Dangerous Feelings

As máscaras começam a cair...


-Que recepção boa, não é Tortura? – Rachel indagou aproximando-se de nós, precisamente de mim – Está se sentindo bem?

-Tirando a dor nas costelas sim – digo com uma ponta de sarcasmo.

Ela deixa um sorriso sem humor escapar antes de se virar para Leon e Raphael.

-O que vocês dois tem na cabeça? – ela perguntou, mas parecendo uma repreensão – Não acham que já foram longe o suficiente?

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-Não devia se envolver nesse assunto, Rachel – Wade sugere solene.

-Infelizmente não penso dessa maneira – ela replicou voltando-se pra mim – Venha querida, temos muito que conversar.

-Não conte nada á ela – Leon advertiu.

Ela lhe lançou um olhar bastante gélido que o fez formar uma expressão neutra. Rachel se voltou pra mim amparando-me.

-Consigo andar – aviso sentindo uma leve pontada nas minhas costelas.

-Obrigada Raphael – ela ironizou ficando ao meu lado – Me acompanhe, por favor.

Assento com a cabeça enquanto a sigo, sentindo os olhares sob minhas costas.

Apenas o som de seus passos era ouvido entre nós, mas conseguia ver sua expressão irritada claramente, só ficava me perguntando porque dela estar assim.

O que tinha de errado afinal de contas entre tudo?

Retornamos então para o pub onde reconheço o garçom que limpava uma caneca.

-Anthony – o chamo surpresa.

Ele ergue seu olhar pra mim, mas nenhum sorriso sai de seus lábios.

-Se conheciam? – Rachel indagou nos olhando alternadamente.

-Ajudei uma vez ela – ele explicou suave – Só que queria não vê-la mais.

-Muita gente quer isso também – Rachel disse com certa acidez – Sono já está aqui?

-Esperando vocês na mesa – ele indicou com a cabeça – Tenha cuidado.

-Os deuses estão de vigia – ela o tranqüilizou – Tudo vai correr bem.

Ele bufou, mas continuou seu afazer, ignorando-me completamente.

-Angelique – Rachel me chamou – Venha, não podemos mais perder tempo.

Assento com a cabeça movendo-me para junto de si sentindo meu corpo todo nervoso.

O que é que eu saberia?

Eva estava sentada olhando a rua pela janela, a luz do luar recaia sobre seu rosto dando-o uma expressão bastante formosa. Só que ela se virou para me lançar seu meio sorriso antes de se aproximar de mim.

-Selena – ela disse pegando minhas mãos – Finalmente.

Engulo em seco olhando-as depois confusa.

-Acabemos logo com isso, Sono – Rachel acelerou o processo no fim das contas.

Eva a encarou por um segundo antes de seu indicador tocar minha testa e depois apenas um grande clarão azulado invadiu minha visão antes de me situar em uma floresta.

Na verdade uma área da floresta onde notei que ao redor havia arvores caídas; destroços de algum objeto que com a medida que caminhava confirmei que se tratava de um avião.

Olho para Eva que apenas mantinha-se olhando pra frente e sigo seu olhar encontrando boa parte do avião completamente esmagada contra o chão, vidros estilhaçados e as feições das pessoas, acabo por arrepiar-me.

Ouço barulho de galho sendo quebrado fazendo-me voltar meu olhar para a direita deparando-me com Leon, o mesmo de todo sempre, aproximando-se lentamente do avião. Provavelmente curtia ver o final de seu trabalho.

Os olhos acinzentados percorriam cada canto como se certificando que não havia nada vivo ali, até o segundo de ouvir um choro miúdo que até a mim mesma espanta. Afinal todos não deveriam ter morrido?

Ele aproxima-se do avião, examinando-o provavelmente atrás da fonte do choro que ainda não tinha cessado, mas move-se para próximo de uma parte do avião próxima a uma árvore.

O romeno afasta a placa metálica deparando-se com uma criança de provável nove anos, o cabelo negro lisinho e com uma franja reta, a pele alva revestindo o corpo miúdo e frágil. Ela estava encolhida com a cabeça baixa chorando em meio a soluços.

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Ele abaixa-se ficando da mesma altura que ela que ainda não ergue seus olhos pra vê-lo.

-Qual seu nome, criança? – ele perguntou numa voz melodiosa.

Ela ergue seu olhar pra ele e acabo reconhecendo os olhos acinzentados, que me faz perder um pouco meu equilíbrio.

Não diga que aquela criança sou eu?

-Selena – ela disse receosa.

-Um nome bonito – ele elogiou – Quer vir comigo?

-Deixe-a Caos – alguém se pronuncia.

Ele ergue seu olhar para frente antes de trincar os dentes e a garotinha ficar meio assustada aproximando-se dele.

-Jim – ele disse numa fria educação – Surpresa vê-lo aqui.

Um homem saiu detrás de uma arvore mostrando seu cabelo curto e assombrosamente vermelho, os olhos quase da mesma tonalidade sobre a pele branca que revestia o corpo definido.

Ele se aproximou um pouco deixando seus olhos caírem em Leon e posteriormente na garotinha.

-Não pensa em cuidar dessa menina. Não é? – ele indagou quase receando a resposta.

-Por que não a criaria? – Leon replicou tentando ser educado pelo visto.

-Porque ela é uma Guardiã – ele respondeu suave – E ficar perto de um Deus não é a melhor coisa que pode acontecer.

