Capítulo Único e Minúsculo

O que... O que eu senti pelo Yoshiki-kun foi incrível. E foi mais incrível ainda descobrir que... Ele era uma mentira.
E foi doloroso demais, quando... Ele sumiu aos meus olhos... Quando... Foi penetrado por uma lâmina, que Lucia-san empunha.
Lucia-san matou Yoshiki-kun.
Mas ele já estava morto.
Ela havia tentado me avisar, me alertar... Mas eu pensei que amava Yoshiki-kun.
Eu fui uma tola.
Não se ama algo que não existe.
No fim das contas, uma luta de Yoshiki-kun contra Lucia-san... Era a luta mais dolorosa... Pra mim, não pra eles.
Porque, eu amava Yoshiki-kun...
E eu amava Lucia-san.

- - -

A minha vida toda, por causa de todos os problemas que tive com minha mãe, meu pai e os Vírus... Eu sempre fui uma pessoa fria, sem sentimentos ou emoções.
Meu trabalho era matar sem sentir piedade das almas humanas que eram destruídas. Famílias, sentimentos, piedade... Era uma coisa inexistente pra mim.
Mesmo que me importasse com meu novo "pai", que cuidou de mim...
Eu não me importava com o mundo.
E assim como meu pai, por um instante... Me esqueci dos desejos de minha mãe, e quis o mundo destruído.
O mundo que me odiava, e me considerava uma aberração por causa do meu destino.
Foi então que... Eu conheci Sumire.
E graças a ela, as coisas mais ridículas começaram a fazer algum sentido...
Como as flores, por exemplo. As rosas.
Graças a Sumire, eu comecei a tecer sentimentos.
Eu não mais conseguia ser passiva e irredutível a destruição da felicidade dos humanos, das pessoas que eram vítimas dos Vírus.
E foi graças a Sumire... Que eu soube que poderia me preocupar com outra coisa que não fosse a vingança contra os Vírus... Ou o meu próprio pai.
Diferente da Sumire, que conseguiu gostar de um menino... Mesmo que tenha sido mentira... Os meus sentimentos por ela, sempre foram únicos, e puramente verdadeiros.
Eu amava Sumire.

- - -

E neste último ato, como um sufoco desesperado... Eu vi tudo se preencher com o amarelo do olho esquerdo de Lucia-san.
E meus olhos vermelhos, incrivelmente se dissiparam, preenchendo-se novamente com a coloração azulada...
Eu apenas me vi concentrada na alma de outro alguém.
Era Lucia-san... Era ela.
Ela quem me salvou, quem salvou o mundo.
Ela destruiu o maldito do pai manipulador dela, que havia virado um monstro.
Ela salvou a alma de seu "outro pai" e de sua verdadeira mãe, Lilith.
E por fim... Ela me salvou.
Me salvou das mentiras pregadas pelo meu próprio coração.
Me salvou da maldição do antídoto de Vírus.
Me salvou de mim mesma...
Criou pra mim nossa nova realidade.
Minha e dela.
Obrigada, Lucia-san.

- - -

- Bom dia, Laura! Quer chocolate quente?
- Chocolate! Chocolate!
- Cadê a Lucia-san?
- Ainda está dormindo! Chocolate! Chocolate!
...
- Lucia-san...?
- ... Bom dia, Sumire.
- Lucia-san!
- O que foi!? ... P-por que me abraçou?
- Lucia-san! Por favor...! Não suma nunca mais!
- M-mas eu...
E ela apenas sorriu, sem dizer mais nada.

FIM