10 Anos de Espera

Capítulo 12


— Deseja o suco de morango de sempre, Bella? – O atendente perguntou e Rosie percebeu que a garota ainda era popular.

— Apenas água.

— E para a senhorita?

— O mesmo.

Não demorou dois minutos e elas tinham sido servida. Assim que foram novamente deixadas a sós, Rosie começou:

— Primeiro, diga-me porque estava ligando para o Edward. – O irmão estava no banho quando recebeu a ligação. Rosie só estava curiosa para saber quem era, mas eis que “Isabella S.” surgiu no visor. Era muita tentação para que ela deixasse passar. Mesmo com os pedidos do namorado, atendeu e marcou aquele encontro.

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— É um assunto nosso. – Tentou manter a dignidade. Rosie começou a achá-la divertida. Era assim que o Edward se sentia? Bebeu da água gelada e se sentiu refrescar.

— Não existe isso de “assunto nosso” entre você e o meu irmãozinho. – Bella recordou que Rosalie chamava Edward assim desde sempre.

— Só porque não sabe, não quer dizer que não exista.

— Eu sei tudo sobre ele. TU-DO. – Eles eram realmente gêmeos. Embora não fosse gêmeos idênticos, ainda assim compartilhavam muito da maneira de agir, talvez mesmo a de pensar. – Não gosto de nada o que sei relacionado a você.

— Por isso interceptou a chamada para ele e me fez vir aqui? O próximo passo é me ameaçar e me dizer para não mais procurá-lo? – Bella não queria ser a fraca, não com a Rosalie. Elas tinham o mesmo estilo de vida antes, os mesmos níveis e talvez percepções pelas experiências parecidas. Rosalie tinha mais afinidade com ela do que Edward.

— Estou extremamente disposta a isso, mas vai depender muito do que tem a me dizer. – Sorriu novamente de modo inteligente o que arrepiou todos os pelos dos braços de Bella.

— Não tenho o que dizer para você, por isso liguei para o número do seu irmão.

— Você vai continuar agindo como se tivesse razão na história toda? Ainda acha que ele é um bobo? Não era assim que o seu grupinho o chamava?

— Talvez eu tenha sido a boba de vir aqui.

— Nós fazíamos parte dos grupos populares da escola. Eu no meu grupo e você no seu. Respeitávamos um ao outro, isso era ótimo, manteve a paz. Mas o seu grupo não respeitava os nerds e deslocados. Quando Edward começou a se interessar por você, fui totalmente contra, mas ele já estava apaixonado. Vocês se aproximaram e eu tentei aceitar, afinal, embora andasse com aqueles babacas, nunca tinha visto você falar, agir ou incentivar algumas atitudes idiotas deles.

— Eu sei disso tudo.

— Sabia também sobre o Alec... Desde o inicio, que ele gostava de você? – Bella sentiu a sua pulsação nos ouvidos. Sabia aquela conversa a arrastaria para a lama da verdade que tinha sido aquela época. – Ele é estranho, o Alec. Embora também fizesse parte do seu grupo, parecia não se importar com isso. E o meu irmãozinho, embora tímido, conseguia estranhamente se aproximar de pessoas diferentes dele. Foi assim com o Alec primeiro e depois com você. – Foi por ver o Alec com o garoto diferente e tímido que começou a notar nele e começou a se interessar por Edward. Sabia o nome dele sem mesmo serem apresentados. – Você só pareciam diferentes, na verdade, eram sim diferentes, pois eram piores.

— Só seja direta e me diga o que quer comigo. – Bella estava trêmula, sentia a acusação como uma verdade queimando as suas entranhas.

— Você traiu o Edward com o Alec, assim como diziam os boatos? – Zonzeira, ela sentiu aquilo forte. – Meu irmãozinho acha que o seu verdadeiro amor na verdade foi o Alec, que você apenas se distraiu com ele.

— Se eu for falar sobre isso, devo falar com o Edward e não com outra pessoa.

— Eu sei que traiu, embora talvez não da maneira que foi dito. Explique para ele, conte a verdade de uma vez. Se quer paz, algum tipo de remissão, sente com ele e fale tudo, mesmo que ele grite e quebre tudo ao redor. – Bella estava inquieta na cadeira, bebeu toda a sua água de uma vez.

— Mesmo que eu fale sobre o nosso namoro, já se passaram muitos anos, não faz mais sentido.

