A última Cartada

Suspeitas temporariamente suspensas


Mais algum tempo se passou tenso para todos: membros da Ordem da Fenix e comensais da morte andavam um tanto desnorteados pela ausência de informações e ineficácia de suas espionagens. E foi sob essa atmosfera que Sírius foi finalmente convocado para sua reunião particular. Não sabia mais que qualquer outro membro tenha sabido antes de ir se encontrar com Dumbledore. Mas fora a ansiedade em saber notícias dos amigos sumidos, que ele não tinha lembranças do paradeiro, (sua memória e a de Lupin foram novamente apagadas depois do resgate dos casais. Lupin, já tendo sido aprovado pelas investigações já reaverá sua memória, mas Sirius ainda não sabia nada sobre o sumiço dos amigos) o que era amenizado pela integral confiança que tinha no velho bruxo biruta, se mantinha calmo e paciente, sabendo que por bem tudo iria se resolver. Isso foi o que o manteve sóbrio durante todo o interrogatório. Pelo fato inegável de que enquanto fora observado nada de suspeito ou incomum foi constatado contra ele, os tres investigadores decidiram pegar bem mais pesado no interrogatório que foi um dos mais demorados até então. Mas o próprio Sirius, já cansado e louco por notícias dos amigos propôs, para que tudo ficasse esclarecido, demonstrando mais calma e compreensão em relação ao que estava ocorrendo do que realmente tinha dentro de si, que arranjassem pra ele algumas gotas e 'verita serum', e ele tomaria e diria tudo o que eles quisessem. Diante de tão nobre e abnegada atitude, confirmada pela legilimancia poderosa de Dumbledore, todos os presentes na sala constataram enfim que Sirius não tinha realmente nada a esconder ou a temer. E foi com total certeza de sua inocência, e apenas para cumprir rigores que eles mesmos determinaram para o processo investigativo, que eles providenciaram uma chávena de chá forte com as gotas da poção.

Ao contrário, Pedro, que sabia exatamente a finalidade das reuniões particulares, que não dormia sequer uma noite, suando frio de temor e apreensão pela sua hora de bater frente a frente com o temido bruxo das barbas brancas, sabia que seria o próximo. Sirius fora convocado e Pedro pressentia que também seria e teria que ir muito em breve ao encontro de Dumbledore e sua equipe, talvez mesmo no dia seguinte. Enquanto isso se mantinha nos arredores de Hogsmead na expectativa de cercar Sirius tão logo ele saisse do castelo, e também para estar próximo para não se demorar quando a convocação surgisse. Bem verdade que Petigrew aprendera a dissimular bem diante dos companheiros da Ordem da Fênix, tomando até mais confiança em estar junto deles. Passou a visitá-los mais, era melhor para não levantarem mais ainda suspeitas contra ele. E agora que Sirius estava, neste exato momento diante de sua provação, só restava Petigrew. E ele tinha consciência que, se fora difícil dissuadir alguns membros da ordem de suas desconfianças, seria ainda mais difícil se manter acima das suspeitas diante de quem quer que seja que estivesse envolvido nas investigações.

Algo inquietou deveras o nosso Rabicho ao cair da tarde. Sirius não voltou da Reunião. O que acontecera? Teria sido ele considerado culpado e levado diretamente a Azkabam?
Será possível? Que deduziram ter sido ele a delatar tantos segredos da Ordem ao seu irmão? Por um lado seria ótimo, pois as suspeitas contra ele seriam instantaneamente dissolvidas. O que afinal acontecera na famigerada reunião?

Mas em recantos bem mais sombrios do que a decrépita casa onde Pedro residia, um diálogo transcorria irrequieto e tenso.

_Daqui a menos de um mês, Lord, estarão nascendo as duas crianças.

_Precisarei repetir quantas vezes Snape? Os Potter vão morrer. Não acredito que uma criança nascida pura seria capaz de se levantar contra mim. Claro que não me esqueço dos inúmeros traidores de sangue que se uniram àquele velho babaca para tentar me aniquilar, e é uma pena que seus sangues puros tenham que ser derramados. Mas um bebê, a futura geração pura, não me trairá. Até lá todos os sangue puros vão ter se rendido a mim, e os que não o tiverem, vão estar mortos. E suas crianças poderão ser trazidas para receberem a educação apropriada para os sangues-puros, educação que só eu posso dar.

