Living In The Sky With Diamonds

Capítulo 18- Entrave


Depois de um dia extremamente cansativo de aula, finalmente voltei para casa. Tinha sido insuportável. Tudo por causa daquele baile.

Relembrando: eu levei William, ele fez um show e cantou uma música dedicada a mim e TODOS perceberam, pois seu olhar não desviou de mim em nenhum instante da música. Nós ainda nos beijamos no meio da pista de dança, o que fez o boato sobre nós se tornar realidade e os fofoqueiros de plantão entrarem em êxtase.

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Após isso, senti aqueles olhares sobre mim novamente, curiosos; aqueles cochichos irritantes, que me perseguiam. Mas consegui ignorar.

Cheguei em casa exausta, jogando meu corpo no sofá e minha mochila na mesinha de centro. Olhei em volta:

- Tem alguém aí? – gritei ouvindo apenas um eco como resposta.

- Tem eu, serve? – a voz de Will surgiu atrás de mim e tremi um pouco.

- Bem... Até que dá pro gasto. – brinquei.

- Você também não é de se jogar fora – riu. – E aí, como foi na escola?

- Ah é! – me empolguei. – Hoje estávamos aprendendo binômio de Newton e...

- Eu falava da sua vida social... Se você tiver alguma, não é?

Fiz um bico de raiva. Pelo visto, nossa relação não havia mudado tanto assim.

- Já que eu não tenho vida social, vou aproveitar e fazer meu dever, com licença. – falei ríspida e sentei no chão, pegando um caderno na mochila e fingindo estudar na mesa de centro.

- Hey, hey ,hey. – Beckett me cutucava com um pé. – Você ficou com raiva mesmo?

- Me deixa estudar. –falei sem olhá-lo.

- Então me responde.

Ignorei-o completamente.

- AI! – falei quando ele me puxou pelo braço e eu acabei voltando para o sofá. – Que foi?

- Senta aqui. – deu de ombros.

- Tudo bem... – disse desconfiada.

Li um pouco a matéria de História sem ser incomodada. Não queria estudar essa disciplina, mas como foi o primeiro caderno que peguei, tive que prosseguir com o que comecei. Só assim William iria parar de me perturbar.

Algum tempo depois, sinto minha bochecha direita sendo puxada.

- Aai! Pala cum içu! – tentei dizer, embora fosse inútil. Os puxões eram fortes demais para que eu falasse algo que fizesse sentido.

Bati em suas mãos e ele disse:

- Deixa de ser violenta!

- Foi você quem começou! – protestei.

Ele começou a rir de mim enquanto eu o encarava, séria, sem humor para brincadeiras.

- Você ficou chateada mesmo? Desculpe. – tocou meu rosto e um sorriso involuntário apareceu. Tratei de desfazê-lo na mesma hora.

Calei-me, só esperando ele chegar mais perto, sem tirar os olhos dos meus nenhuma vez. A única vez que meus olhos se desviaram foi quando olhei a boca dele, tão bonita e coradinha, assim como o resto o rosto dele. O sorriso era tão lindo, com uns dentes branquinhos e perfeitos enfileirando-se.

Parei de prestar atenção no seu sorriso e sim na sua lentidão para me beijar; estava me deixando ansiosa. Ele também examinava cada detalhe do meu rosto, como se tentasse memorizá-lo.

Fechei os olhos e aguardei por ele, que veio até mim e encostou seus lábios nos meus bem e leve, enquanto sua mão percorreu minha nuca e a outra deslizava até minhas costas.

- Diana? Bill? - a voz de um dos adultos nos assustou.

Como estava sentada quase na beira do sofá, caí com a cara no meio de uns livros que estavam sobre a mesa. William também deu um pulo, indo parar na outra extremidade do sofá.

- Olá crian... Diana, tudo bem? – meu pai falou. – Você está toda jogada aí, aconteceu alguma coisa?

- Não, está tudo bem- sorri.

- Tem certeza? Seu nariz está vermelho!

Toquei o nariz e ele doeu um pouco. Bati com muita força o rosto nos livros.

- Sabe o que é, pai? Eu estava estudando e fiquei tão interessada que achei que podia entrar nos livros... – talvez essa tenha sido a pior piada da minha vida.

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- Nossa, minha filha, você não puxou meu senso de humor! Você é tão sem graça quanto sua mãe! – os outros presentes riram. – é uma pena você não ter talento para piadas como eu.

Sorri sem graça.

- É mesmo...

- Pois bem, você sabe o que é uma molécula?- perguntou.

- Hã? – falei sem entender nada.

- Você sabe o que é uma molécula? – estava todo animado. Atrás dele, Mallorie cochichava algo como “diz que não!”.

- Er... Não – resolvi obedecer Mallorie.

