Bokura no Love Style

Capítulo 7 - Abunai!!!


Merda! Você é tão ingênua – ele disse com raiva – eu vou te contar a verdade então...

Esperei, parada no mesmo lugar, pela verdade que ele disse que me contaria. Ele se aproximou, respirou fundo e começou.

— Kaoru não sabe disso, mas eu controlo o corpo dele quando ele está inconsciente. Você já ouviu falar de dupla personalidade? Eu sou a personalidade que vive dentro do Kaoru.

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Continuei olhando para ele, que agora sorria. Pisquei duas vezes, esperando que ele terminasse a explicação. Certo, eu não entendi nada.

— Você ainda não entendeu coelhinha? – ele veio para perto de mim, perto demais, e enrolou a ponta dos meus cabelos em seus dedos, sem desviar o olhar – em outras palavras, existem duas pessoas em um só corpo. Existe o Kaoru sério e idiota e o ‘eu’ violento e divertido, que gosta de brincar com mulheres.

Mentira. Eu não acredito nisso. Empurrei Kaoru para longe, segurando com força as lágrimas que queriam a todo custo sair.

— Não é verdade! – eu disse, mesmo pensando que tudo se encaixava perfeitamente. Ele não demonstra emoções da mesma maneira que o meu Kaoru-kun, ele tem a marca no mesmo lugar, e ele também sabe lutar... eles tem o mesmo rosto, as são completamente diferentes... ele é... outro Kaoru-kun...

— Parece que você nutre sentimentos pelo Kaoru, né? – ele falou naturalmente, como quem comenta sobre o tempo. Corei instantaneamente, e fitei o chão.

— C-como você sabe?

— Qualquer um saberia só de ver suas reações. Bom... qualquer um menos o Kaoru, já que ele é tão lerdo – ele falava olhando para o céu, e não pra mim, com um sorriso estranho no rosto – Isso é ruim... você está tão atraída por ele, que bonitinho, mas ele não corresponde a nenhum dos seus sentimentos.

— E como você pode saber disso? – desafiei.

— É óbvio! Kaoru pode não saber da minha existência, mas eu conheço todos os pensamentos dele. E para ele você não é mais importante que um grão de arroz...!

Grão de arroz...

Eu sabia que meus sentimentos não eram correspondidos, eu sabia que Kaoru-kun nunca retribuiria esse meu amor, mas estar ouvindo tudo isso diretamente, pela voz dele, com seu rosto aqui na minha frente, é muito doloroso. Deixei as lágrimas caírem livremente pela minha face corada, já na havia motivo para segurar.

— Você deveria desistir do Kaoru, sabe – ele segurou meu rosto com força entre suas mãos, me forçando a olhá-lo, com aquele odioso sorriso – você não gosta disso, de ver o homem que você ama com uma mulher diferente todos os dias. Que tal isso? Voce continua amando aquele idiota agora que sabe da minha existência?

Kaoru-kun...

Eu continuo amando Kaoru-kun. Meus sentimentos não mudaram. Eu ainda o amo, mas... eu não gosto dessa pessoa que está falando comigo agora!

— Pelo jeito nossa conversa terminou por hoje – ele disse com a voz alarmada – se apresse e vá pra casa!

Olhei para o lado e percebi o motivo da sua tensão. Um garoto, com o semblante transtornado, olhava com raiva para nossa direção. Ele tinha um brilho estranho acima das mãos... forcei a vista e pude distinguir o que era. Uma faca! Ele queria matar alguém... ele queria matar o Kaoru-kun!

— Q-quem é esse cara? – sussurrei, com as pernas tremendo.

— É alguém de quem eu roubei a namorada. Ele me odeia e quer me matar – como ele pode sorrir com uma coisa dessas? Meu corpo todo parecia ter perdido o chão e meu coração acelerou por um momento. Segurei o braço do Príncipe Pervertido com força, escondendo o rosto no seu casaco, ele abriu mais ainda o sorriso ao me ver fazendo isso. Eu estava com medo...

