Sincronicidade
Essa não sou eu
Essa não sou eu
Rose estava a mais de meia-hora esperando Scorpius para os estudos semanais, e o Sonserino simplesmente não aparecia. Decidiu que o esperaria mais dez minutos, depois iria embora.
Foi quando a porta se escancarou e Scorpius entrou raivoso com Peter em seu encalço.
- Eu estava tentando te ajudar! – Peter gritou.
- Não pedi sua ajuda!
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Os dois finalmente notaram que Rose estava no cômodo.
- Vem Rose, não vou te deixar sozinha com esse cara hoje.
- Ah, por favor! – gritou Scorpius – Não vou fazer nada com ela.
- Até agora estava lá fora brigando e se eu não o tivesse separado...
- Já disse que não pedi sua ajuda!
Scorpius voltou a urrar e chutou com toda sua força um armário que encontrou a seu lado.
- Vem! – Peter puxou Rose pelo braço.
- Não! Eu prometi que daria aulas ao Scorpius e vou dar. Vá Peter!
O moreno de quase dois metros de altura olhou para Scorpius que estava ainda dando chutes no armário. Se aproximou de Rose e beijou o topo de sua cabeça.
- Cuide-se.
Ele saiu porta a fora meio a contragosto.
- Está querendo quebrar seu pé? – perguntou Rose nervosa.
Scorpius não respondeu, passou a mão pelos cabelos raivoso e se sentou no chão, escondendo sua cabeça entre as pernas.
Rose o olhava com desconfiança e resolveu chegar mais perto para ver o que estava realmente acontecendo com o loiro. Foi quando notou que Scorpius estava chorando.
- Scorpius o que aconteceu? – ela sussurrou.
Ele não respondeu, virou seu rosto para Rose não ver seus olhos vermelhos.
- Tem alguma coisa a ver com a briga que estava tendo...
- Não! – ele prontamente negou – É muito maior que uma babaquice na escola.
Rose mordeu os lábios preocupada e Scorpius finalmente a olhou. Seus olhos ainda estavam vermelhos pelo choro.
- Eu tive uma idéia – ele levantou do chão e segurou a mão de Rose.
- Nós não vamos para fora do castelo de novo não é?
Mas foi exatamente isso que o loiro fez, levou-a para fora do castelo, para perto do lago negro.
Rose não falou nada apenas se abraçou forte, estava fazendo frio.
Ela estranhou quando o Sonserino começou a tirar seus sapatos e o casaco que vestia e ir sorrateiro se aproximando da margem do lago, entrando devagar na água.
- Scorpius! – ela gritou não se contendo – Quer morrer? Saia já da água.
Ele não respondeu e quando já estava com a água até a cintura tampou seu nariz mergulhando.
A garota ficou apreensiva esperando ele retornar a superfície, mas ele não voltava. Já fazia um bom tempo que estava debaixo d’água.
- Ah Merlin! Ele está tentando se matar! – ela gritou tirando seus sapatos e correndo para o lago.
Nadou até o ponto que Scorpius estava anteriormente, prendeu sua respiração e mergulhou. Com dificuldade abriu seus olhos procurando o loiro, mas não encontrou nada ao redor, foi quando sentiu uma mão a puxar para cima.
- Está tentando se matar? – perguntou o garoto bravo.
- Eu? Você que estava mergulhado há mais de cinco minutos. Vim te salvar.
- Eu usei o feitiço cabeça de bolha pra respirar. Você é uma bruxa ou não é? – ele perguntou rindo.
Rose começou a bater nele na água e Scorpius nadou desviando dos socos lançados.
- Eu aqui preocupada e você gozando com minha cara? – ela gritava jogando água nele.
O Sonserino começou a revidar lançando fortes jatos de água com sua varinha.
- Para! – ela virava o rosto tentando desviar dos jatos – Isso é trapaça.
Scorpius gargalhava.
- QUEM ESTÁ AI?
Os dois ouviram os berros do zelador e pararam de brincar na hora.
- Ah Merlin! Eles vão nos pegar, eu vou levar uma detenção.
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Scorpius segurou na mão da garota debaixo d’água e começou a nadar até a margem, olhou a sua volta e viu Filch há uns metros de distancia. Ele pegou os sapatos e o casaco de ambos e correu em direção à floresta proíbida.
- Onde está indo. Não! É perigoso! – gritou Rose.
- Eu disse que não deixaria que você levasse detenção.
Os dois adentraram a floresta correndo mais de cinco minutos fugindo de Filch. Até que Rose caiu no chão depois de um tropeço.
- Você está bem? – ele perguntou se abaixando ajudando Rose a se sentar em cima de uma árvore velha tombada.
Ela não respondeu, estava tremendo de frio e começou a chorar.