-Hora de tentar, o que acha? – Leon indagou retórico – Ou quer ela pra você?
-De forma alguma – ele deixou um sorriso de escárnio sair de seus lábios – Alguém já pôs os olhos em cima dela.

-Quem? – Leon perguntou curioso.

-Seu amigo – ele respondeu solene – Dor.

A expressão de Leon torna-se completamente neutra.

-Vai me dizer que se esqueceu que precisa entregá-la a ele? – Jim indagou cruzando os braços – Tenho pena de vocês dois.

-Deveria ter pena é dessa criança – Leon retorquiu por entre os dentes enquanto a pequenina encontrava-se agarrada a ele.

-Não passa de uma Guardiã como todas as outras – ele deu de ombros – Como irá se entender com os Arcanjos?

-Dou meu jeito – Leon respondeu serio – Sean não vai colocar as mãos nela.

-Que atitude protetora é essa, Caos? – ele perguntou num tom surpreso – Não me diga que agora está com pena dessa pobre alma que o Sean vai fazer em picadinho?

-Tenho pena de todas as pessoas que caem nas mãos dele – Leon disse deixando a tristeza aparecer em seus olhos.

-Lamentável – Jim queixou-se – Ela não é ninguém, Caos. Sean saberá brincar com ela por um bom tempo por ser uma Guardiã, não se preocupe.

-Já disse que não irei entregar ela para Sean – Leon disse ríspido – É apenas uma criança.

-Você já matou várias – Jim disse friamente – Uma mais não vai fazer diferença.

Leon soltou um sorriso triste.

-Acha que não me culpo por cada alma que mato e mando para Cassiel ou Sean?

-Terá mais uma crise emotiva agora? – Jim indagou tombando a cabeça para o lado franzindo a testa – Pensei que tivesse superado isso.

-Superar? – ele sibilou dando mais um sorriso sem humor – Mato mais gente que você e Derick juntos.

-Fazer o que? – Jim indagou dando de ombros – Somos apenas Arrancars.

-Que bom que reconhecem – ele disse num tom suave.

Jim soltou um suspiro.

Foi à última coisa que vi antes de Eva me pegar pelo pulso e as coisas irem passando por mim como borrões até pararmos em um salão decorado ricamente a moda do século XIX.

Não me detive à arquitetura, mas sim em quem estava rodopiando no salão com uma simplesmente glamurosa mulher que detinha uma expressão vazia.

Ao contrário de Sean que resplandecia em sorrisos enquanto a rodopiava pelo grandioso salão.

Parecia não se conter de felicidade que estava bem estampada em seu rosto em formato de um grande sorriso.

Ele parou quando a porta se abriu deixando que Leon entrasse sozinho exibindo toda sua personalidade.

-Caos – Sean disse alegre – Onde está?

-Não irei dá-la a você – ele respondeu sério – Não vai por suas mãos nela.

-O que está dizendo? – Sean perguntou surpreso – Tem certeza que quer quebrar o pacto?

-Angelique irá para junto dos Arcanjos – Leon respondeu solene – Não irá ficar com ela.

Ele se aproximou de Leon num piscar de olhos agarrando seu colarinho bastante furioso.

-Você tem idéia do que acabou de fazer? – Sean indagou retórico – Como pode deixar que minha amada fosse cair nas mãos daqueles piralhos?

-Amada? – Leon sibilou surpreso – Não me diga que gostou daquela criança?

Sean o largou afastando-se.

-Tenho que achar um modo de trazê-la de volta pra mim – ele refletiu consigo mesmo – Guerra... Se não quer começar uma luta agora mesmo, irá trazê-la de volta.

-Você vai querer matá-la – Leon disse num tom óbvio.

-Eu jamais tocaria nela! – ele berrou causando surpresa em Leon.

-Ela é uma Guardiã, Dor – Leon disse solene – Sabe que não pode ficar junto dela.

-Pague pra ver – ele o provocou irritado.

Leon deixou um suspiro sair de sua boca antes de observar a figura de Sean que caminhava de um lado para outro pensativo.

-Você não pretende bater de frente com aquelas crianças – ele disse receoso – Selena vai ficar com eles.

-Vou dar um jeito de isso não acontecer – Sean retorquiu antes de olhá-lo – Você vai trazê-la de volta.

-Por qual razão? – Leon perguntou cruzando os braços.

-Não quer que Aiden entre nessa história não é mesmo? – ele indagou insinuante.

A expressão de Leon tornou-se completamente sombria que me causou um grande arrepio.

O que mais poderia esperar desses dois?
-Qual a condição? – ele perguntou pausadamente.

Um sorriso apareceu nos lábios de Sean que me fez entender que ele tinha ganhado a parada.

-Traga-a para mim – Sean respondeu – E não se aproxime dela.

-Como é? – ele perguntou enfático.

-Soube que acabou tendo afeição por minha Selena – Sean respondeu locomovendo-se pelo salão – Não quero que isso se torne algo mais além do que prefiro que ela não tenha contato com nenhum deus além de mim.

-Está ficando louco – Leon o repreendeu – Pretende deixá-la trancafiada aqui?

-Não se preocupe com ela – Sean o tranqüilizou – Apenas traga-a para mim e garanto que ela ficará muito bem.

-Saiba que Aiden não vai tolerar isso – Leon avisou antes de encaminhar-se para a porta.

-Ele é o de menos – Sean disse por suas costas com um sorriso que mal cabia em seus lábios.