Opera Paris

Capítulo 4 - Nobreza


Capítulo 04 – Nobreza

Era mais uma noite de casa cheia, domingo, o dia em que os principais nobres de Paris iam ao teatro. Bella cantava lindamente e Alice era sua coadjuvante, as duas estavam em sincronia dentro dos palcos.

No camarote número cinco, a figura misteriosa do Fantasma observava satisfeito o espetáculo. No camarote abaixo, estavam os donos do teatro – os Barões Charlie e Phillip – e o Visconde James de Chagny.

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- Ele não veio... – Alice disse à Madame Renée.

- É claro que veio. Eu o vi. – Ela assegurou-lhe. – Vá ao camarim e se troque.

- Meus senhores, eu lhes apresento a dama da habilidade! – Barão Charlie disse em alto e bom som, quando levava alguns convidados para conhecer os bastidores. – Madame Renée Dwyer.

- Muito prazer em conhecê-la, Madame.

- Este é Conde Cullen, Jasper Cullen. – Charlie apresentou-os. – E este é seu irmão, Conde Edward.

- Muito prazer em conhecê-los, meus senhores. – Ela disse educadamente, fazendo uma reverência. – Como vai, Conde Edward?

- Bem, obrigado.

- Já se conheciam? – Jasper perguntou.

- Oh, eu já vim algumas vezes aqui e conheci Madame Renée. – Edward respondeu sorrindo. – O balé continua hábil como sempre, madame.

- Se não se importa, venha conhecer nossa galeria, Conde Jasper. – Phillip disse, deixando Edward e Renée a sós.

Minutos depois, a porta do camarim se abriu e Alice e Bella saíram, trajando vestidos longos. Bella usava um vestido azul, contrastando com sua pele clara; ele era tomara que caia e tinha um bordado dourado até uma parte de sua saia. Alice usava um vestido na cor creme, com bordados dourados por todo o corpo, deixando somente o colo exposto. Madame Renée sorriu ao vê-las.

- Bella, querida. – Ela disse. – Este é Conde Edward Cullen. Conde, esta é nossa nova estrela, Isabella Swan.

- Encantado, mademoiselle. – Ele sorriu.

- Esta é Alice, nossa principal bailarina.

- Lindo espetáculo, madames. – Ele disse educadamente. Logo em seguida, Visconde James aparecera.

- Bonne nuite, mademoiselles! – Ele fez uma reverência. – Posso levá-la para um jantar, senhorita Swan? – O Visconde perguntou.

- Certamente é uma idéia excelente, principalmente quando se trata de uma dama hábil como Alice Brandon! – Conde Jasper apareceu ao lado dos barões.

Alice corou e riu. Bella se viu novamente nas garras do visconde, que se mostrara impertinente nos últimos dias. Notando a dúvida de Bella, Alice tomou uma posição para ajudar sua amiga.

- Oh, seria uma pena. – Alice disse. – Porque Bella e eu somos inseparáveis.

- Então jantará conosco, senhorita? – Jasper perguntou a Bella, percebendo a indecisão.

- Senhorita Swan, gostaria de falar a sós se me permitir. – James disse educadamente.

Bella e James caminharam para uma das galerias do teatro, onde estavam expostos os retratos das principais estrelas de outrora. O visconde sorria com a companhia da dama, enquanto Edward tinha uma linha dura formada no rosto.

- O que aconteceu com a dama que era minha amiga de infância? – Perguntou ele.

- Ela percebeu que o dinheiro e o status fizeram do senhor um jovem mimado, meu caro visconde. – Bella murmurou. – Sinto pela sinceridade, mas não posso me deixar levar por algo desse tipo. O senhor se mostrou insolente esta tarde e no outro dia.

- Mas foi por causa do mistério que te ronda, mademoiselle. – Ele suspirou. - Nenhuma dama de respeito dorme fora, inda mais se tratando da senhorita e daquele gênio musical que não mostra o rosto.

