Not Like The Movies

Ninguém sabe


Talvez eles te deixem em paz, mas não a mim

My Chemical Romance

Ino estava certa sobre os lugares para matar aula e sobre a quietude que eles oferecem, só havia o som dos gafanhotos escondidos na grama e todo o resto parecia isolado e distante dali. O lugar em si era uma extremidade do prédio em que eu dormiria pelos próximos dois anos e meio, as últimas salas foram desativadas para reforma há um bom tempo e ficava a uns vinte metros do pátio.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Havia bitucas de cigarro próximas às janelas, duas garrafas vazias de cerveja e algumas camisinhas descartadas na grama. Ino também estava certa sobre o sexo fácil.

— O que diabos você está fazendo aqui? — A materialização daquela voz rouca e nervosa me fez franzir o cenho automaticamente, havia uma figura alta e extremamente pálida parada a poucos metros atrás de mim, os cabelos caíam repartidos e lisos pelo rosto fino e acentuado por rugas.

— Eu...

— Não me interessa. Anda, anda; levanta daí e direto para a detenção — a figura ordenou e agarrou o apito, que estava preso num cordão em seu pescoço, e o levou aos lábios finos e protuberantes. — Você é surda, por acaso? Eu disse anda!

— Eu não fiz nada de... — o som agudo do apito interrompeu qualquer explicação que eu pudesse dar e as bochechas dele se inflaram e seus olhos pareciam saltar das órbitas a qualquer instante. — Eu...

A figura se aproximou rapidamente e me puxou pelo ombro com força, quase tropecei nos meus tênis conforme era erguida e guiada para o caminho que levava até o pátio; o cara continuava apitando e me empurrava em intervalos curtos. A porra da cláusula sobre violência, o pensamento era realmente irônico se fosse levado em conta o som estridente do apito e os empurrões.

Os trotes foram mais constantes e tropecei, tentei amortecer a queda e ganhei arranhões nas palmas das mãos e nos joelhos. Dane-se a porra da cláusula, cerrei os punhos e tateei o chão à procura de alguma pedra.

— Levante e... Mas o que é que está acontecendo aqui? — O apito soou agudo outra vez e aquele homem passou por mim num passo apressado, ele agitava os braços e continuava soprando ar e saliva naquele objeto.

O círculo de adolescentes apinhados não fora dispersado pelo apito ou pelos punhos daquele cara, eles pareciam concentrados demais para dar atenção a qualquer atividade exterior daquele círculo de gente; levantei e me aproximei, os berros ganhavam eco e volume, como numa luta de ringue:

— ACABA COM ELA!

— ISSO! ACERTA ELE! EU APOSTO TUDO NA MAGRELA!

— VAMOS LÁ RAPAZ! VAMOS LÁ!

Conforme eu abria caminho no meio daqueles adolescentes – era melhor chamá-los assim do que traficantes, assassinos, ladrões, mercenários -, parecia que o ar havia se enchido com a euforia e a sede por violência deles, eu só via borrões disformes de duas pessoas no centro daquilo e os gritos de incentivo, torcida ou xingamentos intensificavam o clima de frenesi.

— VAMOS LÁ! VAMOS LÁ!

Empurrei um casal que estava na minha frente e não consegui reconhecê-la até que prestei atenção no cabelo loiro preso num rabo de cavalo frouxo e nos coturnos em seus pés; Ino havia enfiado suas mãos nos ombros do garoto ruivo e eles pareciam dançar, giravam de um lado para outro, rosnavam e berravam conforme se moviam.

De alguma forma, ela se livrou daquela posição e desferiu uma joelhada no estômago dele, ele se encurvou um pouco e cerrou os punhos e a atingiu com um soco na altura da têmpora. Outro grito, outra joelhada por parte de Ino e o garoto ruivo havia revidado novamente; Ino esquivou de outro soco rente ao rosto e segurou o braço estendido dele e o torceu com certa graça e habilidade.

— PAREM IMEDIATAMENTE! — O berro estridente foi repetido várias vezes pelo cara do apito conforme ele agitava os braços e se movia rapidamente no meio do círculo, cercando e intimidando tanto Ino e o ruivo como o restante dos curiosos.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Um rapaz moreno se aproximou de Ino – que ainda mantinha o ruivo imobilizado naquele golpe – e murmurou alguma coisa, pouco depois ela soltou o garoto e se afastou sem desviar o olhar dele.

— Vocês, todos vocês, saiam daqui imediatamente! — A ordem foi cumprida em etapas e eu ficaria feliz em fazer o mesmo, mas o barulho do apito me fez cobrir as orelhas e parar de andar. — Você, sua delinquente! Eu não me esqueci de você...

— Merda.