— Você – o garoto sibilou, a voz vacilava com a raiva – você roubou a minha Nagisa! Você vai pagar!

— Não me venha encher o saco! Se a sua namorada te trocou, ela dever ter tido um bom motivo, a culpa foi sua. Talvez você esteja deixando a desejar...

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— EU VOU TE MATAR!!! Eu vou te fazer sentir a minha dor, Hitachiin Kaoru! – O garoto avançou, com a arma em punho. O que eu faço? Desse jeito... Kaoru-kun...

— Pare! – coloquei meu corpo na frente do Kaoru-kun. Ninguém iria machucá-lo! Senti uma dor lancinante em algum lugar abaixo da clavícula, e um líquido quente escorria rápido, manchando meu casaco e meu cachecol. Cai sentada no chão, querendo fazer a dr sumir de alguma forma. Tudo o que eu podia ouvir era a voz do Kaoru-kun gritando palavrões descontroladamente enquanto distribuía golpes. Minha visão foi ficando embaçada, e doía muito para respirar. Logo ouvi passos arrastados se afastando, e senti algo quente amparando minhas costas. Deixei meu peso ceder, para aliviar a dor.

— Você está bem? – aquele rosto preocupado eu conhecia. Sorri fracamente acenando com a cabeça. Será que ainda é o Príncipe Pervertido...?

— Você... é estúpida??? – ele dizia com as sombrancelhas arqueadas em irritação, e a voz alterada... sim... era o Príncipe Pervertido... – Você é frágil, não vá pulando desse jeito na frente das pessoas! Eu não preciso que me cubra! Eu chuto o traseiro desses caras!

Foi instintivo... eu pulei..pra salvar o meu Kaoru-kun...

— Mas... eu pensei... que o corpo do Kaoru-kun estava em perigo... – argumentei, vendo sua expressão ficar surpresa – mesmo que seja voce aí dentro...o corpo continua sendo do Kaoru-kun... eu não podia deixá-lo dessa forma.

Depois de falar tanto, fiquei um pouco tonta, então apoiei a cabeça no peito do Príncipe Pervertido, fechando os olhos por alguns momentos. Eu estava com sono...

— Isso me deixa irritado... – ouvi ele rosnar, antes de sentir me corpo ser içado para cima, e cair na inconsciência.

Abri os olhos devagar, me acostumando aos poucos com a iluminação. Eu estava em um quarto bem simples, em uma cama de casal, que era a única coisa ali além de um guarda-roupa embutido. Senti a região acima do peito latejar, e olhei por dentro da blusa, e vi um curativo mal feito, e enorme, enrolava todo o meu corpo até a cintura, parecia que eu tinha feito uma cirurgia. Era bastante exagerado. A blusa que eu vestia não era a minha, era uma blusa grande e escura, de mangas compridas que deixam minhas mãos cobertas.

— Ah! Você acordou... – alguém falou, sentado na ponta da cama. Era ele... ele fez curativos em mim?

— Saiba que é uma honra ter alguém como eu fazendo curativos em você... – ele disse olhando para o lado, com o rosto...vermelho? O príncipe Pervertido estava... corado?

— Você... fez isso? – eu murmurei incrédula... e a ficha caiu quando eu vi meu sutiã jogado num canto da sala -você...VOCÊ ME VIU... N-N-n-n-nua!!!!! – eu apontei para ele acusadoramente, enquanto gritava.

Kyaa! Eu quero morrer!!!!

— Cala essa boca – ele me silenciou colocando a mão sobre minha boca – alguém vai ouvir você, sua sirene! Os vizinhos vão reclamar! Eu não fiz nada com você, se é o que está pensando. E esses seus peitos pequenos nem mesmo me excitam!

Idiota!

— Depois que se vestir, se apresse e vá para casa – ele se levantou e jogou um amontoado de tecidos para mim – vou chamar um táxi para você.

