Minhas torturas aconteciam diariamente, mas escapei uma vez, pois fiquei gripada e disse que era contagiosa. E, como eu bem sabia, elas me inibiram de suas vidas por algum tempo. Eu estava gripada, mas muito feliz. Aproveitei pra passear pelos terranos.

Como faltava uma semana pro baile e estava um frio enorme, fui andar próxima ao campo de quadribol. Eu ainda não havia decidido se iria ou não ao baile de inverno. Com Fred ou sem? Eu queria ir, mas as duas opições não me eram satisfatórias.

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Enrolei mais meu cachecol ao meu pescoço. E foi nesse movimento, que trombei com alguém e a levei junto. Retirei o cachecol do meu rosto e vi Fred por cima de mim. Notei a vassoura dele ao nosso lado.

– Dá pra sair de cima de mim, grifo?

Ele sorriu e aproximou mais seu rosto do meu.

– Não, sonsa – eu poderia ter batido nele, mas não foi ofensa. O “sonsa” é de Sonserina. Ele fez igual a mim que o chamei de grifo, abreviação de Grifinória.

Fred beijou minha testa, desceu para a têmpora, seus lábios passearam por minha bochecha, desceram até meu queixo – Estava me perguntando quando ele me beijaria de verdade –, ele olhou-me.

– Tá esperando o quê?

Fred sorriu e tocou meus lábios, beijando-me.

Eu poderia ter ficado o tempo todo beijando-o, mas já estava congelando. Virei meu rosto e espirrei.

– Deixa eu te ajudar.

Ele me ajudou a me levantar. Abracei-me e dei um selinho nele, antes de sair correndo em direção ao castelo. Não podia correr o risco de nos verem juntos.

Pouco me importava com o fato de estar pior no dia seguinte. A lembrança de ficar, pelo menos alguns minutos com Fred era ótima. Valia a pena ficar de cama por isso. Meu pai queria me obrigar a ir pra enfermaria, mas eu birrenta que só, prometi pegar leve nas pegadinhas com o professor Bins, que ninguém sabia.

Giulia, com seu nojinho de patricinha, ficou distante de mim. Geovanna estava ocupada com seus pretendentes e por isso eu não a via.

Eu sentia diferença na Giulia, mas era época de baile e muitas garotas ficam paranóicas nesse período.

Eu relutava pra não meter a mão na cara da Parkison, que ficava se insunuando na minha frente, dizendo que podia ficar com qualquer garoto. Ela com essa mesquinhice e seu jeito idiota, não conseguiria pegar nem resfriado.

Pra não matá-la, decidi rabiscar em meu caderno uns desenhos homicidas. Nada contra ela, mas o fato dela respirar já me deixava com raiva. Meus rabiscos saim tão vivos que eu me imaginava matando-a.

Tal pensamento me fez sorrir. Ela me olhou com repulsa e eu não aguentei e caí na risada. Parkinson saiu do quarto, deixando-me aos risos.

Ouvi um barulho no salão comunal e fui ver o que era. Desci as escadas e deparei-me com rosas e Gian Cheege. Juntei dois mais dois. Tentei voltar, mas ele me segurou, fazendo-me olhar dentro de seus olhos.

– Eu queria fazer uma surpresa, mas você descobriu...

– Não preciso de tudo isso.

Soltei-me dele e voltei pro quarto. Eu gostava do Gian, mas de uns tempos pra cá ele ficou obsessivo por mim. Eu queria distância dele, mas ele continuava a me querer.

– Que foi, Aira? – entrei no banheiro e vi Geovanna.

– O Gian.

– Ele é chato, mas depois você se acostuma.

Seria difícil conviver com ele.

§§§

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Era o dia do baile. Todas estavam se matando por um pedaço do espelho. Eu era a única que estava tranquila e pouco ligava pro que elas faziam.

– Não se matem antes de estarem no salão.

Saí sorrindo do ambiente. Peguei minha mochila e saí da masmorra.

Entrei no banheiro da Murta que Geme. Era o lugar ideal pra me arrumar. Eu dissera a todos que não iria ao baile. Eu marcaria presença nesse baile.

Vesti meu vestido preto e baloné, coloquei meus all star. Fui em frente ao espelho e comecei a me maquiar. A maquiagem de sempre. Sorri pra passar o blush e me perdi em pensamentos.

– Quem eu estou querendo enganar?

Deixei o pincel de lado e olhei-me no espelho.

– Estou coberta por uma máscara...

Passei a mão no rosto, borrando todo o meu trabalho. Retirei a maquiagem pesada e fiz um mais leve.

Prendi uma parte do meu cabelo e deixei algumas mechas verdes – que fiz com um feitiço – caírem sobre meu rosto.

Deixei o banheiro e andei vagarosamente pro salão, onde todos já estavam lá. Procurei com olhar, enquanto passava entre a multidão, Fred. Parei bem no meio e olhei pra ele, que também estava parado. Ele estava tão lindo.

Nos movimentamos. Ficamos de frente um pro outro...

– Aira? – olhei pro Gian, que estava ao meu lado.

Havia sido um sonho.

Olhei pra ele. Não queria ficar ali. Tinha que entrar no salão.

Gian segurou meu braço e me prensou contra a parede. Observei os olhos dele mudarem.

– Dá pra me soltar?

– Não.

Ele aproximou seu rosto do meu e eu desviei. Gian segurou meu rosto e tocou meus lábios. Ele queria aprofundar o beijo, mas eu não. Eu tentava empurrá-lo, mas era em vão. Chutei bem no seu ponto fraco e saí dali. Mas ele me agarrou.

– Você não vai sair antes de eu ter o que quero.