- É uma meninolá sapécula! HAHAHAHAHA!

Pelo canto do olho, vi Will enterrar o rosto numa almofada e seu corpo tremeu levemente. Talvez estivesse rindo. Mallorie suspirou pesadamente e eu só pude forçar uma risada.

- Gostaram? Eu tenho outra. O que é um pontinho verde no aeroporto?

- Já chega, não é, coração? – Mall tentou empurrá-lo para a escada.

- Espera... Não sabem? É um GREENGO! HAHAHAHAHAHA! – subiu as escadas morrendo de rir.

Fiquei aliviada em saber que há gente mais sem graça que eu.

Olhei para William e ele ainda estava com o rosto escondido e o corpo tremendo de tanto rir.

- Não acredito que você achou isso engraçado – comentei. – Você pelo menos entendeu o que ele estava dizendo?

- Não entendi, e pela sua expressão não foi engraçado mesmo – respirou fundo. – A graça está na cara hilária que seu pai fez.

Concordei e voltei para o sofá.

- Me deixe ver seu nariz – ele se aproximou. Levantei o rosto para que pudesse ver melhor.

- É, está vermelho mesmo – contorceu o rosto. Que ótimo, estava parecendo a rena do papai Noel!

- Ah, droga! – resmunguei e ele riu.

- Hmm, deixa eu ver direito? Deixa? – ele perguntou de novo quando eu cobri o rosto. Relutante, levantei rosto e novamente esperei ele fazer outra análise.

Para minha surpresa, ele aproximou-se demais e continuou beijo interrompido. Não vi problema, nossos pais iam demorar a descer mesmo...

Ele passou seus braços em volta de mim e fiz o mesmo. Era tão boa aquela sensação, me transmitia segurança, carinho, doçura e algo mais. E eu não sabia o que era.

Separamo-nos um pouco ofegantes e dei uma risadinha. Não havia nada de engraçado naquilo, mas parecia inevitável soltar uma risada.

- O que foi? – ele perguntou.

- Nada – respondi. Não sei o porquê, mas não queria que ele soubesse como me deixava.

Encarou-me como seu eu fosse uma retardada. Sorri parecendo mesmo uma retardada. Ele sorriu de volta e beijou minha testa.

Recostei-me em seu peito e ele encostou o queixo no topo de minha cabeça. Não falamos nada após isso, o que me deu a oportunidade de ser levada pelos pensamentos. Pensar assim era melhor que pensar deitada...

- Diana? – começou ele. – Você acha que devemos contar?

- Contar o quê? OI? – estava tão perdida que demorei a perceber o que ele estava falando.

- Digo, contar para os nossos pais o que temos.

- O que nós temos? – eu não sabia definir e parece que ele também não.

- Bom, algo além da relação fraternal que eles querem que a gente tenha. Humm, acho que a gente tá junto! – fez uma voz engraçada e eu ri.

- Nossa, eu nem tinha percebido! – falei sarcástica.

- Porque você é lenta. Já tinha percebido que gosto de você há um tempão. – foi tão bom ouvir isso. Uma sensação indescritível.

Sorri tanto que minhas bochechas começaram a doer um pouco.

- Talvez seja melhor esperar um tempo, até eles perceberem que nossa relação não é como eles gostariam fosse. – falei e ele concordou.

- Hehe, escondido é mais divertido. – ele deu uma risadinha.

- Aff...- revirei os olhos.

O silêncio dominou outra vez e eu continuei ali, sorridente e de olhos fechados; nada poderia estragar minha felicidade.

Diana! Por que ce fez isso? Tá parecendo até que você ta com rancor porque no futuro ele vai me querer e não você!”

A voz veio na minha mente e eu imediatamente desmanchei o sorriso e me afastei e Will.

Bruna...

Contar a ela seria um problema muito maior do que contar aos nossos pais.

- Que aconteceu? – perguntou atordoado. Pelo canto do olho, vi ele cheirar a blusa que vestia.

- Não, não é isso. Nossos pais podem chegar a qualquer momento.

- É verdade, mas não precisava me dar esse susto. – repreendeu e me desculpei, para logo depois subir as escadas correndo.

Subi afobada e abri a porta do quarto com força. Liguei o notebook e fechei a porta, trancando-a. Eu precisava mais do que nunca conversar com alguém, e eu já tinha em mente quem era. Talvez uma das poucas pessoas que poderiam saber, por enquanto. Márjorie.

Ela estava no computador àquela hora e agradeci mentalmente.

Posso falar com você?”, digitei lentamente e logo obtive uma resposta.

Já não está falando? Kkkk” ela respondeu. Revirei os olhos e tentei me apressar para responder.

“É sério. u.u Liga sua câmera.”