Dizendo isso ele saiu do quarto, me deixando sozinha. Olhei para a Lua pela janela, ela já estava alta no céu. Quanto tempo será que eu dormi? No meu colo estavam as minhas roupas, todas limpas e costuradas no local onde a faca havia rasgado... ele havia feito isso também?

O Príncipe Pervertido... me tratou de uma forma gentil... como Kaoru-kun faria... não... foi gentil a sua própria maneira... mas ainda assim...

Saí do quarto depois de me arrumar, e o encontrei parado no corredor. Ele me pediu para seguí-lo e eu fui, rumo a porta do apartamento. Era um lugar ajeitadinho, e impecavelmente limpo, mas do tamanho certo para um solteiro. Eu nunca soube que Kaoru-kun morava sozinho.

Enquanto esperávamos o táxi do lado de fora, não pude evitar puxar assunto.

— O que você vai fazer depois que eu for...? – indaguei, um pouco incerta.

— Huh?! O que eu faço não é problema seu.

— Mas... o seu corpo é do Kaoru... então... – ele me fitava de um jeito perigoso, com raiva, o que me deixou um pouco assustada, mas mesmo assim eu continuei – por favor... não faça nada perigoso com o corpo do Kaoru-kun... Não se mata em brigas, não o machuque!

— Mesmo não gostando de mim, você ainda se preocupa com aquele idiota, não é? – ele sorriu perigosamente, e por um instante, eu jurei ter visto uma sombra de dor passar por seus olhos. Ele segurou meus punhos com força e me pressionou contra a parede do prédio.

— E se eu me recusar? O que você vai fazer?

— Eu vou te seguir e vigiar tudo o que você fizer! – eu o encarei decidida, tentando não me deixar abalar por estar com seu rosto tão perto do meu – eu vou estar lá quando Kaoru-kun estiver com problemas, eu o protegerei.

— Pare de falar besteiras, coelhinha. O Kaoru não tem nenhum sentimento por você! Não há motivos para estar tão desesperada! – ele estava muito irritado, e gritava comigo.

— Eu sei! Eu sei... – minha voz falhou, e as lágrimas caíam sem a minha permissão. Levantei meus braços, que estavam presos pelos braços dele, numa tentativa falha de fazê-las parar de cair – mas está tudo bem... ainda que o Kaoru-kun não goste de mim dessa forma, porque eu gosto muito dele, e isso é suficiente... então por favor, eu imploro, não machuque o Kaoru-kun, por favor!

Ele pareceu incomodado, talvez por causa das lágrimas, e olhava para o chão, com a cabeça para baixo, e fez menção de se afastar, mas quando eu menos esperava, ele se aproximou novamente, e segurou a minha franja para cima, com cuidado. Eu o fitava, tentando descobrir o que ele ia fazer, e para minha surpresa, ele depositou um beijo na minha testa, enquanto secava minhas lágrimas. Impossível... Isso aconteceu mesmo, ou foi minha imaginação?

— O q-que...?! – eu não sabia como agir depois do que ele fez, levei a mão à cabeça, no lugar onde ele havia beijado, e estava provavelmente com cara de idiota.

— O que aconteceu agora foi culpa sua! – ele se afastou, e me encarava irritado, com o rosto quase imperceptivelmente corado – Não deveria fazer essa cara... é como se estivesse pedindo por um beijo agora mesmo...

Eu ainda estava incrédula, tentando processar tudo isso.

— Droga! – ele reclamava baixinho, um pouco afastado, e sem olhar na minha direção – É a primeira vez que conheço uma garota tão problemática quanto você! Certo, eu vou fazer o que você pediu! – ele olhou para mim ao dizer a última frase, tocou levemente meu rosto com a ponta dos dedos.

Meu coração bate forte e rápido, e eu gosto de sentir esse toque leve, mas deve ser apenas por que esse é o rosto do Kaoru-kun. Essa é a única razão... não é?

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