(Nem) Todo Mundo Odeia a Emily

Todo mundo odeia fossa.


“De repente eu estava apaixonada... E de repente eu levei um fora.”


Só fiquei chorando, chorando, chorando... E chorando e soluçando.

Está até parecendo música de Justin Bieber: “Meu primeiro amor partiu meu coração pela primeira vez”. Blé.

Vou ficar chorando até toda a água do meu corpo sair. Aí eu vou morrer seca, parecendo uma múmia.

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Ai, cara... Nada parece ser capaz de diminuir a dor que estou sentindo agora. Nunca pensei que fosse doer tanto.

De repente eu estava apaixonada... E de repente eu levei um fora. É demais para uma pessoa tão pequena como eu. Tem tantas lágrimas nos meus olhos que não consigo enxergar nem um palmo na frente do nariz. Viu como é que a coisa tá feia?

Ouvi um barulho. Sério, um barulho. E depois do barulho mais barulho de passos. Minhas opções: 1 - não é nada; 2 - é o barulho da chuva; e 3... É CAPETA! CORRE!

Ai,ai,ai. É a morte chegando. Eu morri de tristeza? É isso? Simples assim? Se bem que de simples não tem nada. Acho que um fora dado por uma pessoa amada dói mais do que um tiro no pei- Ah! Mais barulhos de passos no meu quarto.

ESTOU EM PÂNICO! Vou me fingir de morta e ficar quietinha aqui embaixo da cama. Bem, eu tentei ficar quietinha... Mas um soluço saiu alto. Merda! Merda! Mil vezes merda!

Aí os passos pararam. Assim. Do nada. Uffa. Foi só minha imaginação. Que ali-

AAAHHH! QUE SUSTO DOS INFERNOS!

Acho que a morte usa um tênis da Nike branco e vermelho, porque vejo dois pés calçados com isso e parados do lado da minha cama. Ok. Calma. É só eu me manter quieta que tenho grandes chances de sobreviver.

Silêncio total. Os pés ainda continuavam sem se mover.

–ACHEI VOCÊ! – Thomas exclamou, se abaixando de repente e olhando debaixo da cama.

Levei um susto tão grande que bati minha cabeça involuntariamente nas “ripinhas” da cama.

–Moleque dos infernos! Au! – Minha testa... Daqui uns dias não vou nem ter mais uma, de tanto que bato ela.

–Foi um fora e tanto. Eu odorei. – Thomas disse enquanto eu... Voltava a chorar. Espera. O que ele estava fazendo se contorcendo como uma lombriga e se aproximando de mim?

–O que você está fazendo? – Perguntei com a voz chorosa e quase me engasgando com o choro.

–Zoando você. – Respondeu como se fosse óbvio, finalmente entrando debaixo na cama e me empurrando mais pro lado pra que ele coubesse também.

–Não foi isso o que eu quis dizer. Eu perguntei o que é que você está fazendo invadindo meu quarto e se deitando ao meu lado!

–Eu pensei já ter respondido que estou zoando você! – Respondeu como se fosse mais óbvio ainda.

–Se for isso já pode ir embora. Já estou muito zoada, obrigada. – Coloquei o pedaço de papel encharcado - que antes foi uma carta minha para o Lukas e que só agora percebi que estava em minha mão - na minha testa que latejava.

Fiquei em silêncio, apenas deixando que minhas lágrimas escorressem. Sensação de estar sendo observada. Ah, é: O THOMAS ESTÁ BEM DO MEU LADO! E NÓS ESTAMOS EMBAIXO DA CAMA!

–Já me zoou o bastante? – Murmurei.

–Ainda nem comecei. – Ele respondeu baixo. Tirei a “carta” da minha testa, a amassando e jogando longe enquanto bufava. Me virei para ele.

–Se não estivesse machucada te faria voar daqui. – Me referi ao meu braço, fingindo pensar. – Ah, espera, eu tenho duas mãos. – Sarcasmo. Que lindo.

–Pra quem estava morrendo de chorar agora mesmo você já está muito engraçadinha. – Ele me encarava. E eu também o encarava. E vendo aqueles traços tão parecidos com o do Lukas... Eu voltei a chorar de novo. – Você vive chorando, é isso?

–Não, seu idiota insensível. Respeite a minha dor. – Respondi com a voz embargada pelo choro.

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–Olha, como é que você se declara assim, praticamente na mesma semana que vocês se conheceram? E você também tem que entender o lado do Lukas. Não seria a mesma coisa se fosse ao contrário? – Mas... Hein?

–Claro que não. Ele não ficaria chorando debaixo da cama e com um ser idiota o zoando.

