Capítulo 4 - Poção do amor

Capítulo IV - Poção do amor

POV Bella

Eu e Rose seguíamos para a nossa próxima aula que seria com Sirius e Snape. Passados dois meses desde o começo das aulas eu consegui tirar um pouco da atenção suspeita sobre mim. Apesar de que uma certa bruxinha parece prestar atenção em tudo o que eu faço. Mas eu não ligo, já haviam me falado que Hermione era perspicaz.

O fato é que ando puta da cara com Sirius que continua a me olhar com desprezo. E o que eu faço? Ignoro. Mesmo que seus olhares sejam como facadas em meu velho coração de mãe.

Falando em filhos... Rose me deu um cutucão e me apontou minha filha conversando com nada mais nada menos do que o filho de Lucio Malfoy. Ela estava visivelmente se engraçando para ele. A raiva se espalhou pelo meu corpo, mas eu me segurei. A vampira estava tensa ao meu lado.

Segurei minha amiga pelo braço e acelerei o passo para a sala.

Não me levem a mal, não tenho problemas em relação a Nessie namorar. Por mim ela sai com quem ela quiser, mas os Malfoy... De jeito nenhum!

- Bella aquele garoto... - começou Rose preocupada.

- Eu sei loira. - bufei. - Parece que ela gosta de me provocar.

- Ela não parecia estar de traquinagem... E se ela estiver gostando mesmo dele?

- Vai ter que deixar de gostar. - disse séria, porém temia que Rose estivesse certa.

Não se pode mandar no coração e se minha filha está mesmo apaixonada pelo loiro aguado ela estaria destinada a sofrer.

Sentamos uma ao lado da outra em silêncio. Fiquei tão nervosa com a possibilidade que só percebi o tumulto na sala quando escutei o infame do loiro desdenhar.

- Hogwarts agora tem canis para aprisionar os cachorros? Papai saberá disso! Vampiros, lobisomens... O que mais falta?

Notei que Nessie sentara ao meu lado e parecia inerte as palavras do namoradinho.

- Cala a boca Malfoy! - retrucou Harry defendendo Lupin que não parecia se importar com as provocações do loirinho.

Meu velho aluno sorriu levemente para mim que retribuí fracamente, ainda estava preocupada com Nessie.

- Fique longe do Malfoy. - disse seriamente para ela.

Seus olhos verdes se arregalaram e então se estreitaram para mim.

- Por quê?

- Por quê? Posso te dar milhares de motivos Vanessa. - usei seu nome completo para mostrar a seriedade da questão.

Geralmente quando eu falava Vanessa ela não retrucava, mas algo estava errado com a minha filha. Percebi sua feição mudando de raiva e um rosnar baixo sair de sua boca.

- Non avete il diritto di immischiarsi nella mia vita personale! [Não tem o direito de se meter em minha vida pessoa!] - gritou furiosa e por pouco suas presas não ficam a mostra. - Ti odio! Non smettere mai di intromettersi nella mia vita! Lasciami in pace! [Eu odeio você! Nunca para de se meter em minha vida! Me deixa em paz!]

No mesmo instante a sala ficou em silêncio e todos os olhares se direcionaram para nós.

- Nessie? - chamou Rose hesitante. - Porque está gritando?

Ela pareceu se tocar do que estava fazendo e então ficou confusa. Levantei-me preocuada colocando as costas de minha mão em sua testa.

- Está se sentindo bem? O que você tem?

- Non mi toccare! [Não toca em mim!] - gritou ela descontrolada dando um tapa em minha mão.

- Nessie! O que há com você?! - assustou-se Rose se levantando chocada com as atitudes da sobrinha.

- Eu... - olhou para as próprias mãos confusa então ergeu a cabeça com um olhar furioso. - Não interessa!

Ela deixou a sala de boca aberta com suas atitudes. Não era normal Nessie estourar deste jeito se arriscando a se expor. Mas eu tinha idéia do que estava acontecendo.