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— Se não faz mais sentido, não deveria estar procurando por ele. Deveria manter distancia de alguém que anunciou vingança. – Era verdade, mas Bella precisava falar com ele. Bella passou as mãos pelos cabelos, bagunçando-os. – Eu tinha razão, nenhum dos dois superou. Você precisa encontrar o caminho do arrependimento da mesma forma que ele precisa perdoar, mas ele não conseguirá sem desforra. – Bella engoliu em seco e cruzou os braços a sua frente, como se aquilo a protegesse um pouco dos ataques de Rosalie. - Pense bem, Edward sabia de vocês dois, tinha a uma suposta prova, mas esperou ouvir de você. Mesmo você não dando a sua versão, ainda assim no momento do incidente, ele protegeu você. Imagine como o coração dele ficou. Talvez você precise apenas sentir algo parecido, Isabella. – Rosie suspirou, ergueu-se, estava elegantemente olhando de cima a baixo para Bella sentada na cadeira. – Não se aproxime dele a não ser para falar a verdade.

Bella viu quando ela foi pagar a conta e percebeu que tinha sido obrigada pelos irmãos a voltar aquela época a qual esforçou-se tanto a manter longe de sua mente. Foi envolvida por um amor adolescente e o vivenciou com todo o seu coração, mas também o estragou completamente. Se parasse para reviver tudo, Edward seria uma doce e bela lembrança. Também era uma lembrança dolorosa.

— Porque não pediu para que eu fosse até a loja de conveniência? – Edward perguntou assim que a irmã retornou. Rosie havia pedido para Emmett dizer que ela precisou ir a loja.

— Gosto de eu mesma comprar meus absorventes. Obrigada, irmãozinho. – Rosie mostrou o saco em suas mãos, álibi que quase foi esquecido na última hora.

— Tudo bem. – Edward notou algo estranho, mas deixou passar.

***

— Olá, Srª Renée. – Alice abraçou a mãe de Bella como fazia sempre. – Como vai?

— Estou bem, Alice. E você, como anda?

— Está indo tudo bem. – Alice estava entrando, mas não sentou. – Bella já está pronta?

— Sim. – Ela não deixou a mãe responder. De supetão saiu do quarto com um lindo vestido soltinho e tênis.

— Está parecendo uma menininha. – Diferente dela, Alice usava uma blusa branca soltinha de poá que mantinha por dentro de uma saia preta um tanto roda e saltos altos.

— Vamos caminhar o dia todo, não quero maltratar os meus pés. – Justificou-se e recebeu como resposta uma Alice rolando os olhos zombeteiramente.

— Vamos.

— Passarei o dia fora, não espere por mim. – Avisou sem nem mesmo olhar para a mãe e saiu sem esperar pela amiga que se despedida de sua mãe respeitosamente e um tanto sem jeito.

— Então está dando o tratamento de gelo para a sua mãe? – Alice a alcançou.

— Não sinto vontade nenhuma de encará-la. De qualquer modo, é como se eu olhasse no espelho e não gosto do que vejo.

— Bella, você está magoada, tudo bem se sentir assim.

— Não é só isso, Alie. – Afastando os pensamentos que facilmente voltavam a sua mente, sacudindo os cabelos, pois a mente no lugar. – Vamos fazer isso depois, essa conversa, pode ser depois.

— Sim, claro.

Entraram no carro do pai de Alice que havia pedido emprestado antecipadamente.

— Devemos comprar um carro, Bella.

— Compre você e me dê caronas. Nunca fui muito boa em direção. – As lembranças de um Edward mais jovem lhe ensinando a arte de dirigir voltou e ela ficou introspectiva durante a ida a partir desse momento.

Elas foram a um grande shopping e começaram a busca do look perfeito para a festa de encontro de ex alunos. Bella não se sentia no clima, mas depois de caminhar e ouvir frases tão animadas da amiga, relaxou e começou a curtir.

Foi quando sentaram para almoçar que Bella começou a desabafar. A medida que contava sobre descobrir por seus pais que Chelsea havia os subornado para que ela acusasse Edward, Bella permiti que lágrimas escorressem por seus olhos. Contou sobre as conversas com Edward, de como parecia que ele estava cada vez mais enojado com ela. Falou como aquilo tudo estava afetando o seu relacionamento com Alec, como ela não conseguia se sentir a vontade.

— Mas porque está tão incomodada? Talvez por estar namorando o ex amigo dele a quem ele foi acusado de agredir e que a mãe subornou os seus para incriminá-lo. – Bella cobriu o rosto com as mãos.

— Isso deveria ser mais do que suficiente. – Mas não era, havia mais.

