Seu perfume me envolvia o corpo paralisado, enquanto meus olhos seguiam-na, frustrados e covardes.

Tão voluptuosa em sua inocência juvenil. Tão distante dos meus toques como a proximidade de nossos corpos.

Nem ao menos tinha coragem de dirigir-lhe uma palavra sem abaixar os olhos ou enrubescer. E como me atormentava tanto a vontade de querer abraçá-la, beijá-la?

Apenas voltei a mim quando ela desapareceu no final do corredor, descendo as escadas. Bati na parede com o punho cerrado, em desespero.

As imagens de minhas realidades fantasiosas, mergulhadas na doçura do irrealizável, passaram como filme na minha mente atordoada. Eram situações que me perseguiam em sonhos, consciente ou inconscientemente, e de tão simplórios, enchiam-me de um desejo tímido e incontrolável de querer vivê-los: momentos alegres, quase infantis, sentimentos explosivos, fortes e profundos.

Precisava falar com ela. Ao menos tentar conquistá-la pois, por acaso ou não, ela me conquistara.

No entanto, invariavelmente, eu sabia. Sabia que, em frente a ela, nenhum som atreveria a escapar de minha garganta. Nenhum movimento, não mais que sua ausência, prevaleceria entre nós.

Também sabia que tudo que criara para nós dois não fugia da minha imaginação. Nada mais que expectativas sem fundamento ou esperança.

E o que seria a paixão, se não uma dose memorável de desilusões?

Dei um passo para frente, em direção à escada.

Não poderia esperar um final diferente para aquela história se colocasse o mesmo plano em ação.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.