- O que deu a ela Malfoy? - perguntei sem tirar meus olhos de minha filha que começava a ficar mais branca do que o normal.

Ele não respondeu.

Vanessa começou a cambalear e seus olhos começaram a virar na própria órbita. Minha espinha gelou e eu corri segurá-la. Minha filha desmaiou em meus braços.

Ajoelhei-me a sacudindo tentando acordá-la.

- O que deu a Vanessa?! - escutei Sirius furioso as minhas costas.

Senti o cheiro forte de um perfume em mina filha. Mas não era um perfume qualquer, era uma poção de cheiro doce... Parecia.

- Poção do amor. - disse Rose.

Com seu olfato mais apurado ela pode identificar a substância.

Agora eu entendia as reações de Nessie.

- Idiota! Uma poção do amor nunca funcionará com ela! - grunhi revoltada.

- Porque não? - perguntou o aguado.

Mas não houve chance para resposta Sirius correu até nós, ele sabia o porque. Meu filho pegou-a no colo e levou para a enfermaria. Já eu praticamente voei no imbecil.

- Que poção usou?! - inquiri furiosa segurando-o pelo colarinho. - Fala filho de uma p...

- A com olhos de salamandra. - me cortou com medo de minha mão que já se levantava para enche-lo de pancada.

Soltei-o e segui com Snape praticamente correndo para seu pequeno armário de poções.

Ainda bem que o idiota fez uma poção simples e não teve grandes danos. Uma poção do amor dada a um vampiro surte efeito contrário. Ele passa a odiar todos aqueles que mais ama. Dependendo da poção ele só para quando beber do sangue de seu parceiro amoroso. No caso de Nessie os efeitos foram confusos, pois ora sua parte feiticeira se rendia aos encantos amorosos, ora sua parte vampira se rendia ao ódio por mim.

Bem... Pelo menos eu sei que ela me ama.

Em menos de dez minutos eu já estava aliviada segurando as mãos de minha filha enquanto ela dormia na enfermaria. Sirius estava ali também, ele não podia negar que amava Vanessa. Lembro dele brincando com a minha barriga quando a mesma mal existia.

- Ela sabe que é sua irmã. - disse baixinho para não acordá-la.

- Eu sei... Ela veio falar comigo mês passado.

- Tenta colocar juízo na cabeça dessa menina, ela está se alto destruindo. Não consigo fazê-la ter cuidado. E tenho certeza que ela aceitou tranquilamente o presente de Malfoy. Você sabe do que eles são capazes Sirius, Nessie é muito inocênte para entender a maldade de um coração.

- O que você queria? Ela é sua filha afinal. - lembrou em tom óbvio.

- Eu sei. - murmurei cansada. - Só não quero que ela aprenda da maneira mais dificil... Não quero que ela se transforme no que eu me transformei.

- Nem eu quero isso. - disse ele seco.

Engoli em seco e já ia me retirando quando escutei minha filha acordar.

- Hey anjinho, como se sente? - perguntei preocupada.

- O que aconteceu? - perguntou com a voz rouca.

- Você foi enfeitiçada por Malfoy. - respondeu meu filho.

- Mantenha-se longe dele Nessie. - disse baixo, porém ela pareceu entender a gravidade da situação.

Mas... Vanessa não seria minha filha se não retrucasse como retrucou.

- Eu fico perto de quem eu quiser!

A raiva subiu.

- Pare de me provocar Nessie. Eu já estou puta da cara por causa daquele imbecil! Eu vou mantê-lo longe de você, agora se você for atras dele quem vai sofrer as consequencias será você.

Ela revirou os olhos para mim. Antes que eu pudesse voar naquele pescocinho de vampira mal educada eu dei as costas e saí. Sirius a levaria para seu quarto.

POV Edward

Acordei já passavam das cinco da tarde já era hora de seguir meu turno pelo castelo. Ainda meio sonolento segui pelos corredores. Os alunos ainda andavam de um lado para o outro. A maioria não ligava mais para a minha presença, desde que eu me mantivesse longe, é claro.

