Teenage Dream

Raízes da Verdade


CAPÍTULO 37 – Raízes da Verdade

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Pode parecer estranho que eu tenha conseguido dormir, quando detalhes de toda uma verdade estavam ali, a poucos centímetros de onde eu estava. Mas o meu cansaço físico, emocional e até mesmo psicológico, estava a um ponto que estava prestes a cair desfalecida a qualquer momento diante da minha exaustão. Tanto que assim que fechei meus olhos, deitada em minha cama de adolescente um pouco depois da uma da manhã em Forks, apaguei para uma noite sem sonhos, e anormalmente quente.

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Forks não é uma cidade que tenha noites quentes, ou dias quentes, ou ainda o sol brilhando forte por toda a cidade como se fosse uma cidade de um país tropical. Estas situações climáticas não eram bem-vindas em minha cidade natal. Todavia, na manhã de segunda-feira um sol quente infiltrava-se pelas janelas do meu quarto, queimando a minha pele pálida, e me incomodando mais do que gostaria de assumir.

Apesar do meu cansaço e da vontade de permanecer na cama para sempre, o calor do sol estava me incomodando, e desistindo de postergar a minha preguiça, despertei para o dia.

Evidentemente que a primeira coisa que vi quando meus olhos se acostumaram com a claridade foi a bendita caixa que aguardava no mesmo lugar da noite anterior, ansiando para que eu a explorasse, descobrisse o que suas paredes de papelão escondiam de mim.

Eu estava curiosa para saber o que tinha ali dentro, mas sabe quando o seu medo sobrepõe a sua curiosidade? Bom, eu estava dessa maneira, temerosa para o mundo que, segundo o que me disseram, eu esqueci; que fiz questão de esconder de mim mesma de alguma maneira.

Gemi, cobrindo o meu rosto com um travesseiro.

Por que eu temia o que estava naquela caixa?! Eu devo temer o que tem nela?!

Agrr... eu odiava quando a minha mente começava a analisar tudo a minha volta, não conseguindo se focar no que deve se focar. Quer dizer, eu estava focada no que deveria me focar, entretanto, o meu medo era infundado, a minha incerteza era ridícula, a minha insegurança era desnecessária.

Sabendo que não poderia mais postergar o que quer que eu estava postergando, levantei-me da minha cama, e pegando alguns itens de higiene pessoal e uma roupa para passar o dia, que fosse confortável e não tão quente, segui para o banheiro para tomar um banho, que fez a vez de revigorar meus ânimos, dando-me a força interior que precisava para desenterrar o meu passado, não só da minha mente, mas também das memórias que havia feito questão de deixar para trás há tantos anos.

Após o banho, desci para tomar um café da manhã, estranhando ao encontrar a casa vazia, mas um pequeno bilhete da minha mãe preso na geladeira, me dizendo onde todos haviam ido – meu pai, mesmo com a aposentadoria não conseguia ficar longe do Departamento de Polícia, e como era de se esperar estava lá; minha mãe havia ido fazer algumas compras em Port Angels, todavia eu poderia apostar que os dois estavam me dando espaço para revirar o meu passado.

Alimentada e incapaz de estender mais o que deveria realmente fazer, tomei uma respiração profunda, e finalmente tomando coragem, subi as escadas para voltar a entrar no meu quarto. Arrumei a cama, em seguida peguei a temida caixa que estava relativamente pesada e a coloquei sobre a cama, em seguida sentando em frente a ela.

Era apenas uma caixa de papelão com provavelmente fotos, presentes e outras coisas que namorados adolescentes dão para as suas namoradas adolescentes, mas era como se dentro da caixa eu estava prestes a encontrar uma cobra mortal.

O meu temor era completamente infundado, eu sabia disso.

Mas e daí?! Eu estava com medo. Me prenda, me condene por isso. É a realidade.

Como se estivesse agindo em câmera lenta para não atrair a atenção de ninguém, abri a caixa. Bichinhos de pelúcia, envelopes com cartas, bilhetes, diversas fitas cassete, álbuns de fotos, e outras duas caixinhas um pouco menores feitas em veludo vermelho e azul, respectivamente.

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O primeiro item que peguei da caixa com as minhas mãos, foi um bichinho de pelúcia, onde a Minnie dava um beijo no Mickey. Era tão delicado, tão significativo, que mesmo sem ter muita certeza do que ele significava em si, sorri emocionada. O admirei por longos minutos, até que de repente encontrei uma pequena inscrição na parte de baixo do sapato amarelo do Mickey.

“Uma recordação do que passamos na Califórnia. Segundas bases, lembra? – E”.