- O que eu estou fazendo? – ela perguntava para si mesma – Essa não sou eu. Entrando no lago negro em pleno inverno, fugindo do zelador por medo de levar uma detenção e entrar na floresta proibida fugindo.
- Rose...
- Oh! Por favor não diga nada. Já estou com raiva o bastante pra escutar suas desculpas.
- Desculpa? Eu só precisava tomar um banho no lago negro, não esperava que você entrasse lá também.
- Não esperava? Estava tentando o que entrando naquela água gelada? Se libertar de coisas ruins que rodeavam sua cabeça? Talvez congelando seu cérebro fizesse essas coisas sumirem.
- Não, eu só vivo no limite.
Ela riu sarcástica e puxou sua varinha fazendo a água de sua roupa evaporar, se aquecendo.
- Está chateada comigo? – ele perguntou sentado-se do lado dela.
- O que acha? – ela gritou.
- Não quer que eu leia sua mente, quer?
Rose bufou e abriu sua boca desembestando a falar:
- Você se meteu numa briga com o Peter, começou a chorar na minha frete mas não me disse o motivo, me arrastou para fora do castelo e tentou se matar se afogando no lago negro – ele abriu a boca pronto para contestar, mas fechou assim que viu o olhar nervoso que Rose lhe dirigia – Depois me arrastou para cá e quase quebrei meu pé por isso.
- Só para que saiba, eu não estava brigando com seu namorado.
- Eu posso usar Veritaserum se quiser.
- É serio Rose! Não estava brigando com ele, era com outra pessoa. Ele entrou porque quis – ele pegou sua varinha secando suas roupas.
- Aposto que estava tentando te ajudar – Rose o acusou.
- É? – ele perguntou nervoso – Diga para ele fazer caridade no St. Mungus quando sair de Hogwarts já que gosta de ajudar os outros.
Rose revirou os olhos e suspirou voltando a perguntar mais calma:
- Primeiro, porque estava brigando?
- Porque o Stevens é um babaca.
- Você estava brigando com Kurt Stevens? – ela arregalou os olhos surpreendida – É, ele é realmente um babaca.
- Hogwarts é lotada de babacas – concluiu Scorpius – Menos você – ele acrescentou rapidamente.
- Se acha que Hogwarts só tem babacas porque não volta pra sua casa? – ela deixou o comentário escapar.
- O que quer dizer? – Scorpius a olhou intrigado.
- Bem – ela tentou concertar – Estamos nas férias de Natal, porque não volta pra sua casa umas semanas?
Ele olhou para baixo e sussurrou:
- Minha mãe não quer.
- Não acredito muito nisso.
- É um direito seu, eu acho – Scorpius pegou uma pedra que achou no chão e a arremessou para frente.
- Seu pai disse que ela não queria?
- Meu pai disse que foi idéia dele eu permanecer aqui no Natal – ele balançou a cabeça negando – Não foi idéia dele.
Rose olhou para baixo e Scorpius olhou ao redor reparando nas árvores enormes a sua volta.
- Sabe o que está parecendo aqui? O platô do livro “O mundo perdido” – o garoto disse.
- É verdade – Rose concordou olhando em volta.
- Devíamos tomar cuidado, vai que surgem homens macacos ou dinossauros.
Rose começou a rir e Scorpius ficou feliz ao vê-la não mais nervosa com ele.
Ele mordeu seus lábios como que fugindo de uma pergunta que vivia em sua cabeça, mas a deixou escapar:
- Ei, sobre o que você e o Peter conversam?
- O que? – ela perguntou confusa.
- Quero dizer, ele conhece esse livro do Arthur Conan Doyle?
- Já mostrei algumas coisas a ele – ela estreitou seus olhos virando o rosto.
- Então vocês têm uma relação aluno-mestre.
- Para! – ela gritou o encarando novamente.
- É serio, estou curioso – ele estava segurando um riso – Sobre o que vocês conversam?
- Tudo – ela apressou-se a dizer.
- Tipo...
- Tudo...várias coisas...Qualquer coisa – ela cruzou os braços carrancuda.
- É só que o tempo que passei com ele na hora da briga... Ele não parece fazer seu tipo.
- Bem, ele faz meu tipo – ela sorriu nervosa – Ele é exatamente o meu tipo.
- Ok – ele concordou com a cabeça – Talvez eu não o conheça o suficiente.
- Não conhece – Scorpius riu – Não conhece.
- Ok – ele disse fazendo ela se acalmar – Vamos voltar?
Ela confirmou com a cabeça.
Os dois começaram a andar tentando sair da floresta.
- Odeio o Natal – ele não deixou de exclamar.
- Por quê?
- Porque para a maioria das pessoas ele é especial e para mim não significa nada. – ele segredou.
Rose o encarava incapacitada de falar.
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