Mas eu dei um pulo quando vi o que minha bruxinha estava fazendo.

Sua feição era furiosa enquanto as dos professores e alunos a volta eram assustadas. Pareciam paralisados com o fato dela estar com a varinha na garganta do loiro.

- Eu vou contar para o meu pai. - gaguejou o garoto.

- Ah mas conta! Conta tudinho para o seu pai! Porque eu estou louca para... Argh! Me larga sanguessuga! - berrou minha bruxinha assim que a joguei sobre meu ombro.

Sua varinha caiu ao chão enquanto ela dava socos em minhas costas. Sorri divertido.

- Para a sala do professor Dumbledore. - pediu a professora McGonagol com o ar assustado enquanto Bella proferia os mais diversos xingamentos em italiano, inglês, português...

- Ragazzo cattivo carattere! [garoto mal carater] Codardo! [covarde] Apendiz de jararaca! Prendo te miserabile! [Eu te pego infeliz]

- Se acalma bruxinha. - disse segurando meu riso.

Ela grunhiu mais algumas vezes e desistiu de tentar descer dos meus ombros. Mas os resmungos não pararam até chegarmos a sala do diretor.

Coloquei-a na cadeira e logo atrás de nós Minerva chegou correndinho. Sua expressão era completamente atônita.

- Bella... Precisa controlar melhor seu gênio. - a voz do diretor era séria, porém calma.

- Não dá Dumbledore! Os Malfoy me irritam de tal forma que... Argh! Como ele pode jogá-la contra mim?!

- Como ele poderia saber Bella? Ninguém sabe que Vanessa é uma mestiça. - ponderou calmamente. - Muito menos que ela é sua filha.

Minha bruxinha bufou com ar de quem sabe da veracidade de uma frase, mas simplesmente prefere teimar. Mas como o nome de minha filha foi mencionado eu tive minhas antenas ligadas.

- O que afinal aconteceu? - perguntei.

- Parece que...

- Parece?! - bufou Bella.

Dumbledore suspirou e continuou.

- Malfoy deu uma poção do amor para a sua filha Sr. Cullen. O fato é que ele não sabia que por ela ser mestiça o efeito seria diferente.

Todo o divertimento que eu via na situação sumiu. E agora eu sentia meu corpo tenso.

- Vanessa está bem? - perguntei sério.

- Sim. Ela só precisa descansar um pouco, mas foi retirado todo o resquício de feitiço do seu corpo. - quem me acalmou foi a professora.

- Mas o que aconteceu com ela?

- Ela me agrediu. - respondeu minha bruxinha.

Meus olhos arregalaram.

- Ela o que? - perguntei em um sussurro.

- Leia minha mente Edward. - disse mal-humorada.

Então Bella me mostrou tudo o que aconteceu. Fiquei assustado. Se aquilo acontecia com uma mestiça imagine o que aconteceria com um vampiro.

- Entende a minha raiva agora? - perguntou suspirando, sua raiva havia passado.

- Yeah. - respondi simplesmente.

Minha mente vagou para minha filha, eu precisava vê-la. Saber se ela realmente estava bem. E assim o fiz.

Depois que saí da sala do diretor fui até o salão comunal onde os alunos jantavam. Nessie estava junto de Rose. Minha filha parecia mais pálida que o normal e minha irmã tinha uma expressão preocupada.

- Rose? - chamei em um tom baixo, mas ela me escutaria.

Seu rosto virou em minha direção.

- Como Nessie está?

- Cansada. Mas está bem. - respondeu em grande velocidade.

Os humanos mal perceberam seu mexer de lábios.

- Peça para ela ir até a nossa torre depois do jantar.

- Você é tão mandão.

- Olha quem fala Rosálie! Vá também na torre, por que eu não agüento mais Emmett reclamando que não consegue dormir sem sua ursinha.

- Não enche Edward! - bufou jogando os cabelos e me ignorando.

Nessie que estava conversando com uma de suas amigas bruxas virou o rosto em minha direção e sorriu largamente. Retribui com carinho e preocupação. Ela estava com os olhos cansados como se não caçasse há meses.

