio de pulso empurrando para a cara da prima – São nove horas!

- Merlin! – Rose gritou começando a andar pela sala – Está ficando tarde Scorpius, é melhor você ir...

- Rose, se o seu namorado gigante está vindo, não precisa arranjar desculpas para me expulsar daqui antes que ele me veja.

- Não é essa questão.

- Então, por quê? – ele perguntou voltando a comer sossegado.

- Você sabe o porquê, está longe de ser burro – Rose o olhou suplicante.

- Eu só sou seu amigo, o que tem demais nisso?

- Scorpius, por favor! Vá embora agora? – ela lhe implorou tentando fazê-lo levantar da onde estava sentado.

- Tem certeza que quer que eu vá?

- Tenho certeza que quero evitar uma briga com o Peter.

O loiro olhou para baixo e levantou-se.

- Ok, eu vou embora.

- Obrigada – ela lhe agradeceu o acompanhando até a porta em que o garoto se dirigia.

- Ai! – ele exclamou começando a mancar – Não consigo andar, vou ter que ficar aqui.

- Scorpius! – Rose gritou começando a empurrá-lo.

- Você não é engraçada quando está tensa – ele ria enquanto ela o arrastava para perto da porta.

- Por favor! – ela implorou.

- Tem certeza que quer que eu vá? Talvez eu e o Peter podemos resolver nossa richa se tivermos uma conversa honesta, poderíamos trocar pontos de vista.

- Scorpius! – ela suplicou passando a mão pelo rosto apreensiva.

- Prometo que vou falar devagar para ele compreender.

- Tchau! – ela gritou abrindo a porta.

- Ok, cumprimente-o por mim – ele disse rindo virando as costas para ela e dando de cara com o moreno de quase dois metros de altura – Acho que eu mesmo poderia fazer isso.

- Peter, o Scorpius só veio trazer comida para mim e a Lily.

- É, eu pensei que ela poderia estar desnutrida já que não comia desde o jantar. E nos nossos estudos agente sempre come – o loiro comentou enquanto Peter começou a fungar nervoso. - Não que eu me importe com a Rose – o Sonserino continuou.

- É ele não se importa – Rose apressou-se a confirmar.

- Vejo que você trouxe algo também – disse Scorpius reparando na mão do rapaz que trazia um pequeno pote de sorvete – É sorvete? Que amável. Um pote minúsculo de sorvete suficiente para dois – ele olhou para Rose sorrindo – Vão comer com a mesma colher? Porque é tão romântico dessa forma.

Peter bufou raivoso e começou a caminhar para perto dele.

- Cara! – Scorpius exclamou erguendo o pescoço encarando Peter – Assim você é bem grande, e você é bom nisso, acho que seus três metros e meio te ajudam, mas esta testa franzida de Frankenstein te deixa, de verdade, parecido com...

- Scorpius! – Rose gritou.

- Ok, estou indo – ele começou a caminhar no corredor, mas virou-se voltando a falar – Olha cara, eu só vim mesmo trazer comida, então não brigue com a Rose por minha causa, ok? – Scorpius olhou para Rose como se lembrasse de algo – Espere tem uma coisa em sua orelha.

Ele esticou sua mão na orelha esquerda da garota e retirou um objeto brilhante de lá.

- Minha pulseira! – ela gritou pegando da mão dele.

Lily que até então olhava a cena de longe calada, estreitou seus olhos desconfiando ainda mais do Sonserino.

- Eu achei no chão a tarde.

- Obrigada, agora vá – ela agradeceu apressada prendendo a pulseira em seu pulso.

Peter encarou as costas do loiro raivoso até ele virar no corredor, virou para Rose fungando e entrou na sala.

- Que diabos está acontecendo? – ele gritou vendo Lily comer uma enorme porção de batatas com Ketchup – Então ele só veio trazer isso? – ele voltou a encarar a namorada.

- Bem...

Peter caminhou até ao redor da mesa e viu varias refeições já terminadas.

- Eu sei que você come rápido, mas isso é muita comida para desaparecer tão depressa... Inclusive no seu melhor dia, com o Hugo ajudando.

- Bem...

- Eu achei que estaria estudando com a Lily! – ele urrou impedindo ela de inventar mentiras.

- E estava – ela apontou para a prima.

- Você estava com o Malfoy!

- E com a Lily!

- Malfoy, Rose!

- Bem... – ela gaguejava – Eu juro, eu...

- E que diabos ele estava fazendo com sua pulseira? A pulseira que eu dei? – Peter gritava ainda mais se era possível.

- Eu...tinha...perdido...e... – ela gaguejava.

- Perdeu? Você a tinha perdido?! – as paredes quase vibravam pelo tanto de gritos que Peter dava.

- Eu só perdi, que droga! Não fiz de propósito, já achei mesmo, olha! – ela esfregou o objeto na cara dele.

- Malfoy achou!

- Que seja – ela deu de ombros.

- MALFOY, ROSE.

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- Pare de gritar – ela suplicou.

- Você não sabia que ele viria aqui?

- Não! – apressou-se a responder.

- Então porque ele ficou?

- Só aconteceu – ela sussurrou abaixando a cabeça.

- Só aconteceu? – ele gritou chutando uma cadeira que estava ao seu lado fazendo-a voar para longe.

- Ah ele...comida...e...queria...

- O que?! – ele urrou – Diga alguma coisa!

- Pare de gritar!

- Você está mentindo.

- É minha culpa! – gritou Lily tentando fazer-se ouvir.

- O que? – Peter a olhou intrigado.

- Bom, eu estou a um bom tempo sem ninguém e o Scorpius – ela disse o nome dele com desprezo – é realmente lindo, você já reparou como os olhos dele são perfeitos? Uma mistura de cinza com azul...– Peter levantou as sobrancelhas desconfiado – E como a Rose o conhece eu pensei que...bom, não que eu goste dele, ele é desprezível, mas... – Lily arregalou os olhos e segurou seu colar entre os dedos fazendo a estrela ganhar a coloração vermelha.

Rose sabia que ela tinha feito isso para não falar mais.

- Isso é verdade Rose? – Peter perguntou calmo.

- É, a Lily, não queria que eu contasse para ninguém, desculpe.

- Bem os estudos já acabaram, eu vou indo – Lily anunciou com o colar com a estrela na cor amarela – Tchau! – se despediu saindo porta a fora.

- Desculpe – Peter disse cabisbaixo.

- Tudo bem – ela sorriu – Vamos comer o sorvete?

xx

Lily corria decidida no corredor e quando viu uma rapaz loiro andar sossegado pelo andar deserto não evitou de levantar sua varinha colocando ela diretamente nas costas do Sonserino.

- Sei muito bem que você estava com a pulseira da Rose e sei que está tentando fazer ela largar de seu namorado. Mas escute aqui, Malfoy! – ela se postou de frente a ele encostando sua varinha no peito de Scorpius – O que depender de mim, vou fazer o máximo para evitar que consiga o que pretende, está ouvindo?

- Bateu a cabeça? Sua neurótica!

Lily bufou retirando a varinha do peito dele.

- Pela primeira vez na vida eu fiquei calada e o pior é que nem posso me gabar para o Hugo – ela disse chorosa se encaminhando para a torre da Grifinória.