- Como ousa?! – Bella exclamou. – Não sou uma cortesã, embora eu viva neste teatro, monsieur!!

James enlaçou Bella pela cintura e colou seus lábios aos dela. Atordoada com o que estava acontecendo, Bella se deixou levar momentaneamente, mas então começou a empurrar o visconde, que finalmente, a soltara. Tomada pela raiva, ela lhe deu um tapa, deixando a marca de sua mão em uma das bochechas brancas de James de Chagny.

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- Não me procure mais, meu caro amigo. – Bella disse irritada, frisando as palavras. – Se tivemos alguma amizade quando pequenos, ela se acabou. Passar bem!

James ficou na galeria, estupefato pelo que fizera e pela atitude de Bella. Com certeza é obra daquela criatura. Enfeitiça a mente de Bella fazendo-a esquecer-se dos outros. Ele pensava enraivecido. Vou encontrá-lo, meu caro Fantasma, irei tirar sua máscara quando menos esperar!

Bella saiu apressada da galeria, voltando às portas do camarim, onde estava antes de James lhe beijar forçadamente.

- Está vermelha, senhorita, o que houve? – Phillip perguntou.

- Nada que seja importante. – Bella disse. – Vou me retirar.

- Oh, é uma pena, senhorita bailarina, - Edward disse a Bella, fazendo suas palavras ecoarem na mente da jovem, que tremeu por um instante. – eu acabei de dizer a Alice que seria ótimo sua companhia esta noite. Jantaremos em nossa mansão. Aceita este jovem conde como companhia? - Bella pareceu ponderar, mas na verdade, as palavras do Conde, a forma como ele as colocara lhe era muito familiar.

- Posso conversar com a Madame Renée antes de sairmos? – Ela perguntou.

- Fique a vontade. – Jasper respondeu.

Bella deslizou sua mão pelo braço da madame Renée, puxando-a para um canto, dentro do camarim. A mulher a olhava curiosa, mas sabia o que Bella iria lhe falar. Renée encostou a porta e olhou para a jovem.

- Pode parecer meio estranho e eu posso ser tachada de louca... – Bella disse baixo. – Ontem quando eu estava na companhia de Monsieur Fantôme, ele me disse que para mim era inofensivo... Receio que ele odeie que eu ande acompanhada.

- Não têm problema algum, não hoje. – Renée lhe assegurou. – Receio que o Monsieur Fantôme não goste muito do visconde.

- Nem eu estou gostando mais dele. – Bella disse azeda.

- Querida, o Fantasma não vai se importar, foi uma grande noite. Além do mais, eu não me lembro de tê-lo visto ainda. – Ela sorriu e levou Bella para fora do camarim.

- Ela irá acompanhá-lo, Conde Edward. Tenha uma boa noite, querida.

Renée disse adeus para suas afilhadas e então entrou novamente no camarim para guardar os vestidos das apresentações. Quando terminou, entrou em seu quarto, desfez sua enorme trança, e foi dormir. Na avenida larga de Paris, a carruagem dos Condes Cullen seguia para o château. Alice e Bella estavam sentadas uma ao lado da outra, observando o movimento das carruagens pelas ruas da cidade luz, elas nunca iam para aquela área da cidade.

- Swan é o sobrenome de um violinista, não? – Jasper perguntou a Bella.

- Oui, monsieur. – Ela respondeu. – Meu pai era violinista.

- E Brandon? Eu me lembro de ouvir seu sobrenome... – Jasper disse a Alice.

- Brandon é o sobrenome de minha mãe, ela era uma das bailarinas do Ballets Russes. – Alice respondeu. – Minha mãe era Anna Pavlova Brandon...

- Uma das principais bailarinas do balé. – Edward sibilou. – Ouvimos falar de sua mãe. Agora sabemos de onde vem tanta habilidade e agilidade, senhorita, Pavlova.