Gargalhei com a inscrição. No mesmo instante em que meus olhos se enchiam de lágrimas de emoção, uma vaga lembrança desse pedaço do meu sonho cruzou a minha mente, mas ainda parecia tão distante de mim tudo isso, como se fossem lembranças, memórias, a vida de outra pessoa.

Passei um longuíssimo tempo admirando cada item que estava na caixa, memórias do meu sonho vira e mexe me brindavam, evidentemente. Todavia, ainda me sentia deslocada com a história pessoal de cada objeto. Era como se cada coisa ali não pertencia a mim. Podia estar meu nome nelas, mas ainda não as conseguia ligar a mim, nem mesmo quando li as cartas e bilhetes que Edward supostamente escreveu para mim.

- Bella?! – a voz da minha mãe gritou, me sobressaltando.

- Aqui em cima. – gritei de volta, admirando o pequeno bilhete que Edward havia escrito para mim.

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“Bella,
‘Eu te amo’ não é nem perto o que eu sinto por você. Você, baby, é a minha vida.
~Edward
maio/98”

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- Hey, você abriu a caixa. – suspirou a minha mãe da porta, me sobressaltando outra vez.

Engoli em seco, tornando a dobrar o pequeno bilhete e guardando-o dentro da caixinha onde as outras estavam.

- Eu nunca li, ou mexi em nada dentro dessa caixa. – tornou a falar a minha mãe. Sorri para ela em um silencioso agradecimento. Ela suspirou pesadamente. – Será que isso está te ajudando? – pediu, sentando-se em minha cama e segurando em suas mãos o Mickey e a Minnie de pelúcia.

Fechei meus olhos, suspirando pesadamente e me jogando para trás em minha cama.

- Tudo isso, apesar de estar em meu nome, não parece pertencer a mim, mas sim a outra pessoa, e... e é como se eu estivesse invadindo a sua privacidade, lendo, bisbilhotando coisas tão pessoais, tão íntimas. – confessei com a voz cansada.

Foi a vez de a minha mãe suspirar pesadamente.

- Você não faz ideia do quanto eu e seu pai nos arrependemos de ter concordado em esconder tudo de você. – lastimou a minha mãe, atraindo a minha atenção para ela. – Mas quando você foi para Jacksonville, você estava tão revoltada, tão rebelde, tão magoada com tudo e com todos, que quando ficamos sabendo que você não se recordava de mais nada do que havia acontecido no último ano, foi um alívio. Ao mesmo tempo em que foi egoísta da nossa parte não te contar a verdade, por sermos seus pais, era tão bom vê-la feliz, sendo aquela menina alegre, tímida e tão normal com tudo, que somente aceitamos a situação.

Ela balançou sua cabeça em um gesto de negação, fazendo com que seus cabelos castanhos avermelhados manchados com alguns fios grisalhos se agitassem em conjunto.

- Não tem desculpa para o que fizemos, Bella, mas todos, eu, seu pai, seu irmão, Rose, Alice, fizemos isso pensando que era o melhor para você. – ela riu sem humor. – Hoje nossas desculpas por nossas ações naquela época parecem tão tolas, mas foi o que fizemos, e se tem algo que temos que conviver para o resto dos nossos dias, é essa culpa. – deu de ombros.

Rapidamente me sentei reta, pegando as mãos da minha mãe nas minhas.

- Eu não os culpo pelo que aconteceu. – disse com sinceridade. – Claro, fiquei chateada porque nunca ninguém me contou sobre isso, mas eu sei que as intenções de vocês eram as melhores, e tanto quanto eu odeio por só saber disso agora, eu adoro o fato que pude viver uma vida sem essas lembranças, sejam elas boas ou más, pois nesse tempo eu me tornei uma pessoa melhor, a pessoa que eu sempre quis ser. – confessei, apertando as mãos da minha mãe.

- Nós sempre soubemos que você iria conseguir ir para Columbia e depois era inevitável que você conseguiria um emprego no New York Times. Você passou a sua vida inteira dizendo que faria isso, que este era o seu sonho, e você o perseguiu Bella. – sorriu com simpatia, enquanto seus olhos esverdeados enchiam-se de lágrimas. – E conhecendo você tão bem, era óbvio que você conseguiria fazer com que seu namoro com Edward desse certo, mas todos nós só aceitamos a solução mais fácil. Não deixamos o menino explicar-se para você, e a mandamos para o outro lado do país.

- Obrigada mãe, mas não sei quanto à última parte. Apesar de tudo isso ainda parecer pertencer à vida de outra pessoa, algo me diz que se Edward e eu tivéssemos ido para faculdade namorando, nosso namoro não resistiria. – levantei meus ombros em um gesto de confusão. – Não sei, é como se fosse necessário o tempo longe para nos autoconhecer? – disse soando mais como uma pergunta.