_Sim Lord. Mas a verdade é que nenhum dos dois casais foi localizado até o momento. Acredito que está usando o comensal errado para investigar.

_Ousa me contradizer Severo?

_Não , Lord. Está coberto de razão.

_De mais a mais Severus, as coisas estão caminhando no ritmo que eu desejo que andem. – argumentou o Lord Negro com o máximo de arrogância que pode imprimir na voz, exatamente para disfarçar a insegurança e a descrença no que acabava de dizer - Você sabe que Rabicho estava sob suspeita, e por isso, estamos cuidando do caso dele com mais cautela, para que prove inocência. Quando isso acontecer, ele tem certeza que terá acesso aos Potter e, tão logo isso aconteça me guiará até eles. É um plano infalível.

_Claro, Mestre.

Mais as horas seguiram seu caminho e o tempo de espera expirou. Virou a madrugada e amanheceu, e enfim chegou o dia tão esperado e temido por Pedro. Sua convocação enfim aconteceu e não foi bem como ele imaginara: De surpresa, sem aviso, encontrado sabe Merlin por que meios em seu aposento na sua familiar Casa dos gritos, praticamente arrastado ao 'Cabeça de Javali', onde em um dos quartos seu interrogatório estava marcado para acontecer.

Lá chegando assustou-se. Esperava encontrar aurores, membros do ministério, talvez até representantes de Azkabam. Mas o que encontrara o deixou muito mais tenso. De pé, no meio do aposento transformado em um simples escritório, com uma escrivaninha e algumas cadeiras ainda desocupadas, estavam Dumbledore, McGonaghal e aquele a quem ele mais temia, mais até do que Dumbledore: Alastor Moody.

Num primeiro momento, não pode controlar a histeria que disseminava no seu interior, mas em apenas alguns segundos retomara a frieza e a dissimulação que aprendera a duras penas tendo como professor o próprio Lord Voldemort. Mas não fora tão rápido a ponto de passar despercebido. Moody inaugura os trabalhos com a pergunta que Pedro receava ter suscitado:

_Está nervoso Pedro? Por quê?

Sustentou com esforço toda a calma e frieza que sabia que seriam essenciais para sair intacto daquela enrascada.

_Sim, estou. Por um momento pensei que talvez eu estivesse sendo vítima de alguma trama de... você-sabe-quem. Quando vi vocês me senti mais seguro. Todos sabem que difiro em muito dos nossos companheiros quando o assunto é coragem não é? – e afetando um sorriso amarelo e sem graça percebeu, num insight, que tinha dado a cartada do jogo. Explorar sua conhecida covardia.

Inúmeras e insistentes, até repetitivas perguntas foram feitas por horas ao mirrado rapaz pelos três inquisidores presentes na sala improvisada em um dos quartos da pequena e suja hospedaria.

_E se lhe dermos 'verita serum', Pedro? Você iria realmente responder novamente a todas as perguntas sem alterar uma virgula?

Tentou transparecer segurança, principalmente porque sabia que estava tomando regularmente a poção que o protegeria da 'verita serum'. Portanto esta não faria efeito algum. Mas parece não ter convencido, pois vieram com a poção transparente como água, numa generosa dose e o entregaram nas mãos para que tomasse de própria vontade. Tomou, sentiu a poção conflitar por alguns instantes com o antídoto que já estava em seu organismo, antídoto realmente potente, produzido por Snape, que ganhou a disputa no corpo e na mente do mirrado bruxo ao final e, com total controle de sua mente e sua língua, voltou a mentir, o mais verossimilhantemente que pode.