— Pode ajudar essa daí... — ele apontou para Ino com desprezo —...a encontrar o caminho da detenção. Agora. — Um sorriso surgiu no rosto acentuado dele e o fez parecer uma fruta podre, ele recuperou o fôlego e apitou outra vez, as bochechas repetiram o mesmo processo de inflar. — Você! Vai fazer o mesmo com esse vagabundo e os dois vão poder fofocar à vontade na detenção, não é maravilhoso? — Outro apito. — Vamos! Eu não tenho o dia todo!

Me senti desconfortável quando passei um braço pela cintura de Ino e ela apoiou o peso do corpo sobre meu ombro, ela gemeu baixo quando começamos a andar na direção das portas duplas e seu corpo estremecia quando ela esticava a perna esquerda.

— Você está bem? — Eu não consegui evitar a pergunta e Ino me encarou, a têmpora esquerda dela estava começando a inchar lentamente e a pele estava vermelha, um filete de sangue escorria do ferimento.

— Você devia ver o outro cara — ela respondeu e balancei a cabeça; o outro cara também estava com dificuldades para andar normalmente. — Pode apostar... que ele está pior... — Nisso ela também estava certa.

* * *

O arrastar das horas era marcado pelo barulho dos ponteiros deslizando no relógio de parede preso acima de um quadro de avisos; a sala de detenção era um cômodo de pouco mais de oito metros quadrados com cadeiras enfileiradas nas paredes e nada além do relógio e de avisos antigos de atividades extracurriculares boas demais para serem verdade.

Vez ou outra o cara pálido aparecia e inspecionava a sala, seus olhos se estreitavam na minha direção e depois ele fechava a porta e ia embora; já era a quarta vez que ele repetia aquele processo e Ino bufou ao meu lado.

— Eu mataria por um analgésico agora mesmo — ela resmungou e se ajeitou na cadeira outra vez, ela esticou a perna esquerda – a que havia desferido várias joelhadas no estômago do garoto ruivo – sobre outras duas cadeiras e fez uma careta de dor.

— Por que você estava brigando, afinal? — Perguntei em voz baixa e aquela interação me soou extremamente forçada, mas serviu para que ela bufasse outra vez e me encarasse. Levou algum tempo até eu assimilar aquele som baixo e ruidoso que ela produzia como uma risada. — Não que seja da minha conta...

— Tudo bem, às vezes eu me esqueço que nem todo mundo conhece a minha trágica e fodida história... — Ino respondeu, esperei que ela continuasse. — Aquele verme ali assassinou os meus pais e, infelizmente, não completou o serviço... Ele não disparou na herdeira. — Ela não havia hesitado em nenhuma palavra, como se já estivesse cansada de contar aquela versão e seu olhar continuava fixo no ruivo. — Os vizinhos chamaram as autoridades, que fizeram toda a burocracia e disseram que eu tinha sorte, já que foi um latrocínio.

Apenas nos encaramos e o máximo que pude demonstrar foi o meu silêncio.

— Latrocínio... — o desprezo emergiu automaticamente e sua expressão se endureceu. — Dá pra acreditar nessa porcaria? Chamaram um assassinato a sangue frio por motivações políticas de uma droga de latrocínio.

— Você vai matá-lo? — Perguntei em seguida e o desprezo dela se transformou em confusão momentânea, depois em raiva, como se aquilo a enojasse de alguma forma ou a insultasse.

— Matá-lo? — Ela murmurou depois de algum tempo, seus dedos tocavam a pele ferida da têmpora e ela não pareceu notar as pontas das unhas sujas de sangue ou os nós da mão feridos. — Matá-lo não me tornaria no mesmo tipo de verme que ele?

Franzi o cenho conforme prestava atenção no que ela dizia e tentava acompanhar sua linha de raciocínio, encarei-a e seu rosto estava emoldurado pela raiva e pelo desprezo novamente, seus olhos estavam presos em cada movimento que o garoto ruivo fazia.

Outra coisa que se aprende quando você ascende de adolescente para adolescente homicida, é que mentir se torna tão natural quanto respirar. A negação era uma etapa contínua e te leva a aprimorar os sorrisos falsos e os momentos de silêncio. Eu continuava a dizer a mim mesma que poderia simplesmente fingir que ninguém sabia o que eu havia feito e Ino continuaria a fingir que não queria fazer o ruivo pagar na mesma moeda.

— Claro. Estamos aqui para sermos pessoas melhores, não é? — Retruquei e Ino me encarou, por um momento ela pareceu realmente surpresa e depois começou a rir. — Quando podemos sair daqui?

— Depende de quanto tempo você quer passar na companhia do imbecil e do verme — ela respondeu e apontou para o rapaz moreno e para o ruivo em sequência. Os dois pareciam absortos em fingir que ninguém mais existia e, vez ou outra, murmuravam alguma coisa um para o outro.