- É... pode ser – suspirou a minha mãe. –, mas ainda assim não tira a culpa de nossos ombros. Aposto que Rose e Alice também se sentem assim. – sorriu, entregando-me o bichinho de pelúcia.

- Tenho certeza que sim. – concordei, admirando o bonequinho enquanto minha mãe levantava-se da cama.

- Eu vou preparar o jantar, você deve estar morrendo de fome. – levantei a minha cabeça, encarando-a confusa. – São quase seis horas, Bella. Acho que você ficou muito tempo mergulhada nas lembranças. – disse com um sorriso, em seguida dando uma piscadela para mim.

- Você precisa de ajuda, mãe? – perguntei.

- Não precisa, querida, já tenho tudo sob controle. – riu da sua piada, saindo do quarto, mas parando antes de ultrapassar a soleira da porta.

- Mãe? – chamei confusa por sua inércia.

- Eu nunca o encontrei, mas sempre soube que você tinha. – começou lentamente, virando-se de repente para mim. – Você mantinha um diário durante essa época. Eu não faço ideia de onde você o guardou, mas talvez, você lendo suas próprias palavras sobre essa época, talvez a ajude a se reconectar com esse passado. – sorriu, para finalmente deixar-me no quarto pensando em suas palavras.

Fiquei mais algum tempo admirando as coisas que havia dentro da caixa, abrindo as caixinhas de veludo e descobrindo dentro delas uma pulseira com nossas iniciais e um coração, e um colar de coração com pedrinhas coloridas. Eu recordava mais ou menos disso do sonho que tivera, mas as lembranças deste ainda eram tão nebulosas e confusas que não conseguia me recordar em que momento ganhei qualquer uma das duas.

Cansada por ficar praticamente todo o dia na mesma posição, guardei tudo novamente dentro da caixa, finalmente deixando o meu quarto. Minhas costas doíam da minha má postura, porém quando terminei o lance de escadas o cheiro magnífico de lasanha caseira afastou todos meus pensamentos de cansaço e imediatamente senti uma fome inesperada, da qual eu era capaz de comer um elefante se fosse necessário.

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Foi um jantar divertido e cheio de recordações da minha infância que tive com meus pais. Meu pai – apesar da idade – continuava o mesmo homem que era o meu herói quando eu era criança, contando dos casos que tinha na delegacia e como fácil foi prender um delinquente ou repreender um motorista alcoolizado. Minha mãe, por sua vez, depois de sua aposentadoria, se dedicava muito mais a casa, fazendo cursos de culinária, pintura, costura, e até mesmo pilates, que como ela disse a ajudava manter o corpo em forma.

Era maravilhoso estar na companhia dos dois, ainda mais quando a atenção de ambos estava apenas direcionada a mim, não também ao meu irmão – entenda, eu posso ter 30 anos, mas é sempre maravilhoso ser mimada por seus pais como uma garotinha e principalmente como se fosse filha única.

Após o jantar, disse aos dois que daria uma volta pela cidade e que logo voltaria. Optei por caminhar. Por ter ficado o dia todo dentro de casa, mal tinha respirado o ar puro que transbordava em Forks. O céu, apesar de estar de noite, estava claro, sem nenhuma nuvem, enquanto as estrelas, que em Nova Iorque eram ofuscadas tanto pela poluição, quanto pelas luzes da cidade, aqui elas brilhavam sem a interferência de qualquer outra luz. A lua era apenas um filete fino. Sempre gostei de luas crescentes, elas eram tão místicas, tão cheias de surpresa, revelando-se a cada dia um pedacinho.

Caminhei pelo que pareceram horas pela cidade em que nasci. A maioria das coisas continuava da mesma maneira que sempre foi, o que era um contraste estranho com NYC, que mesmo com a sua arquitetura sempre tão igual, seu ritmo incansável, a cidade se transformava a cada dia diante dos nossos olhos. Forks, em contrapartida, parecia parada no tempo.

Ao retornar para a casa dos meus pais, os encontrei sentados abraçados no sofá da sala assistindo a uma comédia romântica. O amor que eles partilhavam era tão bonito, tão verdadeiro, que eu só poderia desejar o mesmo para mim um dia.

E foi com esse pensamento que tomei um banho, lavando meus cabelos enquanto refletia sobre todo o meu dia. Inesperadamente as palavras da minha mãe sobre o meu diário vieram a minha mente, e uma ansiedade incomum começou a me corroer, como se tudo o que eu precisava estivesse lá, naquelas folhas de papéis que estavam em algum lugar que eu guardei, mas não fazia ideia de onde.