Felizes, porém um tanto intrigados, deram o veredicto. Petigrew não era o traidor também. Era inocente. E enfim podia saber a verdade e visitar os amigos em seu esconderijo. Tomou a poção que lhe restituiu a memória da passada reunião geral, à qual compareceu atrasado, porque tinha acabado de receber a fogo negro mágico em seu braço esquerdo a marca que tanto almejara e que agora estava protegida pelo feitiço desilusório que o próprio voldemort conjurara em seu braço, e que passara bem ao exame atento dos três bruxos diante dele. Porém não descobriria o paradeiro dos quatro protegidos tão rápido assim. Precisaria esperar uma pessoa, aliás, um casal. Porque o esconderijo dos dois casais estava protegido pelo feitiço Fidélius e o guardião do segredo era ninguém menos do que Ignacius Weasley Potter, pai de Tiago, que chegaria acompanhado por Mizandra Peverrell Wulfrico Potter, mãe de Tiago.

Trinta exaustivos minutos se passaram e enfim, um pouco afoitos devido ao atraso chegam o Sr. e a Sra. Potter, o Sr. e a Sra. Longbotton, o Sr. e a Sra. Evans e o Sr. e a Sra. Charlesmoon, pais de Alice. Todos para visitar os filhos escondidos. E enfim Ignacius cochicha no ouvido de Rabicho a localização do esconderijo, como reza o feitiço, e também como este reza, ele jamais seria capaz de repetir em voz alta, nem mesmo nos retumbares da memória, o que acabara de ouvir da boca daquele homem de simplicidade admirável, porém imponente e sofisticada pela seriedade do semblante. Tão semelhante fisicamente e ao mesmo tempo com a personalidade quase oposta ao do filho, cujo humor se parecia imensamente mais com o da mãe, a Sra. Mizandra Potter.

Partiram em direção a Hogwarts já ao anoitecer. Se utilizaram de várias passagens secretas, até mesmo algumas desconhecidas dos antigos marotos, e saíram em uma parte do castelo que Petigrew desconhecia. Um longo corredor adornado com estatuas que lembravam o estilo grego, que levava a uma única porta de madeira velha e corroída, que ao se abrir revelou um palacete de imensas dimensões, embora decorado com requintada simplicidade. Duas mulheres com imensas barrigas estavam sentadas em cadeiras reclináveis e os dois homens, de pé, demonstravam nos rostos e nos cabelos atrapalhados toda a ansiedade da espera. Ali no meio deles estava Sirius ostentando toda aquela magnificente elegância de sempre e Lupin, um pouco mais afastado próximo à aconchegante lareira.

Se abraçaram, conversaram, contaram novidades, passaram toda a madrugada juntos, mas junto com o amanhecer chegou a hora de ir mais uma vez, pois se não quisessem chamar atenção teriam que comparecer diante da sociedade pela manhã, nos serviços, em suas casas, nas lojas e quitandas bruxas, como se nada tivesse acontecido.

Ao chegar a Hogsmead, todos aparataram, inclusive Rabicho. Mas este último, diretamente para a presença do Lord das Trevas.

_Os vi. Falei com eles. Sei onde eles estão, mas não posso revelar ao Lord. É tão frustr...

_Está me desafiando? Declara descaradamente que vai me trair?_ brada Voldemort já empunhando sua pálida varinha de pena de fênix.

E Petigrew responde o mais alto e rapidamente que pode, para evitar o ‘cruciatus’ que já se esboçava nos lábios do cruel bruxo.

_É um fidélius. E eu não consigo revelar a localização do esconderijo. Mesmo que tentasse ler minha mente para descobrir o feitiço o impediria de encontrar essa memória. Mas posso revelar quem são guardióes do segredo. São os pais de...

E com um toque na marca de Rabicho, sem ao menos querer saber os pais de qual dos quatro bruxos se tratava o Lord Poderoso convoca todos os comensais, que em questão de segundos surgem aparatando diante dele, lotando a sala em que se encontrava da antiga mansão em Little Hangleton, e o encontram já berrando as ordens desconexas.

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_Quero que capturem todos. Aqueles velhos pretenciosos. Os Potter, principalmente, mas também os Longbottom e os Charlesmoon. Poupe-me dos Evans. São trouxas e não teriam magia para se tornar fieis do segredo. Pode mata-los se os vir diante de vocês.