A Fênix da Água

A Conversa Com Poseidon


O Deus dos Mares vistia uma bermuda surrada, uma blusa de estampa de coqueiros mais fora de moda que a de onça de Dionísio e sandálias de dedos.

– Poseidon.– Falei, cética. Sem um pingo de compaixão.

– Olá, Selena.– Disse Poseidon, a voz inexpressiva.– Posso conversar com você?

Levantei-me de nariz em pé.

– Claro. Por que não? – Perguntei, a voz tingida de desprezo e desdém. Me recusava a chamá-lo de pai.

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Poseidon não disse nada enquanto eu me levantava com meu manto negro típico de uma bruxa esvoaçava pelo cômodo.

Nós andamos pelo corredor e Poseidon esperou educadamente enquanto eu voltava para a forma de sereia.

Enquanto caminhávamos pelo corredor ele disse:

– Primeiramente, queria dar meus pêsames sobre a sua mãe.

– Você fala como se desse a mínima para esse assunto.

Ele ignorou a petulância em minha resposta.

– Eu dei uma escolha para sua mãe. Quero dá-la a você também. Depois dessa missão , claro. Como bruxa e meio-sangue filha de um dos Grandes você é muito poderosa.

– Viver como uma sereia em seu reino e desistir de tudo o que ela poderia ser? Desistir do que ela era? Ela nunca escolheria isso. Nem eu também.

Nós dois paramos para nos olhar nos olhos. Eu não conseguia entender direito o que ele estava sentindo, como quem olha para o mar, tão imprevisível como ele.

– Sei que acha que eu a abandonei, Selena. Mas eu a amava, também. Muito.

Um pouco de minha raiva se suavizou. Eu sabia que não amar Miranda era difícil. Todos a chamavam de Lorenna, mas eu gostava mais de Miranda. Minha mãe sempre disse que sempre achou esse nome muito mais mágico. Sorri com esse pensamento.

– Ela era encantadora.

– Sei disso. E também sei que você está deixando Percy ainda mais feliz. Agradeço por isso. Eu disse a Percy, quando ele veio ao Olimpo pela primeira vez, que a mãe dele era uma rainha entre as mulheres normais, e que nunca havia conseguido encontrar uma mulher mortal igual a ela em mil anos. Não vou retirar o que disse. Mas tenho que acrescentar uma coisa. – Um sorriso brincou nos lábios do deus do mar.– Sua mãe era uma bruxa, não mortal.

Involuntariamente, também sorri.

– Ela foi melhor mãe do que a melhor mãe que eu poderia ter a audácia de pedir.

Vi um sorriso triste na boca de Poseidon e senti que na minha também.

– Tenho uma coisa para você,Selena.

– Não precisa me dar nada.

– Preciso sim.

Poseidon tirou sabe-se-lá-de-onde um livro dourado.

– Sua mãe fez um diário e o encantou para que fosse preenchido com cada pensamento dela sem precisar que ela o escrevesse. Ela disse que quando chegasse a hora certa era para dá-lo a você.

Ele me deu o livro. Se existia algum ódio entre mim e Poseidon antes, agora ele se esvaiu por completo, levando toda a raiva e a angústia junto. Para Miranda dá-lo a ele, era por que ela realmente o amava. Não podia odiar alguém que Miranda tinha esse grau de amor mesmo que não correspondido.

– Obrigada.

Depois daquilo, eu me sentia mais leve, como se um peso fosse retirado de mim. Ele me fizera poucas perguntas depois disso, ele não falou nada sobre a cena que encontrou quando chegou no cômodo e depois Percy me explicou que foi porque ele já o tinha colocado a par de toda a situação. Depois de dar uns bons socos em Percy, vi que o navio fora consertado e nós partimos novamente m direção ao mar de monstros.