Todavia, assim que minha cabeça bateu nos meus travesseiros eu me recordei de onde eu poderia ter guardado meu diário. Em um rompante levantei-me da minha cama e me meti debaixo desta, levantando uma tábua do assoalho, que tão como supus lá estava escondido meu diário. A capa vermelha estava meio desbotada, as folhas amareladas, e o aroma de algo que estava guardado há anos preencheu as minhas narinas. Sorri para mim mesma, tornando a sentar na minha cama e abrindo-o.

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“Este diário pertence à Isabella Marie Swan. Não leia se você tem amor a sua vida.”

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Estava escrito em tinta preta na contra capa com a minha letra, apesar de que nesta época ela parecia muito infantilizada ainda. Sorri abismada, me recordando de quando escrevi aquilo há pelo menos uns 15 anos.

Animada com o que estivesse escrito ali pudesse evocar as minhas lembranças, virei a página para a primeira anotação que fiz:

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11 de setembro de 1995

Hoje eu vi o menino mais lindo de todo o universo. Ele tinha um cabelo de uma cor engraçada, um loiro meio castanho, não sei dizer ao certo. Seus olhos eram verdes tão brilhantes, tão lindos. Duvido que ele tenha me visto, mas o seu sorriso era tão apaixonante.

Acho que já estou apaixonada! E eu nem faço ideia qual é o nome dele, mas eu irei descobrir.

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Tive que colocar a minha mão na boca para conter a gargalhada que estava prestes a sair por meus lábios. Pela minha descrição, esse foi o dia que vi Edward pela primeira vez, e apesar de ter se passado 15 anos eu ainda me lembrava disso como se tivesse sido ontem. Ainda sorrindo passei para a próxima página.

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13 de setembro de 1995

Tudo bem é meu aniversário, mas de que adianta fazer 15 anos se ninguém além de seus pais e seu irmão sabem disso?! Por isto que eu odeio aniversários. Eles sempre são uma porcaria, e sempre é a mesma coisa: nós 4 em casa, comendo lasanha e depois Emmett e papai tomando conta da sala para verem algum jogo.

Sem contar que sempre os dias 13/09 me trazem alguma coisa ruim, tudo para piorar esse dia já ruim. No caso, foi descobrir que o garoto lindo de cabelo engraçado, olhos verdes e sorriso espetacular já está todo amiguinho de Tanya Denali. Ai como eu odeio aquela garota! Por que eu não posso ser popular como ela? Espero que ele dê uma boa esnobada nela. Aquela garota precisa disso.

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Novamente o meu tom raivoso e infantil me fez rir. Desde que me lembro, eu nunca gostei de Tanya, e pela minha fúria, quando começamos o High School tornou-se pior. Estimulada por minha curiosidade, passei para data seguinte no meu diário.

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15 de setembro de 1995

O nome dele é Edward. Edward. Claro que um garoto lindo como ele teria o nome de um príncipe, de um rei.

Definitivamente eu estou apaixonada. Pena que ele nem sequer sabe quem eu sou.

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19 de setembro de 1995

Acho que hoje eu fiz uma amiga. É a garota nova, Alice. Ela foi muito legal comigo durante a aula de biologia. Era como se o que ela mais queria no mundo era ser a minha amiga. Ela me chamou para ir à sua casa amanhã, passar uma tarde com ela, e por mais que esteja intimidada eu irei. Eu quero muito que Alice seja a minha amiga.

Vi o Edward, e ele sorriu em minha direção.

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Mais uma vez não consegui conter a minha risada ao me lembrar de como eu e Alice nos tornamos amigas. Parecia que foi outro dia que ela sentou ao meu lado na aula de Biologia e começou a conversar comigo, pedindo para que eu fosse a sua amiga.

Estimulada pelo começo da minha amizade com Alice, que foi um tópico muito discutido em meu diário, passei para a próxima página.

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20 de setembro de 1995

OMG!!!

Alice é irmã do Edward, dá para acreditar?!

A casa deles é linda, parece uma casa de cinema. O quarto de Alice é um quarto de uma princesa. Ela tem tudo e mais um pouco, sem contar que pelo o que ela me conta, deve ter sido muito popular em sua antiga escola em Chicago, o que é estranho que ela justamente decidiu ser minha amiga. Mas enquanto ela me querer ao seu lado, eu ficarei.

Ahh... e como eu posso me esquecer?! Edward me cumprimentou hoje. Ele é tão lindo!

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Tive que conter uma nova onda de riso que estava prestes a me dominar quando debaixo da minha descrição do dia estava desenhando um coração onde eu tinha escrito: “Bella e Edward”.