O efeito de desabafar, pelo menos uma parte da história, a deixou mais aliviada. Comprar coisas bonitas também teve o seu efeito positivo. Seguiram para casa e Alice pegou um caminho que passava em frente ao escritório delas. Era final de tarde e uma luz estava acessa onde trabalhavam.

— Pare por um momento, Alie. – Bella pediu estranhando. Era sábado, as vezes Alec e até mesmo elas trabalhavam, mas na parte da manhã e não aquela hora quase noite. Discou o número de Alec para confirmar se era ele. – Oi.

— Oi! Tudo bem? – Alec parecia sem jeito e falava baixo.

— Tudo bem. Onde você está?

— Ah, estou em casa descansando. – Respondeu. – Porque? Precisa de algo?

— Ah, não é nada.

— Quer... quer sair hoje? Pensei que estivesse com a Alice.

— E estou. Não foi nada. Depois nos falamos. – Bella apressou-se e desligou. – Não é ele. Fique aqui e esteja pronta para ligar para a polícia. Vou dar uma olhada, talvez tenhamos esquecido a lâmpada ligada.

— Bella, não seja boba de ir lá... – Mas a amiga já estava saindo do carro e correndo em direção ao prédio.

Bella girou a maçaneta e abriu a porta que estava destrancada. Era um sinal de que algo estava estranho. Não só as lâmpadas estavam acessas como a porta estava aberta. Talvez arrombada, mas não percebeu sinais de arrombamento nela. Ouviu vozes e se esgueirando caminhou até a porta da sala de Alec.

— Ah, eu gostei muito Alec. – Ouviu o riso feminino e o riso conhecido de Alec. – Tudo bem, está decido, será esse apartamento.

— Perfeito, vai amá-lo. Podemos ir na segunda conhecê-lo.

— Não podemos ir hoje? – Bella notou uma intenção oculta na pergunta. Com os olhos vincados tentava entender que diabos estava acontecendo.

— Não sei... O horário...

— É um problema? – Bella não aguentou, apenas escancarou a porta e olhou para os dois.

Estávamos os dois surpresos, mas Alec pareceu perder a cor do rosto gradativamente. E a mulher, Bella a reconheceu imediatamente. Os cabelos ruivos eram únicos.

— Bella?!

— Pensei que estivesse em casa. – Disse cinicamente olhando de um para o outro.

— Eu...

— O que? – Bella perguntou como um desafio. Queria saber o que ele falaria.

— Um momento. – Pediu para a ruiva e saiu a levando junto. – Eu...

— Você mentiu! – Acusou.

— Eu pensei que não gostaria de saber que estava aqui com uma cliente.

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— Eu não gostei da sua mentira. O que deu em você? O que estava pensando? – Bella parecia irritada o que o deixou nervoso.

— Eu tive medo de que não entendesse.

— Se mentiu sobre isso era porque estava mesmo querendo alguma coisa com ela! – Bella apontou para dentro da sala.

— Não, Bella.

— Não há razão para ter mentido para mim se se tratava de uma cliente. Num sábado, final de tarde e você, você a atendendo pessoalmente?

— Foi de última hora. – Bella não acreditou e só se irritava ainda mais.

— Então termine de atendê-la.

— Bella! – Alec a segurou e Bella puxou a sua mão da dele.

— Deixe-me. – Disse baixo, mas com toda a intensidade de seus sentimentos.

Voltando para o carro com uma grande carranca, Bella entrou no carro batendo a porta com força.

— O que... Que cara é essa?

— Era o Alec. – Disse zangada.

— Era?

— Com uma mulher.

— O que? – O tom de voz de Bella sugeria exatamente o que ela quis dizer. – O que?! – Quase gritou ao seu lado.

— Vamos embora daqui. – Um pouco atrapalhada, arrancou para longe.

Bella fervia enquanto falada detalhe por detalhe do que presenciou e percebeu da situação. Alec estava interessado naquela garota.

— Espere... – De repente aquele detalhe foi notado novamente. – Eu já tinha visto aquela mulher antes, saindo da casa do Edward. Eu não.. Será que...

— Está achando que o Edward armou para que o Alec fosse pego traindo?

— Edward está realmente empenhado em destruir todas as esferas da minha vida. – Falou sem raiva, mas com muita amargura.

— Bella, mesmo que ele tenha armado, Alec só seria pego traindo se ele quisesse. Não tinha como obrigá-lo.

— Eu sei, eu sei, eu sei. – Alice se calou com o descontrole da amiga.

— Não foi uma traição.

— Porque eu cheguei. Não ouviu o que eu disse? – Não entendia porque Alice se fazia de desentendida. Talvez a amiga só quisesse tranquilizá-la, mas não estava funcionando.

