Clan Of Vampires - The Letter
72 Através do Caos
Enfiei minha mochila nos ombros e corri. Desci a escadas da sala de dança num átimo. Caminhei apressadamente com meu coração na garganta, como se houvesse um terrível punhal ali. Passei por alguns estudantes no pátio secundário e subi as escadarias que davam para a sala de aula — Infelizmente, eu ainda tinha mais cinco aulas pela frente, cinco terríveis aulas. Assim que terminei por alcançar o ultimo degrau, o sinal alarmante ateou, explodindo aquele som infernal. Fui até a sala e sentei-me na ultima carteira, no canto direito da sala, eu não queria ser notada em hipótese alguma, eu queria ficar invisível aquele dia. — Anabela me olhou com um misto de sentimentos indecifráveis a mim, ela estava morrendo de curiosidade para saber o que tinha acontecido, mas eu lhe lancei um risinho irônico que a fez desviar o olhar como repulsa.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Minutos após o professor entrar na sala, Lucas chegou. Eu baixei meu olhar instantaneamente, contrariando as possibilidades de contato visual. Contudo, eu podia sentir o peso do Azul de todo o Oceano angustiando-se em mim.
***
Foi muito difícil me concentrar na aula, na verdade foi quase impossível, embora o mínimo eu tenha conseguido acompanhar, iríamos ter um simulado na próxima semana, e se eu não quisesse passar minha vida naquele inferno chamado Ensino Médio era melhor eu fazer por onde. Esforço.
A terceira aula me exigiu um pouco mais de lógica, já que as expressões numéricas , as potencialidades, misturadas com indecifráveis códigos e colchetes, num impulso de qualidade e movimento quase me deixaram perplexa. Eu era péssima naquela matéria, iria precisar de ajuda. A questão era quem?
O intervalo atingiu o corpo estudantil.
E a maioria dos estudantes saiu gritando e gargalhando alto em seu momento de liberdade. Eu permaneci na sala, meio triste e cabisbaixa, não tinha companhia para descer. Anthony partilhou sua companhia comigo nos últimos anos, todavia agora eu não tinha a quem recorrer para papear, rir, ou simplesmente me aconchegar discretamente. Lucas foi o ultimo a deixar a sala, ainda me encarando, senti que ele quis falar comigo, mas acabou por desistir, quando eu nem sequer lhe dei um olhar. Fechou a porta.
A porta abriu habilmente, eu já estava pronta para lhe dar uma bela repreensão — pensei que era Lucas —, quando olhei em direção a frente da sala. E era Tony. Ele sorriu de modo tímido.
— Tudo bem.... Se eu ficar com você aqui? — Eu aquiesci devagar.
Ele pegou uma cadeira e colocou ao lado da minha. Eu me encolhi.
— Você me deu um beijo de tirar o fôlego. — comentou dando risada, me deixando vermelha.
— Foi ótimo — disse ele olhando para mim com uma doçura incrível. — Eu senti saudade do seu beijo. Eu estou feliz agora, mas ficaria ainda mais se você repetisse a dose. — Um pedido impróprio.
— Anthony, eu... — sinto muito?
— Sim... — disse esperando o resto da frase.
— Eu não posso mais... — te beijar daquele jeito? Seus olhos castanhos vidrados em mim.
— Eu acho que não podemos mais ficar juntos.
— Mas você me beijou, e você pareceu realmente apaixonada — teimou.
— Sinto muito, mas... — olhei para o chão.
— Você está gostando de outro cara? — Ele indagou-me com uma seriedade de delegado.
— Ei, ei, Não...Nada disso! — Eu não estava certo? Não, claro que não.
— Então?
— Então, o quê?
— Quero você, Roc. Eu quero que seja minha namorada.
— Vai me querer por quanto tempo?
— Eu não sei... Mas, — Ele era o mesmo otário e sucessivamente não seria o contrário.
Três batidas rápidas na porta.
Era a bruxa Margareth, com uma cara que me chamava abertamente de “prostituta” . Vê-la era como ter uma visão de Satã, minto, era ainda pior.
— Rocxanie, você não pode namorar na escola. Vai receber uma detenção por isso.
Irritei-me com aquela maldita centésima suscitação desonesta.
— Quem está namorando aqui? — Me ergui e falei alto.
— Não quero desculpas mocinha. — disse com uma voz nojenta.
— Eu não estou me desculpando, acaso seja surda. Pro inferno com seus regulamentos que só servem para uma única pessoa nessa porra de colégio!
Peguei minha mochila e deixei aquela bruxa falando atrás de mim, Anthony tentou me seguir, o que só agravou as coisas.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— E você me deixa em paz, cresça e pare de ser um boyzinho! Depois venha me procurar.
Corri velozmente para a secretária da escola, já que eu sabia que eram os únicos portões abertos, estava com lágrimas nos olhos, me sentindo injustiçada pela milésima vez. O segurança de nome Arthur tentou me barrar, mas ele precisava fazer muito abdominal antes de poder pensar em me impedir. Corri mais ainda. Atravessei o quarteirão e me sentei no ponto de ônibus. Encolhi-me e chorei tudo que eu podia.
Respirei fundo e fui para casa.
Driblei as questões a propósito do horário que minha mãe me importunou. E subi direto para o meu jazigo. Meu quarto.
Aquele dia foi turvo. Muito turvo.
Almocei. Escutei música. Dormi. Acordei. Tentei estudar. Olhei o céu. Chateei-me.
À noite eu deitei na cama e abracei meus joelhos, balancei-me pra frente e pra trás, enquanto me rendia ao cansaço e aos olhos inchados.
Aquela noite eu demorei a adormecer como em tantas outras, mas não sonhei. Não havia conforto em não sonhar, mas ao menos eu não sofreria mais com a dor de sonhos cálidos. Foi calmo e triste.
Quando acordei o sol não tinha nascido por completo, esfreguei meus olhos e me virei para o criado-mudo. Havia um envelope branco. Eu o peguei e li na sombra do meu quarto. Estava escrito com letras vermelhas. Parecia pintura.
Para a senhorita Rocxanie Morgan
Eu virei o envelope ao contrário, mas nem sinal de quem a tinha enviado.
Apressei-me em abrir a janela para poder ver com claridade. Depois abri o envelope e me surpreendi. Era uma carta, não parecia ter sido escrita à mão, não mesmo, tinha uma ótima caligrafia redigida com uma forte tinta vermelha, fora escrita a pouco tempo, pois a tinta ainda parecia escorrer pelas bordas do papel. E o papel que tinha sido rabiscado parecia ter uma consistência diferente de tudo que eu já tinha visto, ou tocado, parecia antigo – papiro.
Eu li.
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