Clan Of Vampires - The Letter

11 Café Memorias


Lucas estacionou o carro aos fundos do Café Memórias, no centro da cidade. O que foi ótimo pra mim, já que de qualquer forma, eu estava com planos de me mandar dali o mais rápido possível. Determinada a nunca mais lhe dirigir a palavra, a olhá-lo ou qualquer gesto humano. Eu abri a porta do carro e bati com tanta brutalidade que achei tê-la partido em pedaços, infelizmente não aconteceu. Minhas bochechas queimaram de tanta cólera, e eu quis choramingar. Não por medo, ou por uma asneira qualquer, e sim por pura inimizade e desengano a respeito de Lucas Oliver.

Eu caminhei apressada contornando os outros carros, em direção a abertura principal do estacionamento. O mesmo ficava em uma imensa ladeira em orla. Deixei Lucas para trás. Entretanto, é certo que ele não era do tipo de guri, que ficava para trás por muito tempo. Ele se apressou e em um piscar de olhos, ele estava junto a mim. Pisando macio. Os olhos dele me observaram de soslaio. Eu o fitei com ira contida, e seu rosto permanecia descorado como de costume. Nenhuma novidade.

— Posso te pagar um lanche? — perguntou ele com uma voz flexível. Quase branda.

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— Puff...Lanche? — murmurei
— É. Pão com carne de minhoca - Coca Cola - Sprit - Batatas fritas murchas?
— Pode descer até o inferno — parei, cruzando os braços. — E ver se ele se encontra congelado?

— Claro, que não posso. — disse ele com seriedade.
— Por que não? Parece tão a sua cara! – cuspi a afronta.

— Bom, sua proposta é impossível, enquanto a minha é simples. Basta me acompanhar e descer até o Memórias, comemos, baixamos as armas e ficamos amistosos de novo. Não lhe parece uma boa idéia?

— Você só pode ser um pirado! — disse desandando a caminhar.

Eu me movi o mais logo possível. Ele manteve-se ao meu andamento. Percebi que um suspiro foi liberado de seus lábios, enquanto os olhos de erva-azul se reviravam.

— Vamos Annie, eu prometo ser um bom menino. Vou me comportar.

— Vá se ferrar!

Dei mais alguns passos, e senti uma pontada forte no estômago.
Depois outra e outra. Desci a ladeira e marchei para o lado esquerdo, entrei na lanchonete Memórias, somente por tendência natural. Afinal eu não podia discordar muito. Lucas veio atrás de mim.

Ele pareceu meio impressionado com o meu movimento repentino, de modo que ponderou que eu jamais iria ceder. E estava correto, eu não ia mesmo, apenas estava com fome. E a maldita gastrite era sempre pontual, se eu não comesse naquele exato momento, iria passar o dia mal.

Procurei uma mesa nos fundos – amava a minha privacidade. E como alguns costumavam falar a meu respeito, eu tinha que confessar, não gostava muito de lengalenga com gente, fosse quem fosse. Deveras anti-social. Quando finalmente achei a mesa, acomodei-me. Peguei minha mochila e abri, somente para me certificar de que eu tinha alguns trocados. Eu tinha dez reais. – guardados desde o ano retrasado. Eu não gastava, somente com o essencial ou em casos extremos de ataques furiosos de gastrite. Sorte a minha.