Continuei folheando as páginas do meu diário, e de setembro de 95 a setembro de 97 a maioria das inscrições eram sobre coisas que fiz com Alice e como a nossa amizade era maravilhosa. Contudo, a frase mais recorrente era: “Hoje eu vi o Edward e ele sorriu para mim” ou “Hoje o Edward me cumprimentou”.

Apesar de como tolo que pareciam essas frases, elas significavam tanto para mim naquela época. Seu sorriso era mais do que suficiente para que eu ganhasse o meu dia. Um simples “oi” dele, era tudo o que eu mais queria ganhar.

Me surpreendi quando li no alto da folha a próxima

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13 de setembro de 1997

Hoje é meu aniversário, e minha mãe planejou uma festa surpresa para mim, no ringue de patinação. A festa estava legal, Alice estava lá, junto com Alistair e mais um pessoal que participava do clube de matemática e das monitorias comigo. Estávamos nos divertindo muito, até que os meninos do time de football chegaram ao ringue.

Não que a presença deles me incomodava, mas sei lá, eles verem a minha festa foi estranho. Mas antes a esta estranheza, do que a presença de Tanya Denali e suas súditas estragando a minha festa. Ela foi tão maldosa comigo, me humilhando praticamente na frente de toda escola, e para quê?! Eu nunca fiz nada para ela, sempre fui na minha, nunca entrei em seu caminho.

Eu sei que preciso ser mais pró ativa, Alice me disse isso depois do ocorrido, que eu deveria mudar, não deixar os outros pisar em mim como sempre deixei, mas como eu posso mudar? Vestir-me como uma prostituta como Tanya?! Ser rude com os outros?! Dar em cima de todos os meninos do time de football?! Oh não, isso não sou eu.

Eu tenho que mudar, mas não sei como. De qualquer forma não será hoje que descobrirei, certo?!

Só para referencia futura: enquanto eu escrevo isso, choro que nem uma boba lembrando-me do que Tanya fez para mim hoje. E para constar também, Edward estava lá, e mesmo que eu não o tenha visto, posso dizer com certeza que ele, assim como todos os outros garotos do time – tirando apenas o meu irmão – riu de mim. É... eu sou patética.

Quando acaba esse meu inferno?! 9 meses para Florida e depois, se tudo permitir, Columbia.

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Reli duas vezes as minhas palavras. A minha mágoa estava embutida em cada linha, em cada letra. Eu nem precisava ter colocado um lembrete sobre o fato que estava chorando, a tinta negra em vários pontos estava borrada, dificultando a leitura. Assim como havia dito para Rosalie e Alice ainda ontem, eu me lembrava desse maldito dia com tanta clareza que era até nauseante. A forma como Tanya entrou de penetra em minha festa, zombou das roupas que eu usava, jogou refrigerante em mim, bolo, me desprezou... tudo ainda eram lembranças vívidas em minha cabeça.

Fechei meus olhos para afastar essas lembranças da minha memória, da mesma maneira que fechei o diário, já exausta da leitura, e apagando a luz do abajur foi fácil dormir.

Sonhos, lembranças, ou que raio tudo fosse voltaram a dominar minha mente durante o sono. Sequencialmente o mesmo sonho que tive há duas noites, quando acordei com Edward Cullen ao meu lado. Todavia, mesmo sabendo da realidade, vendo provas dessa realidade, ela ainda parecia tão irreal a meu ver. Era como se essas recordações ainda não me pertenciam, como se fizessem parte de outra pessoa, outra vida.

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Eu sabia que tinha que continuar lendo meu diário, se é que tudo isso ainda iria fazer sentido depois que eu lesse tudo o que estava escrito ali, e por isso que depois de um banho e um café da manhã reforçado, voltei ao meu quarto agarrei o diário e uma colcha, estendendo-a no fundo da casa dos meus pais, próximo à orla da floresta, para ler o que estava escrito naquelas páginas.

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14 de setembro de 1997

Eu decidi que iria mudar hoje, e mudei. A começar pelas minhas roupas. A partir de hoje estou abandonando o meu visual relaxado. Vou começar a usar roupas mais da moda, calças justas, blusas curtinhas e justas. Podem falar o que quiserem, mas sim, a minha mudança foi motivada pelo o que aconteceu ontem à noite, e por mais que eu gostaria de dizer que a mudança não significa nada, eu não posso, sabe por quê?

Porque desafiei Tanya Denali!!! Todos na escola ficaram surpresos com a minha atitude, mas cansei de ser capacho dessa barata descascada, agora eu serei mais eu!

Porque Rosalie Hale – a capitã das cheerios – veio me pedir ajuda para conquistar meu irmão, como se fosse necessário, mas o melhor da nossa conversa foi ela me convidando para fazer um teste para líder de torcida, e adivinha?! Depois de criar uma coreografia na hora para uma música dos Backstreet Boys, eu me tornei uma líder de torcida!