— Não, eu...

— Ah, você quer dizer desse lugar? Pra valer? Ah Sakura, não achei que você fosse ingênua a esse ponto — um sorriso conformado apareceu em seu rosto e acentuou seus olhos azuis. — Estou aqui desde os meus quinze e não acho que a sociedade vai querer de volta uma pessoa como eu e você. Ou eles — ela apontou com o queixo na direção deles e o moreno parou de falar assim que me encarou.

O tique taque do relógio voltou a ser o único barulho daquela sala outra vez, permaneci em silêncio e ignorei as tentativas de Ino de retomar a conversa; tudo o que a minha cabeça continuava a frisar era que eu mesma havia acabado com a minha vida, com a vida da minha família e jamais sairia daquele lugar.

Você devia ter morrido, ia ser mais fácil. Nada de dor, nada de culpa, nada de mais um dia com os gritos deles na cabeça, era o mais novo mantra desde o dia em que eu havia sentado no banco dos réus diante de um júri repleto de pessoas pessoalmente ofendidas com a pena escolhida pelo juiz e com o fato de que era eu a continuar respirando.

Tentei afastar o peso daqueles fatos e o nó que se formava na minha garganta, puxei o capuz do moletom outra vez e arrumei as mechas que escapavam. Mentir era mais fácil - isso era verdade - para o resto do mundo do que para si, já que todo mundo só vai falar sobre o que você fez e no que você se tornou por um tempo. Eu sei no que me tornei e vou lembrar pelo resto da minha vida.

Essa parte era insuportável. Essa era uma verdade que eu queria esquecer.

Até então, eu não conseguia mais encarar o reflexo daquela garota fria, de cabelos coloridos de rosa e os olhos verdes mais distantes que eu já havia visto; não conseguia admitir que aquilo— a assassina – era eu.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Há uma espécie de pacto que eu tenho com a Hina desde que ela virou minha colega de quarto — a voz de Ino chamou a minha atenção, mas não consegui encará-la e perceber nela o mesmo olhar acusador que todo o resto já havia mostrado. — Falar do passado não vai desfazer o que aconteceu ou melhorar os motivos que te trouxeram até aqui, mas aqui dentro ninguém realmente se importa com isso.

Fingimos que eu acreditei e que havia uma verdade irrefutável na última parte. Ino suspirou e falou:

— Eu não quero saber que merda aconteceu com você, mas eu sou a voz da razão pra dizer isso: não deixe que te consuma tanto ou você não vai aproveitar suas férias de toda aquela porcaria fora daqui.

— É assim que você encara isso? — Isso foi tudo o que consegui dizer, sentindo a raiva surgindo como uma névoa tóxica dentro de uma câmara escura. Encarei-a e tudo o que obtive como resposta foi o mesmo sorriso zombeteiro de horas atrás, desviei o olhar e o moreno continuava a me encarar.

— É uma das formas de manter a sanidade, garota. Fique chapada, bêbada ou cansada demais depois de transar, você é quem escolhe — Ino levantou da cadeira e se endireitou da melhor forma que pôde, a acompanhei até a porta e ela a escancarou ignorando as cabeças que se viravam para observá-la melhor. — Vamos, você ainda não aprendeu o caminho até o quarto...

Saímos da sala de detenção e Ino não diminuiu o ritmo ou sua pose orgulhosa, ela não olhou para trás mesmo quando o garoto ruivo encostou o corpo na soleira e nos observou atravessar o corredor.

* * *

Eu não havia conseguido dormir – na verdade, eu não queria acordar no meio da madrugada com os gritos deles e as perguntas acusadoras – e acompanhei os traços do relógio digital marcarem seis horas da manhã. Esfreguei os olhos e encarei minhas mãos por um longo tempo.

O que foi que eu fiz?, eram as seis palavras que iniciavam meu dia e o encerravam há pouco mais de quatro meses; era essa pergunta que me manteve angustiada nos primeiros dois meses e me corrói feito ácido desde então. Eu os matei, era a resposta eu murmurava em seguida assim que fechava os olhos com força, como se isso fosse um passo de uma magia que trazia os mortos à vida.

Chutei a coberta e, assim que pus os pés no chão gelado, a temperatura me fez sentir desperta por alguns instantes; a distância entre a minha cama e a janela era de alguns passos, afastei a cortina improvisada e observei as nuvens cinzentas por algum tempo.

Não sei por quanto tempo fiquei debaixo do chuveiro depois que o encontrei ou por quantas vezes alisei a superfície protuberante das cicatrizes nas costas e nos antebraços – nada mais do que pequenos rabiscos num tom rosado. Saí debaixo da água quando ouvi algumas batidas na porta e comecei a me vestir: jeans, botas, regata e moletom.