Iria sibilar um eu te amo, mas alguns cochichos me chamaram a atenção.

Para variar o assunto era Bella. Os alunos começaram a falar sobre o ocorrido mais cedo assim que minha bruxinha adentrou o salão para jantar. Ela ignorou a todos com sua exclusiva arrogância. Mas seu andar de felino ia em direção ao garoto loiro novamente. Mas que merda, será que ela não escuta ninguém?

Percebi que Alice também reparou e ia na direção de Bella, como eu estava mais próximo cheguei antes. Parei em sua frente com os braços cruzados no peito. Para falar a verdade eu estava me divertindo com a situação.

Minha bruxinha bufou me encarando.

- Pode me dar licença? - perguntou mal-humorada.

Ergui uma sobrancelha.

- Eu não vou bater no loirinho. - assegurou de maneira maliciosa. - Apesar de querer muito. Na verdade quero bater no pai dele... Mas isso não vem ao caso.

- Para a sua mesa bruxinha. - disse sério, porém Bella percebeu o meu divertimento.

- Não me provoque sanguessuga. - seus olhos maliciosos.

Que vontade de beijá-la.

- Eu fosse você acreditava em suas palavras, maninho. - cantarolou Alice saltitante ao meu lado. - "Edward! Não pode beijá-la na frente de todos!" - berrou por pensamento.

Revirei meus olhos.

- E eu fosse você escutava a sua irmã. - provocou Bella.

Aproximei-me de minha bruxinha e falei perto do seu rosto.

- E eu fosse você tentava controlar seus nervos. Nunca vi bruxinha mais temperamental. - ok, eu admito. Estava a seduzindo de propósito.

Bella ficou um tanto tonta com meu hálito e meus olhos, mas então grunhiu batendo o pé.

- Eu não sou temperamental! - gargalhei dando a volta por ela e seguindo em direção a saída, mas não antes de provocá-la.

- Claro que não, minha mãe é que é.

- Sciocco [imbecil] - bufou indo para a sua mesa.

POV Bella

Edward estava pedindo uma lição. Ele sabia que eu estava puta da cara e ainda me provocava.

- O vampiro estava dando em cima de você ou foi impressão minha? - a pergunta me tirou de meus devaneios hostis.

Pisquei rapidamente olhando para as três cabeleiras ruivas a minha frente. Os gemeos Weasley e a caçula. Revirei meus olhos.

- Ele estava me provocando. - bufei. - O idiota não me deixou bater no Malfoy, me levou para a diretoria e ainda fica tirando com a minha cara, ou melhor, com o meu temperamento.

- Para mim ele estava dando em cima de você. Ele é lindo e perigoso. - mandou uma piscadela maliciosa.

- Gina!

- Vou contar para o Harry!

Ela deu de ombros.

- Vampiros são naturalmente belos e obviamente perigosos, não sei o que há de mal em dizer isso.

- Dizer isso não é o problema, o problema é essa sua cara.

- O que tem a minha cara? - perguntou inocente.

Eu tive que rir. Os três conseguiram melhorar meu humor.

- Mas me diz Isabella, porque a poção do amor do Malfoy não deu certo com a Cullen?

- É algo entre italianas? - perguntaram confusos os gemeos.

Eu nunca sabia quem era quem.

- Não tem nada a ver com a nacionalidade. - expliquei. - Na verdade uma poção do amor nunca vai dar certo com Nessie por causa da sua família.

- Vocês são bastante amigas. Já se conheciam da Italia? - perguntou curiosamente Gina.

- Eu a conheço desde que nasceu. - sorri com a lembrança.

Os três estranharam o meu olhar. Limpei a garganta e sorri triste.

- Não somos tão amigas assim.

- Mas a protege com tanto er, intusiasmo.

- Extinto materno. - mandei-lhes uma piscadela.

O assunto terminou e eu tratei de colocar algo no estômago, toda essa agitação me deixou morta de fome.

Fim do Capítulo IV.