- Obrigada, monsieur.

O cocheiro abriu a porta da carruagem e os condes desceram. Jasper estendeu a mão para que Alice descesse; Edward estendeu sua mão, coberta por uma luva preta, para Bella descer. Os olhos de Bella pararam por sobre a luva por alguns instantes, até que ela pudesse colocar os pés no chão. Havia algo de familiar em tudo aquilo. Na companhia dos condes, as duas damas subiram a escada de entrada e entraram na casa.

A mansão era de tijolos claros, as bordas de todas as janelas eram sobressaltadas e brancas. Os vidros eram transparentes e havia pequenas torres, que lembravam um pequeno castelo. Havia uma dezena e meia de quartos naquele castelo e um incrível número de galerias subterrâneas. Por dentro, a casa era clara e nova, com detalhes esculpidos em marfim de entalhes dourados. A decoração era simples, porém refinada.

As duas foram conduzidas a uma sala onde havia um enorme piano branco de cauda e uma mesa redonda para quatro pessoas posta perto da janela, às vistas do rio e da paisagem cuidadosamente montada. Duas criadas estavam paradas ao lado da mesa quando os quatro chegaram. Edward e Jasper se prontificaram em puxarem as cadeiras estofadas, dando lugar para as senhoritas. Logo em seguida, Jasper abriu o vinho, enquanto Edward pegava as taças.

- Château Margoux, uma safra excelente. – Edward serviu Bella. – Tinto suave.

- Obrigada. – Bella agradeceu.

- Eu nunca o vi no teatro, Conde Jasper. – Alice disse ao homem loiro.

- Por favor, Jasper. – Ele riu. – Cheguei recentemente à Paris, estava viajando. Por acaso, cuidando de uma vinícola.

- Vocês devem saber muito sobre os freqüentadores do Opera... – Edward comentou.

- Normalmente são sempre os mesmos. Não existe muito que se fazer quando está acompanhado. – Bella disse gentilmente. – A maioria dos nobres vai ao teatro com suas damas, para proporcionar um momento de alegria.

- Não tem como se ter bons momentos entre casais no Moulin Rouge. – Alice disse rindo.

- De fato. – Jasper concordou. – Espero que gostem de *foie grãs.

(...)

Após o jantar, Edward levou Bella para conhecer um dos lados da mansão, deixando Alice a sós com Jasper. Edward caminhava ao lado de Bella pelo jardim imenso da propriedade. A noite estava bem escura, destacando a lua cheia e prateada no céu.

- A vista é muito bonita daqui de cima. – Ela disse olhando para a cidade.

- É mesmo não é? – Ele sorriu. Sua pele cintilava levemente com o brilho frio da lua cheia. Edward encarava Bella com suas orbes douradas. – Está preocupada, senhorita?

- Não. – Ela disse baixo.

- É com o visconde? – Ele perguntou estreitando os olhos.

- Perdoe o Visconde, ele só está chateado. – Ela disse, sabendo que James iria procurar saber sobre o fantasma.

- Mas não pareceu isso. Eu vi como ele saiu da galeria depois de conversarem. Ele disse-me que é tudo culpa do gênio musical. – Edward sibilou.

- Ele falou isso? Céus... – Bella ficou amuada. Ela sabia que não precisava temer o gênio, por mais misterioso que fosse; só que temia que o visconde o encontrasse.

- Não tema. Ele não pode fazer mal ao gênio.

- Sabes do gênio? Não vais me chamar de louca? – Ela perguntou desacreditada.

- Não. Todos sabem sobre o senhor Fantasma. – Ele disse sorrindo. Um sorriso familiar demais. – Você o conhece? O que acha dele?

- Ele... Oh, não é muito admirável ficar falando de um homem para outro, senhor Conde. – Bella franziu o cenho.

- Tenho certeza que ele não achará ruim. – Edward disse divertido.

