Falling Inside The Black

Capítulo 03: Conversando com a Consciência


- E estou eu aqui novamente... Isso ta parecendo rotina. – passei a mão no cabelo e andei um pouco entre aquele bando de árvores. Só agora havia reparado o quanto esse jardim é grande. – Porque eu tenho que estar aqui todas as noites?


- Algum problema com esse lugar?Marion surgiu na minha frente me assustando. Estava segurando as rédeas douradas de um cavalo negro que se encontrava ao seu lado.


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- N-Não! – apressei-me a dizer. – É que... É que é estranho ficar sempre no mesmo sonho.

- É só parar de pensar neste lugar oras. – passou por mim puxando o cavalo gentilmente.

- Você fala como se fosse possível... Já deu uma boa olhada neste lugar? – "Claro que já!" – Embora isso aqui seja assustador, é fantástico!

- É apenas um lugar como outro qualquer...

- Apenas porque você – apontei para ela. - mora aqui. – a segui.

- Ou porque você enxerga demais e tem uma imaginação muito fértil. – disse seca.

- Você é muito direta...

- E você muito lerdo.


Fechei a cara a olhando um pouco irritado.

Marion tirou as rédeas do cavalo que saiu correndo entre o jardim deixando aquele ar pesado um pouco mais leve por onde passava.

Não sei porque mas este lugar esta começando a ser de certa forma confortável para mim.

Deixando meus pensamentos de lado...


- E esse ai éééh?


Ela deu uma leve risada.


- Esse é o Midnight. Ele é meio estressadinho, nervoso, agitado e teimoso. Mas é um bom cavalo.

- Pensei que só existisse você aqui.

- Considerada como "pessoa" só. Eu sou a dona deste lugar, mas como tudo que é ruim tem que ter seu lado positivooo... – ela gesticulou com as mãos parecendo não aprovar muito o fato. - Midnight é o responsável por manter o equilíbrio e a paz deste lugar. Se ele não estivesse aqui, provavelmente tudo que há aqui estaria mergulhando em um mar de sangue e terror... – sorriu sinistramente com os olhos brilhando. – O que eu adoraria...

- Você é assustadora! Já não basta o quanto esse lugar é assustador não?


A garota deu uma grande gargalhada e passou a mão entre os longos cabelos negros.


- Não... Ainda me sinto um pouco desconfortável. Se eu pudesse eu faria todo esse cinza virar negro ou poeira. – encostou-se na árvore cruzando os braços. – Então, o que lhe traz aqui?

- Não sei. Toda vez que fecho os olhos me vejo neste lugar...

- Eu já disse e vou repetir... aqui é apenas um lugar para refletir seu futuro. Se você esta aqui é porque algo esta te incomodando, se você não se livrar desse incomodo não vai ter paz.

- Mas não tem nada me incomodando...

- Isso é o que você pensa e vê.


Coloquei as mãos nos bolsos da calça pensativo. Talvez ela estivesse certa, mas eu não sabia como responde-la. Essa era uma das coisas que eu não gostava nela em tão pouco tempo.


- Desde que você veio para cá, – voltou a falar quebrando o silêncio e me encarando seriamente. - você não falou nada e nem tocou no nome de outras pessoas... Você não tem amigos?

- Huh!? – me sentei no chão a olhando curioso. – Pra que?

- Oraaaa... – um sorriso largo de quem se divertia apareceu em seus lábios. – Então você é um daqueles solitários?

- Não sou solitário! Apenas não vejo motivo pra me juntar a outras pessoas.

- E porque não?

- Gosto mais de viver sem ninguém em volta de mim, assim evito dores de cabeça mais tarde... – desvio o olhar para o céu acinzentado.

- Hunm... – deu uma risadinha sonora.

- O que foi? – a olhei.

- Nada. Descubra você mesmo...

- Fala.

- Não. – recusou virando a cara.

- Fala! – alterei um pouco a voz.

- Não é obvio? O que você acabou de dizer parece não passar de um desculpa para você não se machucar no final com a verdadeira dor da realidade.

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- De novo falando coisas sem sentido sobre mim?

- Para você é sem sentido porque você criou esse mundo de silêncio. Mas deixe-me avisá-lo. – andou até mim e parou na minha frente se agachando, me encarando com aqueles olhos negros. – Você não vai poder fugir para sempre...


E novamente me faltava às palavras.

Não sei se era porque ela estava certa e confiante do que dizia ou porque ela estava errada em eu mesmo não saber a verdade de nada em minha volta.

Eu nunca me senti um fraco em relação a essas coisas. Mas pensando bem... será que esse tempo todo eu estive perdido e me escondendo só para não ver a verdade e me machucar?


- Abra os olhos e veja você mesmo. – disse ela parecendo ler meus pensamentos. – Eu não posso ser a sua filosofia...