– Me solta!

– Quem mandou me deixar doido?

Ele tapou minha boca e me empurrou contra a parede.

– Seja boazinha!

Eu morde a mão dele.

– ME SOLTA! - gritei.

Gian bateu no meu rosto. Fiquei calada. Ele era tão gentil, mas ali era um monstro.

Ele me apertou mais contra a parede. Eu tentava gritar, mas ele me impedia.

Senti o corpo de Gian ser retirado do meu com violência. Abri meus olhos e não suportei: chorei, por ver que Fred estava brigando com Gian.

– Seu cretino! Se tocar um dedo nela, eu te mato!

Gian levantou-se e limpou o sangue da sua boca.

– É o que veremos.

Ele saiu andando na direção contrária ao salão.

– Está tudo bem?

– Está – respondi ao Fred.

Eu o abracei.

– Obrigada.

Senti o cheiro dele e fiquei mais tranquila.

– De nada.

Afastei-me dele. Ainda tinha o baile. E o desgraçado do Gian não acabaria com meus planos.

Adentrei o salão e procurei uma mesa onde me sentar. Vi Giulia e Geovanna sentadas próxima as janelas.

Sentei-me ao lado de Giulia que levantou-se e foi até Zabine. Eu poderia jurar que ela não me queria ali.

– Oi – disse Geovanna, sentada desleixadamente e com o rosto depressivo.

– Quem perdeu um membro?

Geovanna abriu um sorriso tímido. Ela deve ter lembrado do que me contara; do dia em que fez um feitiço de transfiguração errado e fez sua companheira perder um braço.

– Que foi que houve?

– Meu par está interessado em outra garota...

Se eu bem conheço a Geovanna, aquele não era o motivo de sua expressão.

– Diz de uma vez, se não gritarei aqui no salão que você ama o Harry Potter.

Isso era brincadeira, mas ela sabia que eu era doida de fazer isso. E dizer que ela ama o Potter, nunca mais seria esquecido por ninguém.

– Ele não olha pra mim. Já tentei diversas maneiras, mas ele me ignora.

Tentei pensar em quem seria, mas ela não deu pistas.

Vi Gian entrando no salão, empunhando a varinha.

– Droga! - exclamei.

– O que foi?

– Morte.

Geovanna levantou-se. Eu andei o mais rápido possível pra alcançar Gian, mas ele estava muito longe.

Empunhei minah varinha e apontei pra ele. Mas o desgraçado saiu da minah mira.

– Volta, infeliz – eu disse, procurando por ele.

Virei-me e dei de cara com Gian.

“Merda”, pensei na hora.

Ele abriu um sorriso sisnistro e segurou meu braço.

– Dessa vez não dá pra escapar.

– Gênio, como pensa em sair daqui comigo com todas essas pessoas?

Ele pegou a varinha e aponteou pra mim.

– Seu cretino...

– Deveria pensar antes de falar.

Como ninguém percebia eu e Gian no meio do salão, um apontando a varinha pro outro?

– Gian. Dá pra colocar na sua cabeça que não te quero?

Soltei-me dele e apontei a varinha rente ao seu rosto.

– Você não tem escolha, Snape. Você será minha!

Odeio ser tratada como propriedade. Não queria lançar nenhum feitiço contra ele, mas se continuasse dessa forma, acabaria fazendo.

– Sonha, Cheege. Que é só isso de mim que terá!

– Você gostou tanto daquela noite...

Merda! Ele queria usar chantagem, agora? Não houve nada, mas era a palavra dele contra a minha. Ele é puro sangue e ainda tem a Laura Cheege que acredita que rolou algo entre mim e seu filho.

– Pelo que eu saiba não houve nada.

Estava tentando manter o controle.

– Como não houve? – pessoas paravam pra olhar aquela conversa inusitada. – Seu rosto não mentia...

Guardei minha varinha no suporte em baixo da saia do meu vestido e virei-me.

– Passado e passado. E você é horrível – virei meu rosto e sorri. – Boa sorte com outra, seu cretino.

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Percebi quando ele faria um feitiço. Desviei a tempo. O feitiço chocou-se contra a parede.

– Está bem! – bufei e fui até ele. – Tem coragem o suficiente pra me acertar?

Aproximei meu rosto do dele. Já que ele me queria tanto, usaria disso para pegá-lo.

– Você terá mais uma chance. Somente mais uma – olhei para os olhos dele e me aproximei. – Me beija, Gian.

Ele guardou a varinha e segurou minha nuca.

Não gostei do beijo dele. Era estanho. Aguentei até o último minuto. Afastei-me dele.

– Percebeu?

– Não tem jeito, né?

– Não.

– Ainda não desisti de você.

– Pode ir sonhando!

Procurei Fred, mas ele não estava mais ali. Ele com certeza vira o beijo.

Saí do salão, à procura dele, mas não o via. Pensei em todos os lugares em que ele poderia estar. O único que me veio a cabeça era o campo de quadribol. Mas o que ele faria ali?

Atravessei a neve, tremendo e abraçando-me.

– Fred?

Ele não respondia.

Sentei-me no chão e me abraçei. Eu estava péssima. Perdia o único garoto que amava de verdade. Desamarrei meu cabelo, deixando ele cair sobre meu rosto. Retirei meus all star. Levantei-me e andei pela extensão do campo desprotegida. A única peça que eu usava era meu vestido.

Mesmo tremendo, continuei andando. Cada vez era mais lento meus passos, mas eu não me importava.

Caí de joelhos no chão. Tentei me reerguer, mas não consegui. Apertei a neve em minha mão. Fechei meus olhos lentamente...