E também porque Edward Cullen segurou a minha mão, admirou o meu novo visual, falou comigo, e beijou a minha pele. Tudo bem foi a minha bochecha, mas isso é um começo, certo?!

Tem como ser melhor do que isso?!

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Pisquei atordoada com as minhas palavras. Pela primeira vez, o que li parecia pertencer a mim, como se aquilo fosse realmente a minha vida, assim como havia sido em meu sonho.

Ansiosa para fazer a conexão com tudo, comecei a ler com mais vigor cada passagem, algumas evidentemente chamando mais a atenção do que outras, claro.

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27 de setembro de 1997

Ganhei como rainha do Homecoming! Dá pra acreditar?!

Mas o melhor de tudo foi que Edward Cullen me beijou!! E não foi um beijinho qualquer não, foi na boca! E que beijo!!! Tenho certeza que será o melhor de toda a minha vida, já foi o melhor primeiro beijo que eu poderia sonhar.

Então ele confessou que sempre gostou de mim! Edward Cullen sempre gostou de mim, disse que sempre quis se aproximar de mim, conversar comigo, mas temia a minha reação. Menino bobo.

Mas então... OMG... só de pensar nisso, já começa a me dar um siricutico. Ele me pediu em namoro!!! NAMORO!!! Isso mesmo! N-A-M-O-R-O!

E claro que eu aceitei, não sou boba né?!

Eu, Isabella Swan, estou namorando Edward Cullen, dá pra acreditar?!

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31 de outubro de 1997

Festa de Halloween que Alice e Rosalie organizaram. Nós fomos todos vestidos de vampiros. A minha fantasia me deixou sexy, até Edward disse. Falando em Edward, as coisas com ele esquentaram um pouco quando nos beijamos antes de ir para a festa, mas antes que as coisas esquentassem demais dentro do carro, nos separamos, apesar de que eu gostaria de ter continuado.

Então depois de tudo isso ele disse “eu te adoro”. Eu adorei ouvir isso! Eu sei que ‘eu te adoro’ pode parecer bobo, e uma desculpa para dizer “eu te amo”, mas nas palavras de Edward, eu senti realmente isso: que era adorada por ele.

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15 e 16 de novembro de 1997

Edward me levou a Seattle para o show do Foo Fighters! Foi incrível!! O melhor show que já assisti em toda a minha vida! E depois dividimos um quarto de hotel. Não era para dormirmos na mesma cama, mas eu precisava ficar junto dele, e assim foi, dormimos abraçados e na manhã seguinte as coisas voltaram a esquentar entre nós. Sabe, ele até mesmo ficou animado sabe?!

Será que as coisas vão sempre começar a esquentar entre nós dois?! Quando não conseguiremos parar?!

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19 de dezembro de 1997

Fomos assistir Titanic. Edward e eu tivemos nossa primeira briga. Foi por uma crise de ciúmes boba nossa, por causa dos personagens do filme. Patético eu sei, mas já estamos bem outra vez.

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26 de dezembro de 1997 a 05 de janeiro de 1998

Fomos a Califórnia comemorar o aniversário do Emmett e também o ano novo. Edward e eu dividimos um quarto, e por mais que fizemos coisas divertidas – como conhecer a Disney –, a melhor coisa da viagem foi no dia 1º! Eu sei que prometi que seduziria Edward, e eu fiz, apesar da minha timidez. Nós não fizemos... amor, mas... nos tocamos. Eu toquei ele lá, ele me tocou lá... foi tão... bom... eu me senti tão bem. E depois tomamos banhos juntos.

Não sei quando vai acontecer outra vez, mas estou ansiosa para isso, ou para o algo a mais.

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14 de fevereiro de 1998

Dia dos Namorados! Edward me deu um lindo colar de coração com pedrinhas coloridas. Ele disse que cada cor significava algo no nosso namoro. Foi tão lindo ouvi-lo dizer o que cada cor significava em nosso relacionamento. E quando ele disse que o rosa significava ‘eu te amo’, eu sabia que havia chegado o momento.

E bem como havíamos meio que conversado, tivemos a nossa primeira vez. Foi o maior prazer, o maior desejo. Foi freneticamente, devagar, o meu sonho se tornando realidade, eu me senti o mais feliz do que eu poderia imaginar. Foi ótimo, e espero que em breve tenhamos mais sem tanta timidez da nossa parte.

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16 de abril de 1998

Nós terminamos. Edward e eu terminamos. Nosso namoro não estava mais funcionando, e eu cansei dos ataques de ciúmes dele. Agora o alvo foi meu próprio irmão. Apesar do rompimento eu ainda o amo, mas não posso permitir ele continuando a me tratar como uma qualquer. Dói ficar longe dele, mas é o melhor.