A rotina ali era resumida a cumprir os horários estabelecidos pela diretoria e não arranjar brigas ou topar com o cara pálido – seu nome era Orochimaru, de acordo com os comentários de Ino – nos corredores durante as horas destinadas a educação.

A situação era mais surreal do que eu havia imaginado e a constatei assim que entrei em uma das salas de aula – como se o lugar fosse mesmo uma escola, e não uma prisão para juvenis criminosos – e havia mesas, cadeiras e uma lousa, a mesma mobília da escola em que eu havia estudado.

Fiquei parada na soleira sem saber exatamente se deveria começar a rir ou considerar o nível de sanidade daquelas pessoas. Hinata levantou de seu lugar e me instruiu a ficar por perto dela, caso eu precisasse de alguma coisa ou não entendesse que aquilo era mesmo real. Eles brincavam de colégio interno.

— Vamos, vamos... Sentem-se, não vou perder o dia todo nisso — a voz masculina foi autoritária e impaciente, um homem na casa dos quarenta anos apareceu e o cabelo grisalho o fazia parecer mais velho. — Vamos, sejam civilizados e fiquem de boca fechada. — Ele cruzou os braços na frente do corpo e esperou até que todos estivessem sentados e prestando atenção nele. — Temos rostos novos por aqui...

Os risos e os murmúrios começaram em seguida e mantive minha atenção voltada para o homem grisalho. Não seja tão paranoica, não surte, respirei fundo algumas vezes e tentei retomar o controle.

— Foi mal, Kakashi.

A voz descontraída do rapaz moreno interrompeu a conversação da sala e a porta fora aberta e fechada ruidosamente, as solas dos sapatos dele faziam um som irritável e ele se esgueirou no espaço das fileiras e colocou o único livro que trouxe consigo sobre a mesa ao lado esquerda da minha; nos encaramos e ele me observou de cima a baixo, arqueou uma sobrancelha e um sorriso emoldurou seu rosto.

— É, eu sei... — o mau humor na voz dele aumentou consideravelmente quando o moreno lhe lançou uma piscadela. — Eu sou Kakashi Hatake, um dos orientadores do projeto e também responsável por algumas aulas do cronograma básico que, com certeza absoluta, nenhum de vocês se deu ao trabalho de ler.

Outra série de murmúrios tomou conta da sala e o olhar duro de Kakashi silenciou boa parte deles, o restante perdurou por mais alguns minutos até o silêncio reinar. Ele começou a listar quais aulas leciona, quais são os períodos e sua forma de trabalhar, como se tudo aquilo fosse relevante para qualquer um.

Virei um pouco a cabeça para o lado e olhei ao redor com cautela, mas todos pareciam adolescentes comuns; parecia que aquela era uma sala de aula de verdade e que Kakashi era mesmo um professor se apresentando no primeiro dia de aula. Era fácil de se acostumar a essa perspectiva se você esquecesse que, naquela sala de 8m², havia trinta e seis menores de idade autores de crimes diversos e infratores de tantos outros parágrafos da Lei, da moral e dos bons costumes.

Franzi levemente o cenho quando notei que, vez ou outra, o moreno fingia olhar para o livro sobre sua mesa e me encarava por alguns minutos. Respirei fundo e tentei ignorá-lo durante o restante da explicação de Kakashi, mas eu também analisava aquele garoto e o observava de tempos em tempos.

— Cada um de vocês recebeu um tempo a cumprir aqui dentro, como parte da pena aplicada em seus processos e, desde que cumpram o cronograma estabelecido, há uma possibilidade de diminuir uma parte dessa decisão legal. — Kakashi estava sentado sobre a mesa mais larga, destinada ao professor ou orientador responsável por determinado horário. — Cada atividade que vocês fazem, cada grama de comida que ingerem, tudo o que fazem e o que deixam de fazer é relatado para um assistente social e depois para a Promotoria.

Ele suspirou e descruzou os braços.

— Vocês têm uma chance de pedir revisão na pena, se colaborarem e agirem como as pessoas civilizadas que um dia foram — ele observou cada um dos trinta e seis adolescentes com calma, estudou suas expressões e havia certa apatia em seu olhar quando ele me encarou. — Não ferrem comigo e eu não vou ferrá-los. Façam a parte de vocês e faremos a nossa para tirá-los daqui como pessoas civilizadas.

Virei a cabeça na direção de Ino e ela apenas ergueu os ombros, com o mesmo sorriso conformado de antes e se virou para conversar com uma garota atrás dela. Desviei o olhar para o outro lado e o moreno murmurou no mesmo tom de voz que a loira havia usado:

— Isso nunca vai acontecer.