— Pessoas flertam, Bella. Talvez ele só estivesse flertando, ajudaria na venda. Não quer dizer que ele realmente ficaria com ela.

— Pára. – Pediu, pois a sua confiança estava abalada.

Não queria encarar a Renée estando tão abalada, mas Bella subiu até o seu apartamento. Sentindo que carregava sacos e mais sacos de areia amarrados ao seu corpo, ela quase se arrastava. Abriu a porta e por um momento esperou a presença da mãe. Suspirou agradecida ao ver que não estava. Simplesmente foi até a sua cama e afundou, todos os seus músculos responderam furiosamente e a sua cabeça doeu. Bella se encolheu em posição fetal e permaneceu quieta.

Sentindo o celular vibrar em sua bolsa, tateou desencorajada até alcançá-lo. Desligou-o sem ao menos ver quem a chamava. O que menos queria era interação, era ouvir ou falar, nem mesmo queria ouvir a si mesma. Voltou-se a quietar-se o máximo que pôde e estranhamente os seus últimos pensamentos antes de adormecer, eram sobre o Edward e o tempo em que namoraram, tinha sido bom.

Despertou assustada com um barulho, sua cabeça ainda doía, o que era terrível. Com a visão embaçada, um pouco por ter acordado aquele momento e um pouco por causa da dor de cabeça, Bella sentou-se na cama e olhou em volta.

Novamente não percebeu a presença de Renée e alguém continuava insistentemente apertando a campainha. Era irritante e algum vizinho logo se estressaria. Com muito mau-humor caminhou até a porta e abriu para um homem que entrou como um furação sem ao menos esperar que ela desse passagem. Bella lentamente olhou para ele, manteve a porta entreaberta como um sinal de que não estava afim naquele momento.

— Estou te ligando a duas horas! – Soou exigente e Bella estalou a língua sentindo um gosto amargo.

— O que você quer?

— Quero conversar, já que saiu parecendo entender tudo de maneira errada. – Ele estava jogando a culpa nela?

— Você já me explicou. Uma cliente, algo inesperado e em cima da hora. – Alec estreitou os olhos para Bella sem gostar do que viu e ouviu.

— Não faça isso, não combina com você agir cinicamente.

— Combina muito.

— Chega, Bella. Não havia interesse real. – Bella estava irritada e só de ouvir qualquer explicação a sua mente parecia estalar.

— Ah... Mas estava mesmo flertando e iria até um apartamento vazio com essa mulher.

— Mas não fui.

— Porque eu cheguei. – Bella acreditava realmente naquilo.

— O que está acontecendo? Você costumava acreditar em mim.

— Talvez tenha sido outro erro. – Alec estava realmente chocado. Só sobreviveu a tudo desde aquela época por Bella estar sempre ao seu lado, confiando nele e o apoiando, mesmo quando não era sem por cento verdadeiro.

— Esta cometendo um erro agora, porque digo a verdade. – Tentou mais uma vez o papel de vitima e de magoado. Bella não cedeu como das outras vezes. – Está... Está perdendo o interesse em mim porque o seu ex namorado voltou? – Ele teve que perguntar mesmo temendo a resposta. Pareceu ciumento e estava com muito ciúmes mesmo.

— Não venha me acusar, foi você que estava prestes a se esfregar em uma vadia. – Disse com uma ira que nunca viu direcionada a ele. – Volte pra ela e aproveite. Lambuze-se até não poder mais, faça o que quiser mais me deixe sozinha agora. – Ela estava impassível e não adiantaria nada tentar falar algo, estava óbvio. Alec assentiu e saiu fechando a porta.

Bella titubeou sentindo uma vertigem. Tocou a cabeça tentando afastar a dor. Correu até o banheiro, pegou um comprimido e o engoliu. Foi até a cozinha e bebeu um copo d’àgua. Foi quando viu na porta da geladeira um bilhete escrito pela sua mãe.

“Querida, estou indo passar uns dias com a sua tia novamente. Na segunda feira estarei indo para um apartamento alugado. Sei que precisa de um tempo e é o mínimo que posso te oferecer, além do meu amor. Sinto muito... mamãe.”

— Ah... Ah droga... – E o que ela estava evitando desde que confrontou Alec aconteceu. Grossas lágrimas surgiam sem fim, ela chorou alto e aos soluções, sentindo um grande aperto no peito que quase a sufocava. Aos poucos o choro aliviou, assim como a dor. Ela voltou para o seu quarto, para a cama. Estava sozinha.