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06 de maio de 1998

Eu ganhei a bolsa de estudos para Columbia! Mas a maior surpresa do dia foi Edward pedindo para conversar comigo. Ele me contou o que aconteceu, e o porquê ter agido como um idiota antes de terminarmos. Não sei por que não me surpreendi ao saber que tinha dedo de Tanya Denali na história, só me surpreende que Edward acreditou na víbora. Eu sei que isso é mais do que motivo para não aceitar suas desculpas, mas eu o amo, e por conta disso aceitei voltar a ser sua namorada.

Eu tenho certeza que agora vai dar tudo certo.

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31 de maio de 1998

Como eu fui idiota! Não só idiota, eu fui uma estúpida por não ver o óbvio. Qual é o óbvio?! Edward Cullen NUNCA esteve apaixonado por mim. Nosso namoro para ele não passou de uma aposta para que ele finalmente ficasse com Tanya Denali.

Eu não sei exatamente por que eu estou surpresa por descobrir tudo isso, mas eu estou. E também chorando diante da traição. Ele disse que me amava, que eu era a vida dele, mas... era tudo mentira e eu como uma idiota caí direitinho em sua conversa.

De qualquer maneira, eu não posso continuar em Forks, vendo os dois rindo da minha cara. Na verdade, ver a cidade inteira rindo da minha cara, por isso que amanhã vou dizer aos meus pais que estou indo para Flórida passar um tempo com meus avôs antes de ir para Columbia. Eu sei que vou desistir de tudo, da minha formatura, dos meus amigos, mas no momento nenhum deles pode me ajudar. Eu preciso ficar sozinha, longe de tudo isso e... não sei..... dar a volta por cima talvez?!

Era hora de deixar tudo o que passei esse ano, que não passou de uma mentira para trás, viver uma vida sem ficar me prendendo ao passado. É o melhor que posso fazer por ora.

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01 de junho de 1998

Esta será a última vez que escrevo em você, diário. Não é nada contra você necessariamente, mas é que em todas essas páginas é sobre ele, Edward. Eu não quero mais ficar revivendo a mentira que era o nosso relacionamento, eu não sou tão masoquista assim. E mesmo que todo mundo fique me enchendo para conversar com ele, eu não vou. Eu ainda tenho o meu orgulho, e não deixarei que ele e a sua paixão me humilhe mais uma vez. Cansei de ser a idiota da história.

Engraçado, como uma pessoa pode mudar em 24 horas?! Eu não sei, mas estou me sentindo bem mais confiável, mais decidida, mais viva. Ir para Jacksonville foi a melhor ideia que tive desde sempre, passar um tempo com meus avós será bom, ficar perto do mar, ter sol o dia todo, o calor... tudo isso é o que eu preciso no momento. Ir a um lugar que não me fará pensar em Forks e em tudo que aconteceu aqui no último ano. Minha avó até disse que uma amiga dela está precisando de ajuda em sua livraria, e que adoraria me ter lá. Então é isso.

Amanhã eu estou indo para o Sudeste do país, completamente o oposto de onde estou agora. Meus pais receberam a minha notícia melhor do que eu imaginava, Emmett disse que eu estava sendo estúpida em ir para o outro lado dos EUA sem ouvir o que Edward tinha a me dizer. Alice e Rosalie também achavam que eu estava fazendo uma idiotice indo para Jacksonville, que eu deveria saber realmente o que aconteceu no baile, mas eu não quero saber, não quero ouvir nenhuma desculpa esfarrapada, mais mentiras. É ridículo que eu esteja brava com as minhas melhores amigas, mas eu me sinto traída por elas. Espero que esse sentimento passe em breve, é horrível imaginar uma vida sem as duas, principalmente porque em agosto estamos todos indo para NYC.

De qualquer maneira, as coisas atualmente estão esquisitas, e ficaram mais esquisitas esta tarde. É como se a cada dia eu descobrisse uma nova traição. Achava que tinha encontrado um amigo em Jacob Black, e quando fui me despedir dele esta tarde... ele foi um idiota. Ele me beijou a força! Literalmente me puxou contra ele e enfiou a sua língua em minha boca. Foi nojento. Se antes eu já me sentia suja, depois disso me sinto mais suja ainda.

Tudo só comprova que eu tenho que ir o mais longe possível dessa cidade. Eu preciso mudar, ir para longe, esquecer tudo isso, e é o que eu farei. Passei a tarde toda arrumando as minhas coisas. Uma parte delas Emmett vai levar para NYC, quando for para lá, o restante vai comigo para Flórida e depois levarei para NYC. Toda essa mudança de ares, indo para a costa leste, me ajudará. Eu acredito nisso.

