Entrei no carro dele e partimos. Lucas mantinha um sorrisinho sinistro nos lábios amortecidos, um riso demorado e bem-sucedido. Quis mandá-lo ao inferno por isto – mas me sustentei calada. Meu coração martelava uma infeliz balada – era meu lado amoroso, me culpando e me alcançando.

Anthony deveria estar uma fera comigo, e o pior é que ele tinha total e completa causa para tal, ele estava me odiando e não era o único.
Olhei o cenário gélido que seguia na rua, e com cara de poucos amigos encostei a cabeça na janela do automóvel, a garoa desolava a rolar pelo vidro, cada vez mais forte e impaciente. Lucas ligou o rádio do carro, e o clima foi infestado por uma música legal – Rock antigo dos bons. Minha expressão deve ter ficado melhor, ou menos amarga, pois em seguida ele fez uma tentativa de puxar papo comigo.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Annie, você parece mais flamejante. Devia desamarrar a cara e tentar isto mais vezes. Fica melhor quando você sorri.


— Lucas, você tem idéia do que você aprontou? - fitei-o séria.


— O que eu fiz? – fingiu-se de puro.

— Não sou nenhum anjo, porcaria! O que você pretendia? Acabar com o meu namoro de tantos anos? E você viu a expressão do Tony, nem sei se ele vai querer falar comigo.


— Deixe-me fazer-te uma pergunta, querida? – Eu consenti – Por que você veio comigo, mesmo em tais condições... Quer dizer eu não a forcei, apenas solicitei. E por
que tanta importância ao que este moleque quer. Você não sabe que não pode amar os arquiinimigos?

— Lucas Oliver! Cala boca! E que papo sinistro é este de arquiinimigo? Em uma coisa você tem razão, onde eu estava com a cabeça quando aceitei o apelo de um cara como você, NE?! Não se preocupe, irá ser a primeira e ultima vez.

Ele não disse nada, ficou apenas me olhando, esperando eu continuar.

— Sabe, qual é o seu problema, cara?

— Hãn, tudo bem... — disse com calma — Não vamos mais tocar no nome dele. Contudo, eu não entendi uma coisa, e por mais que eu me esforce é inútil.


Eu olhei para ele sem a mínima vontade, revirei meus olhos com total estafa e nesse momento percebi que sua expressão era de muita ponderação.

— Annie...Eu queria tanto saber o que você enxerga nele?
— Enxergo tudo nele. – respondi sem ambição.
— Convença-me. – desafiou-me.

— Oh. — Arfei
— Diga — provocou —ele é o cara mais quente que já existiu pra você?
— Qual é o seu problema? Mais uma provocação barata, e eu quebro a sua cara.
— Ah. É verdade, ele te ensinou a lutar como o Bruce Lee – disse com crítica mordaz.
— Quem você pensa que é? — disse com uma careta.
— Sou o cara que vai mudar a sua vida, Annie. – disse com tanta pretensão que eu senti repulsa.