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Epilogo


- Papai, eu estava lendo este livro de regras e acho que aprendi finalmente – a vozinha dela, minha pequena filha, tão frágil nos seus cinco anos de idade.

- Que regras Rose? – perguntei com a boca lotada de comida durante o jantar na minha casa.

- Ronald – a Hermione logo me repreendeu pelo mau comportamento na mesa, mesmo que seja em vão, já que Hugo aos seus três anos já seguia meus passos em relação à comida.

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- De como jogar xadrez papai, você sempre me disse que ia me ensinar a jogar quando eu completasse sete anos e estivesse preparada, mas eu quero te desafiar a um jogo com apenas cinco anos e te mostrar que eu sei sim jogar xadrez.

Eu queria ensina-la de fato aos sete anos, já tinha preparado tudo na minha cabeça. Iria parecer simples de aprender, mesmo sendo muito complexo, seria como quando meu pai havia me ensinado, eu deixaria ela ganhar de mim no fim, e tudo seria perfeito. Mas a Rose com essa síndrome de Hermione que quer ler tudo antes, tinha estragado todos meus planos.

- Tudo bem, então depois da sobremesa a gente joga.

E logo estávamos lá, com meu velho tabuleiro de xadrez Trouxa montado na mesinha de centro da sala. Eu e minha pequena filha, sentados no chão, um em cada extremidade. A Hermione no sofá lia o “Profeta Diário” com o Hugo em seu colo jogando um videogame portátil.

- Então como iniciante você sabe que... – comecei a explicar, mas ela me cortou.

- As brancas começam papai. Você começa. Anda logo.

Já disse que ela tem o gênio da Hermione?

Então eu dei meu primeiro lance no jogo de Xadrez, e logo minha filha fez o mesmo com as peças pretas.

- É muito fácil, os peões andam em linha reta, mas capturam pela diagonal – ela dizia com seus olhinhos brilhantes de expectativa – E tem até um truque, que talvez não saiba mas eu sei.

- Qual? – perguntei imaginando sua resposta.

- Que quando um peão chega do outro lado do tabuleiro, pode ser promovido para uma Torre, um Bispo, um Cavalo ou até mesmo uma Rainha – respondeu orgulhosa de si mesma.

- O difícil é chegar do outro lado – eu respondi dando meu próximo lance no jogo eliminando um peão da minha pequena adversária.

Ela suspirou tristemente e quase pude ver umas lágrimas em seu rosto. Eu sei que é maldade, mas eu sempre quis ensinar ela a jogar Xadrez, não queria ter perdido meu posto para um livro de regras.

E prosseguimos assim, até que eu havia eliminado quase todas as peças dela. Seu Rei estava em Xeque, faltava um lance para eu ganhar.

A Hermione já havia me lançado vários olhares ameaçadores. Eu simplesmente a ignorava.

- Entenda uma coisa nesse negócio de Xadrez filha – comecei a dizer calmamente, Rose sabia que ia perder, e estava fazendo um esforço enorme para não chorar por causa disso – O Xadrez, nunca é regra. Um peão às vezes, pode precisar parar de se enlouquecer por lembranças do passado, ou procurar uma resposta impossível, ou até mesmo parar de correr.

Ela ergueu as sobrancelhas incrédula, mas eu continuei:

- Um cavalo, merece uns socos de vez enquanto, um Bispo abrir os olhos, mesmo que o tempo seja a resposta no final, uma Torre, voltar a falar, mais que isso, a dar broncas. Uma Rainha? Encontrar seus pais.

- E um Rei? – a pergunta veio da Hermione que olhava sorrindo para mim.

- Um Rei, salvar todas as outras peças, mas no fim perceber que estava salvando a si mesmo – olhei para ela cumplice.

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- Papai, isso não tem nada haver com xadrez – Rose falou sensatamente.

- Exato filha, tem haver com a vida – dando meu ultimo lance naquele jogo de xadrez disse por fim – Xeque-mate.

Então não aguentando mais ela desatou a chorar, agarrando o livrinho de regras, foi correndo para seu quarto.

- Você é péssimo pai sabia disso? Um péssimo pai – Hermione logo começou a me dar uma bronca o que não permiti a calando com um pequeno beijo em seus lábios.

- Eca! – Hugo exclamou para nós dois e resolveu ir para o quarto jogar seu jogo em paz.

- Eu fiquei com ciúmes daquele livro de regras idiotas – confessei fazendo um bico enorme – Eu que devia ter ensinado Xadrez a ela, não aquele objeto.

- Mas você vai ensinar, tenho certeza disso.

Deitei no colo dela no sofá e senti sua mão em meus cabelos.

- Mas eu juro que se da próxima vez que jogar com ela, não a deixar ganhar e fazê-la chorar de novo eu vou te matar Rony. Ela só tem cinco anos.

- Ok – eu confirmei fechando os olhos.

- Papai!

Escutei a voz fina dela e abri os olhos a vendo parada em minha frente. Já não chorava mais, ela tinha a expressão nervosa, testa franzida, as maçãs do rosto totalmente vermelhas. Me lembra tanto a Hermione. Versão em miniatura dela.

- Leia – ela arremessou um livro com o titulo “Regras de Xadrez para iniciantes” – Vai aprender a jogar Xadrez, depois podemos jogar novamente, e justamente.

Virando as costas, voltou para seu quarto batendo os pés.

- Ela é igualzinha a você – eu comentei.

- A inteligência pode ser, mas aquele gênio é seu – Hermione retrucou.

- Ah Hermione, por favor, todo mundo sabe que você é uma mandona insuportável, o que a Rose fez foi mandar! – sentei no sofá começando uma nova discussão.

- Ela foi teimosa igual ao pai...

Então começamos a brigar.

Tudo estava bem no meu pequeno mundo particular.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.