Bella parou para pensar sobre o que ele dizia. Até madame Renée havia lhe dito a mesma coisa. Como podiam conhecer tão bem o fantasma e ela não? Edward continuava sorrindo, um sorriso estranhamente familiar. Talvez ele estivesse esperando alguma coisa, alguma reação, ela pensava. Ou talvez fosse só brincadeira, homens são assim. Mas o fantasma parecia não ser. Raios, eu não o tiro da minha cabeça! Ela praguejava mentalmente. Talvez ele tenha feito lavagem cerebral em mim.

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- Você e Madame Renée parecem conhecê-lo muito bem. – Bella disse ao conde.

- Ah, sim... Conhecemos sim, minha jovem bailarina. – Edward disse baixo e sedutoramente. – Vamos, está começando a esfriar aqui. – Edward guiou Bella para dentro da mansão.

(...)

- Você dizia que estava viajando, é um vinicultor? – Alice perguntou à Jasper, quando estavam a sós.

- Sim, o vinho que tomou é de uma das nossas safras. – Ele disse delicadamente.

- Perdoe minha curiosidade, eu tenho este costume. – Alice sibilou. – Mas é um vinho muito bom e certamente apreciado pela maioria, imagino.

- Está certa. – Ele sorriu. – Eu não me preocupo com sua curiosidade. Está perfeita do jeito que é.

Jasper estendeu sua mão à Alice, que a pegou de imediato. O conde mostrou à jovem bailarina a propriedade e levou-a ao terraço, onde podiam ver todo o lugar e ter uma vista ampla da cidade luz. Ao longe, o cabaré Moulin Rouge se destacava em vermelho, em meio às outras luzes de Paris. Alice observava admirada tal visão. O conde e a bailarina estavam tão absortos em seus próprios pensamentos, que se esqueceram de onde estavam.

- Como uma jovem como você, filha de Anna, foi parar naquele teatro?

- Minha mãe morreu alguns anos depois do meu nascimento. Madame Renée era amiga dela e ficou comigo. – Alice disse suavemente, virando-se para encarar o conde.

- Perdoe-me se estou sendo impertinente. Mas a senhorita não tem uma casa, além do teatro? – Ele perguntou.

- Ah, claro que tenho. Mas não costumo ir lá. Como disse, eu gosto do teatro. Lá é sempre alegre, mas ao mesmo tempo misterioso. O clima é propício para artes. – Alice riu. – Está vendo aquela casa?

Alice apontou para uma mansão, um pouco menor que a mansão Cullen, mas certamente, tão bonita quanto. A mansão era amarela com suas arestas brancas. Ficava entre um vasto campo verde, na região residencial de Paris, onde a nobreza vivia.

- Uma linda casa. – Alice disse para si mesma. – Eu vou lá às vezes, Bella também. Quando temos folga dos espetáculos passamos a semana por lá.

- E a senhorita Swan?

- Não creio que ela se importe se eu falar... – Alice ponderou. – Bella, como filha do famoso violinista Swan, têm seus bens. Creio que uma casa aqui em Paris e uma no campo... Ela mesma consegue administrar seus bens. Mas a maioria não vê com bons olhos.

- Eu a admiro... A senhorita também. – Ele disse.

- Sinto interromper, mas está ficando muito tarde, precisamos voltar. – Alice disse sorrindo.

- Sem problema algum, nossa carruagem levará as damas de volta ao teatro.

- Obrigada, monsieur Le conde. – Alice sibilou.

~~

Glossário:

Monsieur: Senhor

Mademoiselle: Senhorita

Château: Mansão, Casa com mais de dois andares, Castelo.

Ballets Russes: Balé Russo. Equivalente ao Balé Bolshoi no Brasil.

Foie Gras: Figado de Pato ou Ganso bem recheado. Principal prato francês.

Anna Pavlova: Bailarina do balé russo.

Fantôme: Fantasma.