–Ok. Na verdade eu não vim te zoar. Eu vim porque eu odeio ver uma garota chorando. – Sorriu abertamente. – E pra mostrar que eu sou um bom moço, vou te ajudar sem pedir nada em troca.

–Me ajudar com o quê? Está tudo ferrado. Agora não preciso mais da sua “ajuda”. – Fiz aspas com a minha mão “boa”. Tentei fazer, não é? Acabei batendo a mão em um dos pauzinhos da cama, o que causou dor. Que inferno! – Levei um fora e estou acabada. – Completei, enquanto chacoalhava a mão que doía.

–Exatamente! Não vai valer muito mais à pena quando você o fizer te amar? Além de ter o que você quer você vai provar pra ele que ele estava errado. Viu? Você precisa da minha ajuda. Não pode desistir assim. O Lukas não te ama agora... Mas pode te amar! Eu conheço meu irmão.

–O que é isso agora? Está tentando me fazer ficar feliz pra depois começar a rir da minha cara quando eu acreditar?

–Garota estúpida! Vou dizer isso só mais uma vez, então presta atenção: Eu vou te ajudar sem pedir nada em troca! – Falou convicto, e pareceu pensar um pouco. – Porque você me dá pena, de tão bobinha que é! – Emendou.

–Você vai me ajudar ou me ofender? – Perguntei, secando as lágrimas.

–Os dois. E então, vai aceitar a ajuda do mestre Thomas Schultz pra conquistar o Lukas? – Se gabou.

–Não sei, não. Você não me parece muito confiável e eu tenho que pensar. – Ficamos por um segundo em silêncio. – Já pensei: eu aceito!

–Escolha sábia, minha jovem. – Thomas sorriu, mas logo depois seu sorriso sumiu de repente. – E que fique bem claro: Eu te odeio.

–Eu te odeio mais! – Falei.

–NÃO, EU TE ODEIO MAIS! MUITO MAIS! – E de repente ele estava gritando.

–NÃO EU- Ah, esquece. – Ele riu quando eu parei de gritar de repente. O olhei com cara de tédio. Ou pelo menos tentei, porque meus olhos estão tão inchados que acho que não consigo fazer uma expressão direito. Por um momento eu quase esqueci que estou magoada e acabada.

–Você bem que poderia dizer um obrigado, não é? – Arqueou uma sobrancelha.

–Não. Eu nunca faria isso. Foi você que se disponibilizou pra me ajudar. E quero só ver no que isso vai dar.

–Eu sei onde isso vai dar: você vai conquistar o Lukas! – Ele respondeu.

–E por que eu acho que você só está fazendo isso interessado em alguma coisa? – Hum... Tem farinha nesse bolo. Ok. Ignore-me.

–Olha só, eu já expliquei os motivos: vou te ajudar porque você é bobinha e chorona e eu sou bom. Pronto, acabou. E agora você já aceitou. Nós só temos que dar inicio aos planos maléficos. – Planos maléficos... Isso me lembra algo.

–EPA! E o meu all star?! Cadê? Pois eu descarto a sua ajuda. Prefiro sofrer sozinha, ou até mesmo sofrer sozinha e má acompanhada do que sofrer sozinha, má acompanhada e com alguém que roubou meu all star! – Tentei apontar meu dedo indicador na cara dele. Só que não deu muito certo, já que não calculei muito bem a distância. Acabei acertando o olho dele.

–Ai, sua peste! – Ele levou uma das mãos ao olho atingido. Depois de um tempo se contorcendo feito minhoca partida ao meio ele me olhou com o olho direito completamente vermelho. – Está tentando me matar?

–Não... Quer dizer, sim! E eu quero meu all star! – Tentei levantar minha mão de novo, pra ver se conseguia fazer o que não consegui antes, mas ele segurou meu braço. Acho que pra evitar que ficasse cego.

–Não confunda as coisas! O seu all star já era, mas você ainda pode ter o amor do Lukas. Por um momento esqueça que fui eu quem roubou algo seu. Eu só vou perguntar uma vez, e dessa vez é pra valer: Emily Evans, você aceita a ajuda de Thomas Schultz para conquistar Lukas Schultz?

Essa pode ser a minha última chance de fazer o garoto que eu gosto também gostar de mim.

Olhei para cima, olhei para baixo, olhei para os lados, olhei pra minha mão que Thomas ainda segurava e finalmente olhei para ele, encarando-o.

–Sim! – Respondi com toda a certeza. Com a maior certeza que já tive na minha vida. – O que eu tenho que fazer?