“Ok ;D”

Comecei a andar de um lado para o outro, sem saber o que falar.

- Diana, para com isso, tá me deixando tonta! – a ouvi dizer e parei abruptamente, correndo para frente do computador.

- Você promete que não vai contar para ninguém? Ainda.

- Diana, o que você tá aprontando?

- Bom, eu estou com William Beckett. – fui direta.

Ela olhou a câmera com um olhar espantado e depois começou a rir.

- Você é muito engraçada, sabia? O contrário de seu pai. Sem ofensas.

- Eu estou falando sério. Olha, é difícil explicar, mas aconteceu... Nós nos gostamos.

- Então qual é o problema? – questionou.

- Bem, nossos pais acham que devemos agir como irmãos. E tem outro detalhe... A Boo Boo.

Ela levantou as sobrancelhas e levemente franziu os lábios.

- Puxa... É mesmo. Você não acha que ela entenderia?

- Não sei... – falei com a voz morrendo.

- Olha, acho que você deveria contar. Quanto mais cedo, melhor.

- E se ela não aceitar? Ai Deus, não vou conseguir fazer isso! – cobri o rosto com as mãos.

- Você é quem sabe. – deu de ombros. – Mas seria melhor ela descobrir por você e não pela mídia. Acha que vai conseguir esconder isso por muito tempo?

- Não sei. – essa resposta estava me cansando.

Respirei fundo e olhei para o alto, tentando não chorar. O que eu faria?

Será que terei que desistir de Will? Agora que finamente tudo entre nós estava resolvido? Agora que toda confusão em minha mente havia se esvaído e dado espaço a leveza e felicidade?

- Diana, olha para mim. – ela falou. – Ei, não chora!

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- Não vou chorar. – funguei e sorri, o que a fez dar uma risadinha.

- Hey, vai dar tudo certo. Você vai contar assim que estiver preparada e ninguém vai ficar triste. Agora eu tenho que ir. Meu pai vai viajar e vou acompanhá-lo até o aeroporto.

- Ah, ele está sempre viajando, não é?

- É... – suspirou. – Ele está procurando uma casa... Nós vamos nos mudar. Para outro país.

Meus olhos se arregalaram.

- O quê? Não! Não pode! – falei um pouco alto.

- Não temos certeza ainda. – ela disse calmamente.

- Como consegue ser tão calma? VOCÊ VAI SAIR DO PAÍS! As Diamonds Girls vão acabar!

- Já acabou... Nós queríamos lhe falar isso. - ela olhou para baixo tristemente. – E não estou calma. Só tenho um jeito diferente de manifestar minha tristeza. Agora eu preciso mesmo ir. Se cuida, amiga.

Ela se desconectou e continuei a fitar a tela do notebook.

“Já acabou...”, ela disse. Algumas lágrimas surgiram e pisquei para afastá-las. Nunca imaginei que nosso sonho conjunto fosse terminar assim. Minha expectativa era de que jamais iríamos nos separar, amigas para sempre e blá, blá, blá. Porém, eu sabia que um dia cada uma teria que seguir seu caminho. Só não imaginava que fosse tão cedo.

Ouvi algumas batidas na porta.

- Dee Dee? – era a voz de Will.

Limpei o rosto com a costa da mão e corri para atendê-lo.

- Oi! – abri um sorriso. Modo atriz on.

- Você saiu correndo e não me disse nada! Simplesmente correu! Tudo bem? – pareceu preocupado.

O encarei. E lá estava ele, lindo, preocupado comigo e fazendo meu coração acelerar.

- Está sim. Por que não estaria?

- Não sei. Você mudou de humor de uma hora para outra.

- Ah, você sabe que sou bipolar! – brinquei.

- E parece que você se orgulha disso. – ele riu. – Anda, pega sua guitarra e vamos tocar algo lá no estúdio.

- Sim, claro. – entrei novamente no quarto.

Seguimos para a sala de música e passamos o resto da tarde tocando. Música, para mim, é o melhor remédio para combater tudo de ruim.

No entanto, foi um alivio temporário. Na hora em que me deitei na cama, todos os problemas, medos e tristezas voltaram para me assombrar. E não tinha como fugir.

Um dilema apareceu e precisava decidir logo. Viver com William com a culpa me corroendo ou não trair a confiança de uma amiga e sentir-se incompleta? Parecia uma escolha impossível de ser feita sem que alguém saísse machucado.

Virei para todos os lados até encontrar uma posição confortável. Olhei a lua pela janela. A noite estava tão bonita com seu manto estrelado. Mas de forma alguma acalmou o que se passava dentro de mim.

Algumas lágrimas saíram e solucei um pouco. “Ai Deus, o que faço?”, foi meu último pensamento antes de adormecer...