Dói saber que não terei você como amigo, diário, mas é o momento de deixar a minha adolescência para trás, focar em outras coisas, ser um pouco irresponsável, agir por impulso, deixar que meus instintos me guiem, me permitir ser uma pessoa diferente, que não analisa todas as consequências, os poréns, tudo, eu quero me livrar dessas amarras, ser diferente. E é isso que eu farei, mudarei por mim mesma. Espero que um dia voltemos a nos encontrar, diário, e quando chegar esse dia, espero estar bem o suficiente para encarar tudo o que contei aqui com maturidade.

Até um dia amigo.

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Eu estava paralisada.

Chocada, surpresa, abismada, atordoada, confusa, era apenas o começo de como eu estava me sentindo.

Eu não fazia ideia que ler tudo o que relatei durante a minha adolescência evocaria tantas lembranças. Oh sim, tudo o que eu havia me esquecido veio à minha mente como uma avalanche. Tudo fazia sentido agora, tudo era perfeitamente encaixado ao meu sonho.

Claro que em meu sonho eu exagerei muitas coisas, coisas que achava que naquele momento eu havia feito espetacularmente, mas não passou de uma tentativa leve de chegar à perfeição, como por exemplo, imaginar que havia feito a mesmíssima coreografia que os Backstreet Boys fizeram no VMA de 98, ou ainda achar que as minhas roupas eram a coisa mais moderna do mundo. Eu só parti para o seguro, agindo como uma pessoa normal, vestindo roupas normais, atemporais.

Mas o que atraiu mais a minha atenção em toda a leitura eram coisas que não havia sonhado, e que sequer eu me lembrava. Como a decisão que eu mesma tomei de agir diferente, deixar para trás tudo, viver de outra forma, esquecer-me de maneira consciente tudo.

E, Deus... Jacob Black me beijou?! Como isso aconteceu?! E pelas vagas lembranças que tinha, quando disse que foi nojento eu estava sendo muito generosa ao dizer isso. Foi repugnante, sem dúvidas o pior momento da minha vida.

De repente todas as explicações que Alice e Rosalie haviam dado, dizendo o que realmente aconteceu naquele baile fez sentido. Jacob e Tanya agiram em conjunto para separar eu e Edward, e eu, uma completa idiota, sempre querendo ser forte, independente, me lasquei, não dei oportunidade para que Edward se explicasse para mim, eu não quis ouvi-lo.

Naquela época eu preferi fugir a enfrentar cara a cara meus medos. Passei 12 anos fugindo, me escondendo dentro da minha própria casca. Como era óbvio que eu fiquei todo esse tempo fugindo de mim, me escondendo do mundo. Tentei por um breve período deixar a minha proteção, mas logo percebi que era muito arriscado, e quando sabia que precisava voltar a ser quem eu sempre fui, tornei a me retrair, me fechar às pessoas, não querendo ser amiga de ninguém, a não ser dos meus amigos de infância, temendo viver.

Eu passei 12 anos afastando as pessoas da minha vida, talvez até mais, porque também decidi afastar Edward da minha vida.

Estava na hora de enfrentar os meus medos, enfrentar o meu passado, explorar as oportunidades que sempre afastei, descobrir a verdade por trás de tudo. Era ridículo que depois de tantos anos eu iria enfrentar os responsáveis por tudo isso, mas era algo que eu precisava. Eu não conseguiria todas as minhas respostas, mas pelo menos eu ficaria livre desse peso, poderia ouvir com clareza o porquê de tudo o que eles me fizeram.

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E com a decisão de ir à procura de Tanya Denali e Jacob Black, recolhi as minhas coisas, levando novamente ao meu quarto. Peguei a minha bolsa e guardando meu diário dentro dele, deixei a casa dos meus pais, à procura das pessoas que haviam me prejudicado há tantos anos, e que eu sabia que ainda viviam aqui.

Não fazia ideia de como iria enfrentá-los, mas o faria, independente do quão maluca eu pareceria, trazendo em pauta acontecimentos de mais de uma década.

Para a minha cura, eu precisava enfrentar o problema. Questão básica de psicanálise, algo que tantas vezes a minha psicóloga me disse, mas sempre ignorei.

Só espero que no fim de tudo isso eu consiga me descobrir, e principalmente descobrir o que levou Edward passar a noite depois do meu aniversário comigo. E não sei... se for o caso, o que devemos fazer para funcionar algo entre nós.

Tive que rir diante disso.

Algo entre nós.

Será que isso era o que realmente aconteceria no final?! Espero que sim, eu acho.

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